Publicado em 28 de outubro de 2024 às 11:37
O governo do Espírito Santo pretende leiloar a concessão de seis parques no segundo semestre de 2025, com o intuito de alavancar o turismo e receber um auxílio da iniciativa privada na conservação desses espaços.
Dentre eles, está o Parque Estadual de Itaúnas, com cerca de 3.200 hectares, que abriga a antiga Vila de Itaúnas, que foi soterrada por dunas nas décadas de 1960 e 1970. Estará na concessão a necessidade de restauração dessa vila.
No momento, existe somente uma casa, chamada Casa do Tamandaré, pertencente ao último morador do local. Ela será restaurada e servirá como um centro para os visitantes, contando a história da vila.
Além dela, serão construídas mais cinco casas, no molde das antigas. Elas serão replicadas para abrigar pontos comerciais, como lojas de artesanato e um café - não servindo para hospedagem ou moradia.
À época em que funcionava, a vila tinha cerca de 300 moradias, uma escola, duas padarias e até uma agência dos Correios. A última família teria saído do local em 1972.
Nas proximidades do rio Itaúnas, também está localizado o hotel Barramar, projetado pelo escritório de Oscar Niemeyer. O espaço está abandonado há cerca de 15 anos e, por conta de sua estrutura, será incorporado ao parque. Ele conta com piscinas, centro de convenções, auditórios. A ideia é que seja utilizado em eventos.
A expectativa é que a iniciativa tenha um impacto econômico médio anual de R$ 1,7 bilhão, contando geração de empregos, renda e PIB. O processo também abriria 10 mil vagas diretas ou indiretas de emprego.
Para os municípios envolvidos, a projeção é arrecadar mais de R$ 600 milhões ao longo dos 35 anos da concessão.
Na zona litorânea do ES, além de Itaúnas, também está localizado o Paulo César Vinha, em Guarapari, que conta com três praias e a lagoa Caraís, chamada carinhosamente de 'lagoa da Coca-Cola' por conta de seu tom escuro.
Os outros parques, localizados no interior do Estado, são o Forno Grande, em Castelo; Pedra Azul, em Domingos Martins; Mata das Flores, em Castelo, e Cachoeira da Fumaça, em Alegre.
Nos parques litorâneos, não haverá cobrança de ingresso. Nos do interior, o valor ainda será definido com a empresa que vencer a concessão dos espaços.
A ideia, porém, recebe resistência. O Sindpúblicos (Sindicato dos Servidores Públicos do Espírito Santo) criou abaixo-assinado em seu site, com quase 8.000 assinaturas, sob o pedido de revogação da lei que permite a concessão, citando a falta de reuniões ou audiências públicas com as comunidades afetadas, bem como a falta de estudo de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental.
Em entrevista à Folha, o secretário estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Felipe Rigoni, afirmou que a resistência é natural e que pretende mostrar às pessoas que, com diálogo, esse será um projeto de crescimento econômico, geração de emprego e renda, além de alavancar o turismo com preservação ambiental.
"É o que costumo dizer: ninguém quer ir num parque degradado. As pessoas vão aos parques porque estão bonitos, bem cuidados, com seus ativos naturais todos preservados. O que vamos fazer com a concessão é ressaltar esses ativos, dando a estrutura adequada para os turistas. Vamos fazer isso com muito diálogo com quem está resistente", explicou.
Segundo ele, o acesso aos parques já tem boa estrutura e serão feitos ajustes pelo governo estadual para melhorias nos locais que a estrada possa não estar adequada. Ele acrescentou que moradores das cidades onde os parques estão não pagarão ingresso, assim como beneficiários do CadÚnico. Capixabas terão desconto.
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