'Comunista' e 'traficante': filho de Gonzaguinha revela detalhes da convivência com o pai

Daniel contou que o fato do pai se posicionar politicamente em canções fazia com que os pais de seus amigos colocassem restrições nas amizades

Publicado em 19/06/2024 às 14h09
O cantor Gonzaguinha

O cantor Gonzaguinha. Crédito: Folhapress

O cantor e compositor Daniel Gonzaga, 49 anos, falou sobre sua infância e a dificuldade que enfrentava pelo fato de ser filho de Gonzaguinha (1945-1991), em entrevista ao podcast Papo com o Clê, apresentado pelo produtor Clemente Magalhães.

Daniel contou que o fato de seu pai se posicionar politicamente em canções e entrevistas fazia com que os pais de seus amigos impusessem restrições nas amizades. "Amigos meus da Tijuca (na zona norte do Rio) não podiam falar comigo porque meu pai era comunista", disse.

Questionado pelo apresentador se ele sentia isso, Daniel afirmou que percebia claramente a discriminação. "Eu sabia. Amigo meu da Tijuca que o pai era policial não podia (falar comigo)", afirmou.

Em outro trecho da entrevista, Daniel afirmou que, assim como ele, seu pai também sentiu o peso de ser filho de um artista famoso. Um fato que complicava ainda mais esse conflito era a dúvida que existia se Gonzaguinha era filho legítimo de Luiz Gonzaga, o rei do baião.

Ao citar as escolhas musicais de Gonzaguinha, que foram para um lado oposto do gênero e temas abordados por Gonzagão, Daniel disse que o fato de ter nascido no Morro de São Carlos, no Rio de Janeiro, foi determinante para seu pai.

"Ele nasceu no morro. Foi traficante. Meu pai foi avião. Vendia maconha e outras coisinhas. Tinha aquela malandragem. Meu avô famoso falava ‘eu sou famoso, eu que mando. Eu pago seu estudo’", diz Daniel.

Revelado no início dos anos 1970, Gonzaguinha fez parte do chamado MAU, Movimento Artístico Universitário, de onde também saíram nomes como Ivan Lins, Aldir Blanc e Guinga. Gonzaguinha morreu em 1991, vítima de um acidente de carro.

Entre suas canções mais famosos estão Comportamento Geral, O Que É O Que É?, Um Sorriso Nos Lábios - todas com forte cunho social e político -, e as românticas Espere Por Mim Morena e Explode Coração.

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