O globo do mundo e a pequena imagem de Iemanjá decoram a sala de jantar do veleiro Kat . Os objetos também representam a paixão da família Schurmann pelo planeta e pelo mar. É navegando pelas águas que o casal Vilfredo e Heloisa embarcam para dar a volta ao mundo pela quarta vez a bordo de um veleiro.
A expedição Voz dos Oceanos tem o objetivo de conscientizar as pessoas a respeito do lixo nos mares e buscar soluções no país e no exterior para combater este problema. A viagem, que tem Natura Kaiak entre seus parceiros, visa não apenas aumentar a visibilidade sobre consumo consciente, mas também mostrar ser possível fomentar a cadeia de reciclagem e evitar a produção de mais resíduos, além do impacto do lixo em nossas águas.
Ao realizar três voltas ao mundo nos últimos 37 anos, a família constatou de perto que os oceanos sofrem mudanças severas, já que estão cada vez mais poluídos. "Tudo isso impacta não apenas a vida marinha, mas atinge as populações de modo geral. O tema é tão urgente que a ONU definiu o período de 2021 a 2030 como a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. Acreditamos que, por meio de uma grande corrente mundial do bem, conseguiremos mudar juntos o cenário”, ressalta Vilfredo.
Heloisa Schurmann e Vilfredo Schurmann: prontos para dar mais uma volta ao mundo. Crédito: Vitor Jubini
Na parada em Vitória, eles conheceram o trabalho desenvolvido na Ufes e visitaram as paneleiras de Goiabeiras. "Fizemos a limpeza de algumas praias, visitamos o projeto Baleia Jubarte e também o projeto da Ufes que analisa a questão do microplástico. Além de encontrar amigos que fizemos quando passamos aqui em 1984. Reencontrar os amigos também é uma alegria muito grande nessa viagem", conta Heloisa.
De Vitória, o casal partiu na última quarta-feira (27) para Abrolhos e seguem para Fernando de Noronha, ainda no Brasil, e Caribe, na costa atlântica do México. Eles ainda passam pelo arquipélago das Bermudas, navegando até Galápagos, seguindo pelo Oceano Pacífico Sul até a Polinésia e terminando na Nova Zelândia.
O BARCO
Com uma tripulação a bordo de oito membros, o veleiro passará por 60 locais estratégicos no planeta, incluindo pontos dos mares onde os mais variados itens de plástico se acumulam, vindos de diferentes partes do mundo por meio das correntes marítimas.
"É muito triste saber que tantos animais morrem diariamente ao ingerirem plástico, incluindo tartarugas, baleias e aves marinhas. Afinal de contas, cerca de oito milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos todos os anos"
Heloisa Schurmann
O veleiro é batizado em homenagem à filha do casal, morta em 2006. A menina se chamava Kat e era portadora do vírus HIV desde o seu nascimento.
A embarcação possui seis cabines, duas salas, uma cozinha e três banheiros. "Na hora de escolher o nome precisava ser muito especial para nós. E Kat é uma estrela, nosso farol que nos guia nas nossas navegadas, e isso está muito presente. Tenho a impressão de que, quando estamos navegando, é ela que está nos guiando", conta Heloisa.
Entre os diferenciais da embarcação está a quilha retrátil hidráulica e todas as soluções sustentáveis. O veleiro faz uso de energia limpa (eólica, hídrica e solar) e conta ainda com geradores de baixo consumo e sistema de tratamento de esgoto.
Veleiro Kat da família Schurmann
Para a viagem, foram efetuadas algumas melhorias no veleiro. Entre elas: ampliação da capacidade de geração de energia limpa de 75% a 100%, adoção de baterias de Lithium, mudanças no tratamento de águas com ultravioleta na fase final. Além disso, todo o lixo produzido é devidamente tratado. O barco possui uma composteira para tratar o lixo orgânico e um compactador para armazenar o lixo reciclável. "O nosso desejo é que os ventos sempre tragam boas alegrias. A gente sempre tem que estar com o peito aberto para isso. A alegria te dá energia para realizar mais coisas", finaliza Valfredo.
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