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Publicado em 9 de novembro de 2022 às 10:25
Entre Jumas e Tatis (das novelas "Pantanal" e "Quatro Por Quatro", respectivamente, duas de suas personagens mais queridas pelos fãs), Cristiana Oliveira, aparentemente, surfou em um mundo de glamour e fama, teoricamente sem percalços.
Alçada à revelação nos anos 1990, com o sucesso da trama de Benedito Ruy Barbosa na extinta Rede Manchete, Krika (como é chamada carinhosamente pelos amigos), foi símbolo de beleza, modelo e capas de várias revistas, incluindo a "Playboy" em 1992, em um dos ensaios mais esperados da história da publicação.
Nada, porém, apaga uma vida marcada por dissabores. Na adolescência, enfrentou a obesidade - ao pesar 110kg - e padeceu com a autorrejeição, especialmente após sofrer bullying por porte de uma professora de balé. Logo fugiu de casa, em busca de liberdade e aceitação. Na vida adulta, a atriz também enfrentou (e venceu) a síndrome do pânico, a vigorexia e a depressão.
Esbanjando charme e beleza no alto de seus quase 60 anos, Cristiana decidiu compartilhar suas memórias, histórias e aprendizados no livro "Versões de Uma Vida", escrito em coautoria com a jornalista Larissa Molina. Em 168 páginas de um relato honesto e tocante, a atriz confirma que atingiu a maturidade de forma feliz e equilibrada. A obra terá noite de autógrafo, com presença de Oliveira, nesta quinta (10), a partir das 19h, no segundo piso do Shopping Vitória, em frente a Livraria Leitura.
"No livro, realmente me 'dispo', falando de temas como autoaceitação", destacou Cristiana, em entrevista à "HZ".
"Todos passamos por esse processo. O fato de ser uma pessoa pública faz com que muitos me perguntem sobre esse tema. Acabo abordando esse assunto com naturalidade, ainda mais na minha idade (58 anos bem vividos). Sinto que (com a maturidade) essa abordagem se torna mais verdadeira. Através dos relatos e o que passei na vida, posso mostrar que muitas mulheres não estão sozinhas", enfatizou.
Com franqueza e sem tabus, Cristiana Oliveira falou, na entrevista, de assuntos que lhes são caros, como bullying e cobranças sobre padrões de beleza.
Também encontrou tempo para comentar sobre o sucesso da nova versão de "Pantanal" (2022), recém-exibida pela Rede Globo, e do retorno de uma de suas novelas mais populares na emissora carioca, "Quatro Por Quatro" (1994), de Carlos Lombardi, que chega em novembro ao acervo da Globoplay. Pegue uma xícara de café e vem com a gente!
Realmente me "dispo", falando de autoaceitação. Acho que todos passam por isso em seu íntimo. O fato de ser uma pessoa pública faz com que muitos me perguntem sobre esse assunto e acabo abordando o tema com naturalidade, ainda mais na minha idade (58 anos bem vividos). Através dos relatos e o que passei na vida, posso mostrar que muitas mulheres não estão sozinhas. Muitos projetam atores e atrizes como pessoas absolutamente seguras e cheias de autoestima, nos colocando em um patamar de poder e glamour que é um pouco surreal. O glamour, inclusive, é coisa de momento...
Nada mudou de antes da minha adolescência, especialmente em relação à cobrança da sociedade e à gordofobia. Mas agora existe uma libertação feminina e uma aceitação do próprio corpo. Isso também é um processo extremamente difícil, porque a mídia e as redes sociais continuam mostrando mulheres lindas, magras e malhadas. A referência e o padrão de beleza, antes mais magrinha e sem seio, hoje é de mulheres já com um pouco mais de seio e coxa. Os padrões mudaram, mas sempre dentro daquela estética da mulher seca, sem gordura e magra, do tipo que fica bonita com qualquer roupa. Então, meninas ficam vendo essa referência e acabam sofrendo, pois não conseguem atingir esse padrão. Muitas deles não possuem maturidade para perceber que isso só faz mal. Claro, tem mulheres que estão fora do padrão, que se mostram, e que sua voz é ouvida. Acho isso o máximo, as coloca em liberdade para dizer que não precisam seguir os exemplos de padrão do que é o "melhor corpo". Cabe à mídia, as plataformas e redes sociais continuarem informando o que é saúde e o que é excesso. Como uma pessoa com saúde, mas com o peso superior ao padrão, não faz mal algum, por exemplo. A pessoa é igualmente bonita.
Não existe isso de envelhecer bem ou mal! Envelhecer bem é criar condições para ter uma velhice mais tranquila e cuidar da saúde para ter mais tempo de vida. Você começa a perceber seus defeitos e saber conviver com eles. Aprende a se olhar no espelho e ver que está com mais rugas, que não é a mesma pessoa, e acaba sabendo que isso é inexorável. É importante se cuidar espiritual e mentalmente e fazer atividades físicas. Envelhecer bem é amadurecer, se autoconhecer. Cada pessoa tem sua própria história, com perdas, ganhos e vitórias. Não dá para julgar. Mais uma vez voltamos a falar sobre padrões: "fulano envelheceu bem", quer dizer que você está com a aparência de ser mais jovem do que a idade real, ou "fulano envelheceu mal", o que seria o oposto. Precisamos parar de julgar e olhar para o ser humano. Antes disso, olhe para si mesmo.
Proteger o bioma pantanal foi uma escolha da minha vida. É importante dar voz a essa causa. É a maior planície alagada do planeta, com uma vida infinita, e sofre com muitos problemas. Dentro do meu possível, vou lutar pela preservação desse bioma que merece muito a nossa atenção.
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