De lugares mal-assombrados à cozinha interativa: 5 dicas para conhecer Recife
"HZ" "turistou" pela capital pernambucana e, entre os points visitados, está a urbanizada Ilha de Deus, o tradicional Pátio de São Pedro, até o "Recife Mal-Assombrado"
"HZ" dá cinco dias imperdíveis para turistar em Recife, entre os destaques, um tour mal-assombrado, o Marco Zero, e o Parque das Esculturas Francisco Brennand Crédito: Reprodução
Convidado da ABAV Expo 2022, maior feira de turismo do país e uma das maiores da América Latina, realizado em setembro, "HZ" aproveitou para "turistar" por Recife, sede do evento.
Recife, a capital de Pernambuco, se firma como uma das cidades mais "quentes" do país na hora de escolher um destino para viajar. Tudo graças à diversidade de suas atrações, o clima ensolarado e praias aconchegantes - com o delicioso mar de cor pérola - e uma gastronomia que possibilita o chamado "turismo de experiência", o que proporciona maior interação e vivência com a cozinha.
Tanto sucesso se confirma em números. De acordo com a prefeitura do município, o Aeroporto Internacional de Recife foi a porta de entrada e saída de mais de 5 milhões de passageiros de janeiro a julho deste ano, a maioria turistas. A tendência é o fluxo aumentar, especialmente com o município recebendo o selo Cidade Criativa da Unesco, graças a sua diversidade musical, que passeia entre o maracatu, frevo, forró e manguebeat, eternizado por Chico Science.
Antes de cair no frevo (ou será que foi depois?), visitamos cinco atrações turísticas da capital. Saímos um pouco do óbvio, como, por exemplo, com o tour "Recife Mal-Assombrado", projeto que nos leva a visitar espaços "sinistros", ouvindo histórias de assombração que sobreviveram ao passar dos séculos. Há também um passeio pela Ilha de Deus, uma visita a uma comunidade urbanizada que vive do turismo de manguezais, onde se pode até cozinhar uma mariscada. Mais imersivo impossível!
RECIFE MAL-ASSOMBRADO
Assombrações e lendas urbanas garantem sustos no Tour Recife Mal-Assombrado Crédito: Tour Recife Mal-Assombrado/Divulgação
Focando nos contos de forte apelo ao imaginário popular, o tour leva para as ruas e locais fechados, como museus, palácios, casarões, fortes, templos e até igrejas, lendas que perpetuaram no passado e que agora são explanadas pelos próprios personagens que originaram os mistérios. Alguns contos são baseados na literatura de Gilberto Freyre, Carneiro Vilela e Roberto Beltrão, além de relatos jornalísticos e histórias populares. Não existe a mulher de algodão? Ela é uma dessas histórias exploradas pelo passeio.
Entre os destaques do tour, o passeio a pé pelo Recife Antigo, bairro do Poço da Panela ou no sítio histórico de Olinda. Por lá, atores encenam as lendas, com direito a correntes, fantasmas e lobisomens, entre becos e casarões. Há também o "Bustour Assombrado", um passeio em um ônibus para explorar locais, prédios e construções antigas que foram palcos de histórias horripilantes. Podem ser casarões, teatros, museus, monumentos e até cemitérios. Em algumas épocas do ano, acontecem visitas pelos antigos engenhos de cana de açúcar e até por hotéis abandonados. Os preços variam de R$ 30 a R$ 90, em datas e dias alternados. Mais informações podem ser conseguidas no site do passeio. É de arrepiar mesmo, pois você também pode fazer sua festa de aniversário em um local mal-assombrado!
VISITA A ILHA DE DEUS
Localizada no centro de um dos maiores manguezais urbanos do Brasil, a Ilha de Deus começou a ser ocupada nas primeiras décadas do século passado, com a pesca sendo a atividade econômica predominante. Recentemente, o local - áreas de palafitas que foram urbanizadas - se abriu para o Turismo de Base Comunitária, uma forma de levar os visitantes a uma imersão no cotidiano dos moradores da região, em sua maioria pescadores.
Uma visita para a área de risco social urbanizada Ilha de Deus, e cozinhar com a Chef Negralinda, está entre as atrações de Recife Crédito: Reprodução/Facebook @saberviverilhadedeus
O roteiro da visita inclui passeios de catamarã pelo rio e oficinas de gastronomia e artesanato, além de degustar um delicioso almoço no bistrô da Chef Negralinda. Depois de conhecer a história da comunidade, você também terá a oportunidade de cozinhar ao lado da especialista. No cardápio, uma mariscada composta por sururu, camarão e um marisco (conchinha retirada do mangue da região). A experiência imersiva sai pelo preço médio de R$ 180 e pode ser agendada por meio do site da empresa Travessia Passeios. Informações pelo telefone (81) 99919-7887.
