Ana Hikari diz que gostaria de ver Flávia e Vanda juntas em 'Quanto Mais Vida'

Se "Quanto Mais Vida" estivesse sendo gravada agora, conforme vai ao ar, Ana Hikari afirma que investiria mais em um possível romance entre Vandinha e Flávia. Atriz conta que público tem demandado mais papéis LGBTQIA+.

  • KARINA MATIAS
Flávia (Valentina Herszage), Ingrid (Nina Tomsic) e Murilo (Jaffar Bambirra)

Flávia (Valentina Herszage), Ingrid (Nina Tomsic) e Murilo (Jaffar Bambirra). Crédito: Fabio Rocha

Poder trabalhar em meio à pandemia foi um privilégio, diz Ana Hikari, 27, a Vanda de "Quanto Mais Vida, Melhor!" (Globo). Mas acompanhar a trama de casa, sem poder interferir em nada, já que o folhetim das 19h entrou no ar com praticamente todos os capítulos gravados tem sido uma "experiência muito maluca", pondera a atriz.

"Na novela a gente está acostumado a receber o retorno do público, e a levar esse retorno um pouco para as cenas. É muito doido, porque ao mesmo tempo que você se sente um pouco de mãos atadas, é divertidíssimo, porque há cenas que eu gravei há mais de um ano e me surpreendo ao ver na TV."

Se "Quanto Mais Vida" estivesse sendo gravada agora, conforme vai ao ar, Ana Hikari afirma que investiria mais em um possível romance entre Vandinha e Flávia, uma das protagonistas da história, interpretada por Valentina Herszage.

"A galera shippou muito a Flávia e a Vanda. Nas primeiras cenas, a Valentina e eu trouxemos muito essa coisa delas estarem flertando para ficar uma relação mais complexa, e não só essa coisa da rivalidade feminina", afirma. "De repente, por que não mudar e mostrar que essa disputa entre elas não pode ser, sei lá, um interesse mútuo?", sugere.

Na visão dela, a competição entre mulheres é algo ultrapassado na teledramaturgia --embora a própria "Quanto Mais Vida, Melhor" mostre um embate em tom de comédia entre Paula (Giovanna Antonelli) e Carmen (Julia Lemmertz).

Ana Hikari lamenta que Valentina e ela não tenham conseguido manter esse flerte entre as personagens ao longo da trama. "Se a gente tivesse no ar agora, eu, com certeza, teria investido mais nisso", diz.

Para a atriz, os espectadores têm demandado mais personagens LGBTQIA+ em produções da TV. "Foi uma coisa que aconteceu naturalmente entre a Valentina e eu. Trouxemos coisas sutis ali da relação delas e o público engajou muito. Acho que teria sido uma oportunidade bacana", afirma. Segundo ela, o próprio diretor Allan Fiterman aventou essa possibilidade.

Se um romance com Flávia está descartado, o que o público pode esperar para a personagem da atriz, que tem se mostrado apaixonada por Murilo (Jaffar Bambirra)? Do casal, ela adianta que só virá sofrimento. "Mas eu tenho notícias boas: a minha Vandinha vai começar a sair desse sofrimento em breve. Acho que semana que vem temos cenas bem diferentes do que a gente está vendo até agora", antecipa.

O autor Mauro Wilson já adiantou em outras entrevistas que a musicista não vai ficar com Murilo, mas com outro personagem.

POLE DANCE E 'AS FIVE'

Fazer parte do elenco de "Quanto Mais Vida, Melhor!" possibilitou que Ana Hikari conhecesse e se apaixonasse pelo pole dance. Inicialmente, Vandinha não teria cenas na modalidade. Foi depois que ela começou a praticar a dança por conta própria, com as outras atrizes da novela, e publicou um vídeo nas redes sociais do resultado, que diretor e autor da novela resolveram incluir a atividade no rol de talentos da personagem.

"É uma atividade física que vou manter para a minha vida, porque é muito gostoso e desenvolve aptidões de dança, de sensualidade, empoderamento e reconhecimento do próprio corpo. Fazia tempo que eu não me encontrava nesse lugar", destaca.

