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Publicado em 20 de março de 2023 às 08:00
Nesta segunda-feira (20), começa ‘Amor Perfeito’, nova novela das seis da TV Globo. A trama é dividida em duas fases, entre 1934 e 1942, e se passa na fictícia cidade de Águas de São Jacinto, no interior de Minas Gerais. A novela é livremente inspirada na obra “Marcelino Pão e Vinho”, de José María Sánchez Silva, publicada pela primeira vez no começo dos anos 50.
Através da busca de um filho por sua mãe e de uma mãe por seu filho, esse folhetim tem em suas tramas relações que revelam faces de um amor que se esparrama nos casais apaixonados, entre parceiros de vida, na amizade, na harmonia com a natureza e na vida familiar, resgatando valores humanitários que ajudam a fortalecer a esperança de que dias melhores virão.
E os autores Duca Rachid, Júlio Fischer e Elísio Lopes Jr. falam sobre as emoções e tramas que prometem fazer da cidade fictícia de Águas de São Jacinto um lugar onde o mais sublime dos sentimentos transborda em suas variadas formas. Confira abaixo a entrevista:
Duca - Nosso primeiro desejo foi mesmo falar de amor, não só do amor romântico, mas desse amor fraternal, amor entre pais e filhos. A gente tem várias histórias que falam dessa relação, principalmente porque a gente vai falar muito de mulheres nessa novela, da condição da mulher, que estava submetida a uma legislação muito patriarcal, uma sociedade muito machista, em que as mulheres ainda tinham a responsabilidade da criação dos filhos, a educação ficava a cargo das mulheres. Praticamente só elas se responsabilizavam pelos filhos. A novela parte do melodrama, do folhetim, do conto de fadas, com a história de uma mulher que é presa injustamente, porque cai em uma armadilha da madrasta. Esse é um ponto de partida para falar sobre questões como diversidade, machismo, preconceito, das relações entre mãe e filho, pai e filhos. A própria Marê se vê grávida sem o pai do filho dela, que volta e só depois vai assumir essa paternidade plena, e esse amor também, por ela. A gente tem o caso da Verônica (Ana Cecília Costa), que é a amante do prefeito Anselmo Evaristo ( Paulo Betti) e que cria o filho que teve com esse homem, Júlio (Daniel Rangel) acreditando que o pai está. Tem a Lívia (Lucy Ramos), que não pode ter filhos e adota uma criança, mesmo contra a vontade do marido. Então a gente quer falar muito dessa ausência do pai. Ausência física e afetiva.
Júlio - A mocinha geralmente sofre e fica à mercê de um vilão, de uma vilã. A nossa Marê, por ser uma heroína, se posiciona, se coloca. Desde o primeiríssimo capítulo, ela já se coloca contra o pai, não se submete. Ela tem a iniciativa de estudar na capital, no primeiro curso de Administração e Finanças, que foi aberto em 1934 por Getúlio Vargas, e ela é a única mulher da turma. Ela se coloca depois contra o pai, que não admite o relacionamento dela com o Orlando, por ser um homem negro. E depois ela não vai apenas reagindo ao mal que lhe é feito, mas ela vai plantando o destino dela. É nesse sentido que é uma heroína.
Júlio - A Gilda (Mariana Ximenes) é uma vilã com nuances, sim, tem uma profundidade. É uma vilã muito perversa, mas no decorrer da novela a gente vai percebendo que essa maldade nasce de uma dor profunda, então a gente vai entendendo a raiz desse mal. Não é um estereótipo da maldade pura e simples. Embora a nossa história tenha uma referência de contos de fadas, ela não é uma bruxa, ela é mais que apenas a personificação do mal. A gente vai mergulhando aos poucos na dor dela, e descobrindo o que está na origem desse mal. No decorrer da novela a gente vai mostrando as fragilidades dela, a carência de amor, a infância miserável que ela teve. O Gaspar (Thiago Lacerda) também tem um arco dramático. No começo, ele é manipulado durante um bom tempo, porque ele tem uma moral “ elástica”, que herdou do pai, e uma fixação pela Gilda. Depois, ele vai dar uma virada e vai ganhar um objetivo próprio maior, e vamos vê-lo como que sendo disputado pelo bem e o mal que habitam nele (como em todos nós, aliás). A nossa intenção é explorar essas nuances, tanto do Gaspar como da Gilda, às últimas consequências. Humanizar, humanizar, humanizar.
*Com informações da assessoria da TV Globo
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