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Publicado em 12 de julho de 2023 às 18:08
Poeta, pensador, escritor, influenciador digital e, por que não, conselheiro afetivo (de mão-cheia), Fabrício Carpinejar se apresenta em Vitória pela primeira vez neste fim de semana. "Tudo que Seu Marido Precisa Saber" - um misto de monólogo e talk-show sentimental - rola sábado (15), abordando, entre outros temas, a relação entre felicidade e a vida a dois, explorando a importância de abrir espaço dentro do relacionamento para a individualidade e o tempo com amigos e família.
Carpinejar, que também roteirizou e dirigiu o espetáculo, explicou a "HZ" que uma das mensagens é sobre o perigo de acreditar na total disponibilidade do outro, destacando que o amor não pode ser encarado como sacrifício ou renúncia.
"São cerca de 12 histórias que se entrelaçam em uma linha evolutiva. Entre os temas, vemos relacionamento (claro!), possessividade e desamor. Também destacamos alguns pontos que são capazes de acabar com qualquer relação, como ciúme e possessividade. Sabe aquela coisa chata, no estilo caricatura romântica? É basicamente isso! Ninguém aguenta viver em uma relação insegura. É preciso saber dizer não", aponta um Carpinejar calmo, sereno e simpático, em conversa por telefone.
"Existe um perigo de acreditar na total disponibilidade do outro, como se o outro estivesse sempre disponível. O amor não é isso, não é privação", pontua o poeta, ao comentar sobre uma das mensagens do show, que passou por São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, e, após a apresentação em Vitória, seguirá para Porto Alegre, Santa Maria-RS, Recife e Curitiba.
O público poderá acompanhar em tempo real os batimentos cardíacos do escritor por meio de um telão, conforme as emoções forem despertadas ao longo dos 70 minutos de espetáculo.
"É uma forma das pessoas conferirem a minha entrega total. É como se fosse uma 'entrega inadiável para a urgência do momento'", brinca, em tom de filosofia, dizendo que, em uma apresentação em São Paulo, os batimentos chegaram a contabilizar 170 por minuto.
"Não aconteceu nada grave", sorri, afirmando, ao ser questionado por "HZ", que não tomará nenhum remédio betabloqueador (que inibe o aumento do ritmo cardíaco) antes da apresentação. Não queremos que ele tenha um infarto em pleno palco, please!
Outra excentricidade de Fabrício, se assim podemos definir, está no fato de ele vestir a mesma roupa medieval utilizada em seu próprio casamento, em uma criação do estilista Ronaldo Fraga.
Essa proposta, segundo o pensador, objetiva fazer com que o público se envolva ainda mais em suas reflexões sobre o relacionamento a dois, acompanhando de perto seus sentimentos e como eles se manifestam em seu corpo.
Mas, será que isso não soaria como algo patriarcal, principalmente se avaliarmos como os casamentos eram tratados na época medieval, especialmente no que tange aos direitos da mulher?
"Sim, mas essa é a ideia mesmo", reflete, pensando antes de responder. "É para mostrar as relações com o passar do tempo. Do medieval à modernidade, tanto que uso um tênis All Star amarelo (risos). Pense como se fosse o rito da convivência e da amizade de um relacionamento sendo 'profanado', com seu despojamento, pelo tênis. É uma forma de quebrar esse patriarcalismo", explica.
Ele também relata que é sempre questionado por seguidores sobre possíveis causas que levam ao fim de uma relação. "O que ouço, quase sempre, são pessoas falando sobre desaparecimento. Muitos terminam um relacionamento e nos viram as costas. Acho que é possível, sim, haver diálogo entre as partes para existir cordialidade e amizade.
Outro ponto também muito debatido é a deslealdade". Nesse momento, questionamos Fabrício sobre o que leva uma pessoa a trair.
A resposta veio a jato. "São dois fatores, mas ambos levam ao mesmo caminho: ignorância e covardia. Algumas pessoas traem por achar que não serão pegos e outros apostam que o parceiro seja capaz de perdoá-lo após a traição. É perigoso apostar na burrice do outro", acentua.
Com 50 livros publicados (e mais de 770 mil exemplares vendidos), o gaúcho tem se destacado também como influenciador digital, contando com mais de 2,2 milhão de seguidores no Instagram e 1,2 milhão no TikTok, onde compartilha suas reflexões e frases em "guardanapos digitais". Sobre a comunicação direta com o público pelas redes, Fabrício acredita que ela se dá pelo dom da palavra.
"Sofri bullying durante muitos anos por conta da minha aparência e também tive muita dificuldade de aprendizado. Fui alfabetizado pela minha mãe. Por isso valorizo muito o poder da palavra. Com ela, consegui me comunicar e sobreviver", desabafa.
Mesmo nunca tendo se apresentado no Espírito Santo, o Estado, para o pensador, é muito familiar. "Meu pai, Carlos Nejar (escritor da Academia Brasileira de Letras), morou em Guarapari e em Vitória entre os anos 1990 e 2000. Tenho muitas lembranças lindas dessa terra. O capixaba é um povo que valoriza suas histórias e cultura. Sou apaixonado por pontes (risos) e acho a Terceira Ponte belíssima. Pontes são ligações entre dois mundos, o real e o subjetivo", filosofa novamente, detalhando o que gostaria de fazer assim que chegasse em Vitória (atualmente mora em Belo Horizonte).
"Adoro a moqueca capixaba, especialmente se for comida com o pé no chão, na praia, sentindo o mar. Por isso, é sempre maravilhoso ir para Vitória", complementa, em tom de encantamento.
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