Outro desafio foi cantar. Mesmo fazendo aula de canto desde os 8 anos, Ana Hikari se diz insegura e conta que aumentou as aulas para três vezes por semana antes de começar a gravar o folhetim. "Essa é a minha maneira de lidar com os meus medos. Eu não sei alguma coisa, mas a personagem precisa? Eu vou lá e estudo", relata.

Conhecida por seu trabalho como Tina da bem-sucedida "Malhação: Viva a Diferença" (2017-2018), Ana Hikari se prepara para voltar às gravações da segunda temporada de "As Five", série do Globoplay, que mostra as cinco amigas da extinta novela teen--além de Tina, Keyla (Gabriela Medvedovski), Benê (Daphne Bozaski), Ellen (Heslaine Vieira), Lica (Manoela Aliperti)-- vivendo as alegrias e desafios da vida adulta.

Para a atriz, há dois aspectos que ajudam a explicar o sucesso da série, que é acompanhada por uma legião de fãs, muitos deles fanáticos. Um deles é a identificação que as cinco amigas conseguem gerar com o público. "São personagens verdadeiras e que estão fora dos estereótipos e padrões", diz.

O outro ponto, afirma, é que os temas discutidos são os que as pessoas "querem falar". "Mostra questões de pessoas LGBTQIA+, pessoas com deficiência, que ainda é um assunto extremamente invisibilizado. Tudo isso a série traz", salienta.

Questionada se o público se chocou com os enredos abordados na primeira temporada de "As Five" na comparação com "Malhação", a atriz afirma que foi um "choque positivo" e que a série do Globoplay ocupa um espaço vago entre as produções brasileiras que não retratam esse universo jovem. "Porque a vida do jovem adulto é isso: tem sexo, tem drogas. Se a gente tratasse com pudor essas temáticas, não seria verdadeiro", diz.

Ela afirma receber mensagens de pessoas comentando como é bom ter uma produto brasileiro abordando sexo, vício em pornografia, masturbação feminina. Para a segunda temporada, Ana Hikari avisa que há muitas surpresas.

REDES SOCIAIS E HATERS

Recentemente, a participação de Hikari e das atrizes de "As Five" no Caldeirão com Mion viralizou nas redes sociais após elas gritarem no palco do programa "é 13, é 13". O número era o que elas precisavam para completar 200 pontos no quadro "Tem ou Não Tem" e ganhar R$ 30 mil. Mas na internet muitos associarem ao número do PT, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pré-candidato à Presidência nas eleições de outubro.

No Twitter, Hikari postou: "Eu vou usar esse vídeo até outubro". Questionada sobre o assunto, a atriz dá risada. "Eu estou apaixonada neste ano de 2022 no número 13. É o que eu posso dizer", afirma.

A atriz conta que ficou sabendo que o vídeo foi parar em diversos grupos bolsonaristas e que ela passou a receber ataques nas redes. Diante da situação, a sua reação foi silenciar as suas redes e "viver a vida" para deixar o furacão passar. "Eu fui fazer as minhas coisas, a minha ioga, fui comer um lanche, fui conversar com os amigos, e deixei a vida acontecer ali. Porque não tem o que fazer quando a pessoa não quer dialogar, ela só quer te odiar."

Em geral, contudo, Ana Hikari afirma que gosta de usar a sua visibilidade e alcance de forma positiva. Mesmo afirmando estar exausta com questões que envolvem machismo ou racismo, ela diz "entender o seu lugar" de comunicadora.

"Por isso, toda vez que eu estou passando raiva, eu escolho passar alguma informação para responder a isso", afirma a atriz, que tem 1,1 milhão de seguidores no Instagram e outros 140 mil no Twitter. "É uma oportunidade de ensinar muitas pessoas a não agir dessa maneira racista, machista, homofóbica. Ainda não me afastei das redes, porque vejo o quanto isso pode transformar", salienta.

"Apesar de receber muita mensagem escrota, eu também recebo muitas pessoas dizendo: 'nossa, eu não tinha pensado nisso' ou 'isso é novidade para mim'. Me apego a esse lado positivo", conclui.

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