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Publicado em 21 de junho de 2023 às 09:34
Adriano Cintra, ex-integrante da banda Cansei de Ser Sexy, estuda a possibilidade de processar Taylor Swift pelas semelhanças entre as faixas "Music Is My Hot Hot Sex", que o grupo lançou em 2005, e "Karma", de "Midnights", último álbum da cantora americana.
Procurados na noite desta segunda-feira, os representantes de Swift no Brasil não se pronunciaram até a publicação desta reportagem.
Cintra conta que começou a receber mensagens quando a música de Swift foi lançada, algumas delas parabenizando pelo que os amigos acreditavam que fosse uma colaboração. O músico, que diz não acompanhar o trabalho da cantora, já teria percebido a semelhança, mas, em suas palavras, ficou com preguiça de ir atrás.
No último domingo (18), voltou a receber comparações entre as faixas e decidiu conversar com seu advogado, Caio Mariano, especialista em propriedade intelectual. Agora, aguarda o laudo pericial de dois maestros para avaliar se vai ou não processar Swift.
"É muito parecido. É inegável que é. É a mesma frase praticamente, tem a mesma rítmica, as notas são muito parecidas, a melodia também. Ela apenas canta como se estivesse 'abrindo a voz', mas é a mesma melodia. Eu achei muito esquisito."
Cintra não conversa mais com as outras integrantes do Cansei de Ser Sexy e não pertence mais ao grupo. Compôs "Music Is My Hot Hot Sex" junto a Lovefoxxx, vocalista da banda, que também assina a composição.
Cintra diz que não pretende tomar nenhuma ação conjunta. "Acho que não há necessidade de entrar em contato. Depois, se ela quiser, ela pode procurar também [entrar com alguma ação]. Eu não preciso do aval dela nem de nada."
A reportagem não conseguiu localizar Lovefoxxx para comentar o caso. Luiza Sá, guitarrista do Cansei de Ser Sexy, disse que também notou semelhanças entre as canções, mas não é taxativa quanto ao suposto plágio nem pretende processar Swift.
"No dia que saiu este disco da Taylor Swift, uma amiga minha mais jovem me mandou a música como se fosse uma referência à nossa música. Eu ouvi e entendo porque alguém pode achar que seja uma referência. Se for, que legal. Ao mesmo tempo, não tem como saber. É capaz também de ser só uma coincidência e obviamente ganhamos mais do que ela nessa especulação toda."
É PLÁGIO OU NÃO?
Comprovar plágio não é uma tarefa simples, afirmou o advogado Luiz Guilherme Valente, especialista em propriedade intelectual, à época em que Adele foi acusada de plagiar o compositor brasileiro Toninho Geraes em "Mulheres", eternizada na voz de Martinho da Vila.
Há muitas maneiras de tentar convencer um juiz. A primeira é por meio de laudos feitos por peritos musicais para apontar quais e quantas são as semelhanças entre um produto e outro.
O problema é que a lei de direitos autorais de muitos países, a do Brasil entre elas, não determina, por exemplo, quantas notas uma melodia precisa compartilhar com a outra para a configuração de plágio. E se elas forem todas iguais, mas estiverem arranjadas em tons, escalas, ritmos e durações diferentes?
É quando argumentos complementares entram em jogo. Os advogados tentam provar que o acusado de plágio conhecia ou teve contato com a obra supostamente plagiada.
Neste caso, Cintra relembra que "Music Is My Hot Hot Sex" fez muito sucesso nos Estados Unidos, tendo entrado na lista de mais tocadas da Billboard, a principal parada de sucesso musical norte-americana.
Isso porque em 2007 a canção fez parte de um comercial amador, criado por um estudante, do iPod Touch. A Apple comprou a ideia e veiculou o anúncio em emissoras de televisão e rádio. O vídeo fez tanto sucesso que se tornou o primeiro da história do YouTube a atingir 100 milhões de visualizações.
VEJA AS SEMELHANÇAS ENTRE TAYLOR SWIFT E CANSEI DE SER SEXY
"Music Is My Hot Hot Sex", do Cansei de Ser Sexy:
"Karma", de Taylor Swift:
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