PASSEIO DE BIKE POR RECIFE
No passeio de bike por Recife podemos conhecer o exótico Parque das Esculturas Francisco Brennand Crédito: Reprodução/Instagram @ laursatours
Que tal conhecer algumas das belezas de Recife dando um rolê de bike? Pois essa experiência única está entre as atividades mais pedidas pelos turistas que visitam a capital pernambucana. O passeio começa pela zona sul, levando à famosa praia de Boa Viagem (eternizada na voz de Alceu Valença), seguindo pelas praias do Pina e por Brasília Teimosa, vila de pescadores pouco visitada e que ainda resiste à forte pressão do mercado imobiliário. De lá, segue o passeio até o Parque das Esculturas Francisco Brennand, um dos locais mais exóticos e místicos da capital, com um clima "sensorial" inesquecível.
De barquinho, é feita a travessia até a ilha do Recife, primeiro núcleo urbano e marco zero da cidade (Recife Antigo). De bike, ainda rola explorar bairros históricos, praças, prédios, pedalar pelas pontes da Veneza Brasileira, pela rua mais antiga da cidade, a Bom Jesus, onde se encontra a primeira sinagoga das Américas. O passeio de bicicleta, que dura cerca de três horas, ainda circula pela beira do belo Rio Capibaribe, finalizando no Mercado de São José, onde se vende artesanato e são servidos diversos pratos típicos. Ah, sim: ainda rola de passar em frente ao Edifício Aquarius, que foi "personagem" do famoso filme dirigido por Kléber Mendonça, em 2016. O preço é R$ 85 por pessoa (que incluiu a bicicleta). Pode ser agendado no site da empresa responsável pelo passeio.
MARCO ZERO
Ok, ok! É o lugar mais óbvio de se visitar em Recife, mas o passeio por lá é obrigatório! É nessa área, que conta com uma espécie de "mandala cabalística" em seu centro, onde nasceu a cidade em 1537, sendo considerada a mais antiga dentre as capitais do país. A tal mandala, uma obra de arte conhecida como Rosa dos Ventos, foi criada por Cícero Dias em 2000. Na praça do Marco Zero - que, na verdade, se chama Praça Rio Branco -, também conhecemos o Centro de Artesanato da Cidade. No local, encontramos preciosidades, como réplicas das tradicionais carrancas do Rio São Francisco. Há lembranças de R$ 2, como os "espertos" chaverinhos, até embarcações no tamanho original, custando cerca de R$ 30 mil.
O Marco Zero em Recife reúne várias atrações culturais da cidade Crédito: Thales Paiva/Flickr
Na lateral da praça, encontra-se a estátua do Barão do Rio Branco, em bronze, com 2,80m de altura, do escultor Felix Charpentier. Nos períodos de momo, ou seja, no famoso carnaval recifense, a praça funciona como um "quartel general" de vários shows com artistas de todo o país. Na mesma área, podemos conhecer o prédio da Caixa Cultural Recife e o Palácio do Comércio, que conta com visitas guiadas por pessoas caracterizadas, com roupas da época da fundação da cidade. O local também possuiu diversos restaurantes e bares ("HZ" até frequentou um que conta com um duelo de bandas de rock, o Rock & Ribs). De lá, também pode pegar uma balsa - no valor de R$ 10 em média - que atravessa o Rio Capibaribe e leva até o misterioso Parque das Esculturas Francisco Brennand. São mais de 100 peças, entre tartarugas, sereias e pássaros, além da coluna de cristal, que conta com 32 metros de altura.
PÁTIO DE SÃO PEDRO
No Pátio de São Pedro, em Recife, podemos ter várias experiências culturais e gastronômicas Crédito: Inaldo Lins/Prefeitura de Recife
Um dos pontos mais bonitos e alto astral da capital pernambucana (o clima de alegria realmente é contagiante). Trata-se de uma praça do século 18, no Bairro São José, que conta com uma catedral de arquitetura barroca, a São Pedro dos Clérigos. É cercada de casas coloniais, com museus, bares e centros culturais. É reduto do Memorial Chico Science (segunda a sexta, das 9h às 17h, entrada franca), com vídeos e a discografia do músico; do Memorial Luiz Gonzaga (segunda a sexta, das 9h às 17h, entrada franca), que homenageia o Rei do Baião; e do Museu de Arte Popular (segunda a sexta, das 9h às 17h, entrada franca), que reúne trabalhos de Mestre Vitalino, um dos maiores artistas da arte do barro no Brasil.
O Pátio de São Pedro também conta com alguns dos melhores e mais tradicionais restaurantes de Recife. O São Pedro, por exemplo, serve o tradicional arroz de caranguejo. Nos arredores, podemos visitar O Buraquinho, muito popular na cidade. Por lá, servem o cozido pernambucano (que leva ossobuco, linguiça, charque, legumes, pirão e arroz). No local, ainda podemos provar a pitoresca galinha cabidela, uma espécie de galinha a molho pardo com sarapatel. Delícias à parte, no Pátio São Pedro podemos dançar a tradicional ciranda de Pernambuco, totalmente de graça, na primeira sexta de cada mês.
* O repórter viajou a Recife a convite da ABAV Expo 2022