O rapper Kanye West. Crédito: Reuters/Folhapress
Nesta terça-feira (25), a marca Adidas anunciou que encerrou a parceria com Kanye West após o artistas fazer diversas declarações antissemitas. Com o fim de Yeezy, o rapper deixou de ser bilionário.
A marca lançou um comunicado dizendo que "não tolera antissemitismo e qualquer outro tipo de discurso de ódio. Os comentários e ações recentes de Ye foram inaceitáveis, odiosos e perigosos, e violam os valores da empresa de diversidade e inclusão, respeito mútuo e justiça".
A marca de equipamentos esportivos vinha trabalhando com o Ye desde 2013, e o rapper disse durante participação no podcast Drink Champs que ele podia dizer qualquer coisa. "Posso fazer comentários antissemitas e a Adidas não vai deixar eu ir".
De acordo com a Forbes estadunidense, a Adidas obtém cerca de 4% a 8% de suas vendas de produtos Yeezy, e com o fim da parceria eles terão um prejuízo a curto prazo de 250 milhões de euros, cerca de 1,3 bilhão de reais de acordo com a cotação atual do euro. "A Adidas é a única proprietária de todos os direitos de design de produtos existentes, bem como cores anteriores e novas sob a parceria. Mais informações serão fornecidas como parte do próximo anúncio de ganhos do terceiro trimestre da empresa em 9 de novembro de 2022", completou o comunicado.
Mas, o prejuízo estimado para Ye será ainda maior: US$ 1,5 bilhão, cerca de R$ 7,5 bilhões de seu patrimônio líquido.
Ye recebia uma porcentagem da Adidas semelhantes aos royalties que os músicos recebem por suas canções. Agora sem a Yeezy, o ex-marido de Kim Kardashian, vale só US$ 400 milhões, cerca de R$ 2,12 bilhões.
O restante da fortuna de Ye vem de imóveis, dinheiro, seu catálogo de músicas e uma participação de 5% na marca de roupas de Kim Kardashian, Skims.
O FIM DA YEEZY
A marca de equipamentos esportivos foi a parceria mais importante da carreira profissional de Kanye no segmento de roupas e calçados, que foi anunciada em 2014, pouco tempo depois de anunciar o fim da colaboração com a Nike.
Diante da colaboração com a Adidas, o rapper alcançou o reconhecimento e o status de diretor criativo na indústria da moda. A coleção Yeezy com a Adidas, iniciada em 2016, resultou no lançamento de uma nova categoria na marca de Kanye e virou sucesso em todo o mundo.
Ainda em 2015, primeiro ano oficial da parceria, as vendas da Adidas tiveram aumento em 15% nos Estados Unidos. Em 2020, a estimativa é de que a linha faturou em torno de US$ 1,7 milhão (R$ 9 milhões), enquanto o faturamento total da empresa somou mais de US$ 18 milhões (R$ 95,5 milhões), segundo a Bloomberg.
A empresa disse que espera um impacto de até US$ 246 milhões (R$ 1,3 bilhão) em seu lucro líquido este ano com a mudança.
A colaboração de sucesso, prevista para durar até 2026, já sofria um desgaste quando Kanye afirmou que a Adidas estava usando indevidamente seus designs.
A marca esportiva não é a primeira a cortar laços com o rapper. A agência de talentos CCA o demitiu e o estúdio MRC anunciou ontem que decidiu arquivar um documentário sobre o cantor. Na semana passada, a grife Balenciaga e a marca varejista Gap também informaram o fim do contrato entre eles.
Nos últimos meses, Kanye protagonizou e coleciona diversas polêmicas. Após usar uma camisa com a estampa "White Lives Matter" (Vidas Brancas Importam) em desfile, fazendo referência ao movimento "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam), o ato foi criticado pela editora colaboradora da Vogue, Gabriella Karefa-Johnson. Como resposta, o rapper insultou a profissional e foi acusado de misoginia.
Outro que criticou a postura irônica ao movimento antirracista foi o rapper Diddy. Ao rebater o músico, Kanye foi acusado de antissemitismo envolvendo o povo judaico. No Twitter, o ex-marido de Kim Kardashian compartilhou prints de conversas com Diddy. Em uma delas, ele afirmou que o artista era "controlado por judeus" e atacou a população judaica.
Na manhã desta terça, Kanye publicou uma mensagem para o povo judaico interpretada como uma ameaça pela imprensa internacional. "Eu estou um pouco sonolento hoje, mas quando eu acordar, eu vou [death con 3] no povo judaico", escreveu no Twitter. A expressão em inglês refere-se ao termo militar "defcon" -sistema de escala de ameaças do Pentágono dos Estados Unidos.
"O engraçado é que, na verdade, eu não posso ser antissemita porque as pessoas pretas também são judias. Vocês brincaram comigo e tentaram boicotar qualquer um que tenha se oposto à sua agenda", continuou o músico.
Kanye se pronunciou e se retratou sobre a expressão escrita por ele. "Eu vou dizer que sinto muito pelas pessoas que eu machuquei com a confusão de 'death con'. Eu sinto que eu causei dor e confusão. E eu sinto muito pelas famílias das pessoas que não tinham nada a ver com o trauma que eu passei, e que eu usei a minha plataforma, em que você diz que pessoas feridas machucam outras pessoas, e eu me machuquei".
Após as polêmicas, as suas contas no Twitter e Instagram foram bloqueadas e ele banido das redes sociais.
Em outra polêmica, divulgada pelo TMZ, o rapper teria dito que "ama Hitler e o nazismo". Kanye também sugeriu que a escravidão era uma escolha e chamou a vacina da Covid-19 de "marca da besta".
O rapper também provocou revolta ao dizer que George Floyd não morreu asfixiado. Durante participação no podcast Drink Champs anteontem, Kanye afirmou que a morte foi causada por fentanil (medicamento de uso controlado e normalmente utilizado para a anestesia), encontrado em pequena quantidade no organismo de Floyd, que morreu em 2020, vítima da violência policial dos EUA.
A família de Floyd decidiu por abrir um processo contra o rapper. Os advogados da família homem morto pela polícia estadunidense o acusam de assédio, apropriação indébita, difamação e inflição de sofrimento emocional. Eles pedem US$ 250 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão na cotação atual) em danos causados.
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