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Publicado em 14 de julho de 2023 às 16:35
Guilherme Terreri, mais conhecido como Rita von Hunty, é professor, ator, YouTuber, comediante, palestrante e drag queen. Com um vasto currículo, a artista estará presente na pré-estreia do Festival de Cinema de Santa Teresa (FECSTA) ministrando a palestra “LGBTfobia e Direitos Humanos", que rola nesta sexta (14), às 18h e 20h, no Palácio Sônia Cabral, em Vitória. Os ingressos para os dois horários estão esgotados. O evento tem apoio da Rede Gazeta.
Rita, em bate-papo com HZ, falou sobre seu conhecido (e bem-vindo) senso de humor. "As piadas e as brincadeiras são coisas que faço e estou acostumado a fazer em outros contextos. Quem acompanha meu canal há muito tempo sabe dessa faceta da Rita com o humor. A Rita é de certa forma uma performance do acontecimento do Guilherme professor. É uma modalidade na qual o Guilherme também dá aula. A forma é um conteúdo e é uma forma que tenho escolhido para chegar ao público", conta.
Tudo começou há 10 anos, durante o carnaval, quando ele teve um desejo de experimentar a arte drag queen. "Não sabia muito bem para onde estava indo ou o que estava fazendo. Tinha esse desejo ardente de experimentar a arte drag queen. E acho que os meus planos eram experimentar e me divertir. Sigo experimentando e me divertindo, são planos que tenho concretizado e atualizado."
Rita é sucesso por onde passa. Somente no Instagram são mais de um milhão de seguidores, onde a personagem ficou famosa por falar e explicar temas da política e das ciências sociais com humor e leveza. A política sempre esteve presente na vida do criador, que nasceu numa família de pessoas que fizeram parte da luta ao lado da classe trabalhadora.
"O cenário político foi fundamental para a minha história. Meu avô foi uma das pessoas que ajudou na fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) em Ribeirão Preto/SP, e esteve junto da luta dos trabalhadores. O pai do meu avô esteve junto com a luta do Partido Comunista na Itália antes de vir pro Brasil. Os meus tios e a minha mãe também se engajaram cada um a seu modo em movimentos de esquerda na adolescência e na vida adulta. Venho de uma família que já estava debatendo essas questões desde muito cedo".
Rita von Hunty também falou sobre a palestra que vai ministrar em Vitória. "É um encontro de letramento e formação sobre uma pergunta que é fundamental das ciências humanas: 'quem é considerado um ser humano?' e 'quem pode acessar a categoria da humanidade?'. Através desses questionamentos e indagações, vou tentando desdobrar um debate sobre quais corpos alcançam o status de humano e quais nunca alcançarão e como isso reflete em nossas lutas sociais e por direitos, como grupos 'minorizados'", detalha.
Rita diz quais são as discussões importantes que vai trazer para o público capixaba. "São sobre como a produção discursiva de um povo num tempo está ligada à trajetória histórica e material de um povo num tempo. O debate vai abordar como a nossa capacidade de produzir discursos está ancorada nas nossas práticas sociais."
Práticas, inclusive, quando o assunto é a comunidade LGBTQIAPN+. Ela acredita que houve avanços na causa na última década, mas temos uma longa caminhada a percorrer.
"Com certeza houve, no entanto, é sempre necessário perguntar sobre onde e para quem foram os avanços. Ainda tem 68 países que descriminalizam as pessoas LGBTQIAPN+. A gente ainda tem países onde gênero não está disponível na constituição, ainda tem 11 ou 12 países nos quais esse 'crime', de ser uma pessoa LGBTQIAPN+, é punido com pena de morte. No Brasil, desde a Constituição de 1988, não temos nenhuma lei federal sobre essas pessoas. O direito ao casamento, a adoção, são todos reconhecimentos de compreensão da Suprema Corte brasileira. Com uma nova configuração da Suprema Corte e adequação dessas compreensões, tudo poderia mudar", finaliza.
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