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Publicado em 27 de maio de 2023 às 14:06
Em 50 anos de carreira, Alcione Dias Nazareth, a Marrom, contabiliza conquistas e números de uma verdadeira pop star. Com turnês por mais de 30 países, 21 LPs, 19 CDs, 9 DVDs e mais de 8 milhões de álbuns vendidos, a dama do samba brasileiro é direta e reta ao dizer, do alto de seus 75 anos, que, com ela, não há "nariz torcido" e que a música sempre vencerá: "Canto aquilo que quero cantar".
Amiga de ícones como Maria Bethânia e Clara Nunes, a Marrom gravou, em 1972, a canção "Figa de Guiné", que faz menção direta ao candomblé. Ao longo desse meio século de palco, outras faixas evocaram a fé, a religiosidade e diferentes formas de manifestar a espiritualidade.
Na noite de sexta-feira (26), momentos antes de subir ao palco em Vitória para a primeira de duas apresentações comemorativas aos 50 anos de carreira, Alcione - em conversa no camarim com "HZ" - refletiu sobre o impacto dessas mensagens atualmente, com um país cultural e religiosamente tão diferente de cinco décadas atrás.
"Nunca liguei para intolerância religiosa, canto aquilo que eu quero cantar, aquilo que gosto, e não tô nem aí para intolerância. Qualquer tipo de intolerância eu não suporto. Essas músicas são atuais até hoje, falam da espiritualidade. Não posso passar sem isso", enfatiza a maranhense.
Em uma apresentação de quase duas horas - cujo segundo ato acontece na noite deste sábado (27), no Espaço Patrick Ribeiro, dividindo o palco com Jorge Aragão - o que se vê é uma Marrom vibrante e de posse de toda sua potência. Uma majestade!
Alcione construiu a carreira entoando sucessos, falando de emoções, romances, sofrimento e a volta por cima de quem já teve o coração partido.
Questionada por "HZ", ela admite não haver como fazer seu retrospecto dissociando-se de falar da intimidade humana.
"Gosto de cantar a emoção, as pessoas devem cantar emoção. Maria Bethânia falou assim para mim: 'faça seu trabalho com alegria'. Isso foi uma coisa muito sábia que ela me falou. A gente tem que fazer o nosso trabalho com alegria, porque é uma coisa que a gente gosta de fazer. Gosto daquilo que faço e as pessoas ainda me pagam para isso", disse, entre risos.
Na próxima quarta-feira (31), a Marrom será a grande homenageada do 30º Prêmio da Música Brasileira, quando artistas das novas gerações farão releituras de suas canções mais marcantes. No palco do PMB, aliás, Alcione é, hoje, a segunda artista com mais troféus conquistados - 21 ano todo -, atrás somente da amiga Maria Bethânia, com 23.
A Marrom se confessa lisonjeada pelos reconhecimentos, mas, bem ao seu estilo sem falsas modéstias, deixa escapar o gostinho de vitória: "A mulher já está com 7.5, deixa eu receber minhas homenagens, né?!".
E, dos novos talentos, o que toca na playlist da filha ilustre de São Luís/MA? "Gosto do Djavan, que não é tão novo, mas é alguém que respeito muito. Gosto da Ludmilla, é uma pessoa que gosto demais de cantar. E da minha amiga Bethânia", enumera a artista, que, no próximo ano, será tema do samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira (sua escola do coração), no carnaval carioca.
Alcione encerrou a entrevista sintetizando o que é a vida segundo ela própria: "Acho que não saberia viver se não fosse cantando. Minha vida é cantar".
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