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Publicado em 14 de setembro de 2024 às 12:00
Consagrado por novelas como Guerra dos Sexos (1983), Cambalacho (1986) e Sassaricando (1987), Silvio de Abreu não se inibe quando o assunto é televisão. E estranho seria se fosse o contrário, afinal o escritor trabalhou na TV Globo por 40 anos e também conta com passagem recente pelo Max. Além de ser formado como cenógrafo e ter atuado em diversas produções antes de ser autor de novelas.
Atualmente, as novelas têm sido criticadas por escalarem influenciadores, enquanto se observa um aumento no consumo de produções antigas. A entrevista com Silvio de Abreu também foi destacada na matéria "Como vídeos curtos influenciaram novas erações a assistirem obras nacionais", que você pode conferir aqui.
Por isso, HZ convidou o novelista para discutir as mudanças no audiovisual brasileiro e a influência da internet na televisão. Confira!
Silvio - As novelas antigas, eu digo de 10 anos atrás, eram feitas por um time de autores de muito boa qualidade. Com uma produção muito cara, os atores todos que fizeram aquelas novelas tinham formação teatral forte, que tinham carreiras de anos. E interpretavam grandes personagens em teatro, porque escola do ator é o teatro. É lá que ele aprende a se comunicar, é lá que ele é um personagem, é lá que ele aprende a ser o que pode aprender o melhor dele. Ele empresta isso para a televisão, porque na televisão, como agora tudo é feito num modo de pressa, não há o tempo da elaboração.
Silvio - Se a TV aberta fizesse produtos melhores, ela ainda teria uma audiência muito maior do que tem hoje. A televisão aberta é de graça, você compra a televisão, liga e você vê. Então isso já é um atrativo muito grande para a maioria da população do nosso país, que é um país de gente muito pobre de uma maneira geral.
Silvio - Na internet as pessoas se divertem com qualquer coisa, né? Mas você vê também uma carência dessas novelas da Globo um pouco mais de 10 anos atrás. É uma brincadeira, tudo bem. Mas por que eles fazem essa brincadeira? Porque perdeu o respeito. Uma brincadeira dessa não se faria 10 anos atrás, porque existia respeito pelo trabalho. Isso é uma falta de respeito pelo produto.
Silvio - Pela maneira como eles querem trabalhar, em que você junta todo mundo para escrever. Aí tem outro que dá palpite. Aí tem que ir para Los Angeles para aprovar. Eu não tenho paciência para fazer isso. Eu, como autor, eu falava 'esses são os atores que eu quero fazer' e acabou. Eu não tinha que dar satisfação para ninguém. Agora você tem que dar satisfação para o mundo inteiro, para o mundo de gente que você não sabe quem é. Coisas do tipo 'a fulana não devia chamar Maria, devia chamar Joana'. Não tenho paciência para isso, não quero mais isso, não preciso mais disso. Por isso eu achei que não estava me divertindo.
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