Rita von Hunty estará em Vitória ministrando uma palestra sobre LGBTfobia e direitos humanos. Crédito: @rita_von_hunty, com foto de Sté Frateschi
Guilherme Terreri, mais conhecido como Rita von Hunty, é professor, ator, YouTuber, comediante, palestrante e drag queen. Com um vasto currículo, a artista estará presente na pré-estreia do Festival de Cinema de Santa Teresa (FECSTA) ministrando a palestra “LGBTfobia e Direitos Humanos", que rola nesta sexta (14), às 18h e 20h, no Palácio Sônia Cabral, em Vitória. Os ingressos para os dois horários estão esgotados. O evento tem apoio da Rede Gazeta.
Rita, em bate-papo com HZ, falou sobre seu conhecido (e bem-vindo) senso de humor. "As piadas e as brincadeiras são coisas que faço e estou acostumado a fazer em outros contextos. Quem acompanha meu canal há muito tempo sabe dessa faceta da Rita com o humor. A Rita é de certa forma uma performance do acontecimento do Guilherme professor. É uma modalidade na qual o Guilherme também dá aula. A forma é um conteúdo e é uma forma que tenho escolhido para chegar ao público", conta.
Tudo começou há 10 anos, durante o carnaval, quando ele teve um desejo de experimentar a arte drag queen. "Não sabia muito bem para onde estava indo ou o que estava fazendo. Tinha esse desejo ardente de experimentar a arte drag queen. E acho que os meus planos eram experimentar e me divertir. Sigo experimentando e me divertindo, são planos que tenho concretizado e atualizado."
Rita é sucesso por onde passa. Somente no Instagram são mais de um milhão de seguidores, onde a personagem ficou famosa por falar e explicar temas da política e das ciências sociais com humor e leveza. A política sempre esteve presente na vida do criador, que nasceu numa família de pessoas que fizeram parte da luta ao lado da classe trabalhadora.
"O cenário político foi fundamental para a minha história. Meu avô foi uma das pessoas que ajudou na fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) em Ribeirão Preto/SP, e esteve junto da luta dos trabalhadores. O pai do meu avô esteve junto com a luta do Partido Comunista na Itália antes de vir pro Brasil. Os meus tios e a minha mãe também se engajaram cada um a seu modo em movimentos de esquerda na adolescência e na vida adulta. Venho de uma família que já estava debatendo essas questões desde muito cedo".
Rita von Hunty também falou sobre a palestra que vai ministrar em Vitória. "É um encontro de letramento e formação sobre uma pergunta que é fundamental das ciências humanas: 'quem é considerado um ser humano?' e 'quem pode acessar a categoria da humanidade?'. Através desses questionamentos e indagações, vou tentando desdobrar um debate sobre quais corpos alcançam o status de humano e quais nunca alcançarão e como isso reflete em nossas lutas sociais e por direitos, como grupos 'minorizados'", detalha.
Rita diz quais são as discussões importantes que vai trazer para o público capixaba. "São sobre como a produção discursiva de um povo num tempo está ligada à trajetória histórica e material de um povo num tempo. O debate vai abordar como a nossa capacidade de produzir discursos está ancorada nas nossas práticas sociais."
Práticas, inclusive, quando o assunto é a comunidade LGBTQIAPN+. Ela acredita que houve avanços na causa na última década, mas temos uma longa caminhada a percorrer.
"Com certeza houve, no entanto, é sempre necessário perguntar sobre onde e para quem foram os avanços. Ainda tem 68 países que descriminalizam as pessoas LGBTQIAPN+. A gente ainda tem países onde gênero não está disponível na constituição, ainda tem 11 ou 12 países nos quais esse 'crime', de ser uma pessoa LGBTQIAPN+, é punido com pena de morte. No Brasil, desde a Constituição de 1988, não temos nenhuma lei federal sobre essas pessoas. O direito ao casamento, a adoção, são todos reconhecimentos de compreensão da Suprema Corte brasileira. Com uma nova configuração da Suprema Corte e adequação dessas compreensões, tudo poderia mudar", finaliza.
RITA VON HUNTY NA PALESTRA LGBTFOBIA E DIREITOS HUMANOS
- QUANDO: Sexta (14), às 18h e 20h, na pré-estreia do Festival de Cinema de Santa Teresa (FECSTA). No Palácio Sônia Cabral. R. São Gonçalo, Centro, Vitória. Os ingressos para os dois horários estão esgotados
Este vídeo pode te interessar
Se você notou alguma informação incorreta em nosso conteúdo, clique no botão e nos avise, para que possamos corrigi-la o mais rápido o possível