Fãs de Taylor Swift enfrentam ameaças de cambistas e ambiente hostil na fila para a compra de ingressos

Grupos começaram a chegar em janeiro, com esquema de revezamento, e a organização deixa a desejar; 'É a TheTretasTour', define uma 'swifter'

Publicado em 12/06/2023 às 10h05
Cantora Taylor Swift em show no Rio de Janeiro, em 2009

Cantora Taylor Swift em show no Rio de Janeiro, em 2009. Crédito: Shutterstock

O domingo de tarde era de sol forte em São Paulo, e mais de 500 pessoas se encontravam com barracas fechadas, cadeiras e o que um acampamento mandasse ter nas mãos. Ali, os swifters -como são carinhosamente chamados os fãs de Taylor Swift- começavam a ser guiados em filas para se posicionarem diante da bilheteria do Allianz Parque, a fim de deixar mais organizada a dinâmica do início oficial das vendas dos ingressos, que ocorre às 10h da manhã desta segunda-feira (12).

Um dos primeiros na fila era Rian Feitosa, 19, que participava de um grupo de 29 pessoas da B2, a barraca número dois. É isso mesmo: 29 pessoas em uma única estrutura. Alguns dessa turma chegaram ainda em janeiro ao Allianz, quando começaram a se firmar os boatos de que a loira viria ao Brasil. Ali, ficou claro o primeiro esquema: em turnos, organizados, os fãs se revezaram em jornadas de 8h, em média. Teve gente que chegou a ficar 30h, mas o grupo foi desmontando com o início da pré-venda. Os guerreiros que seguem ali são para ajudar outros que não conseguiram ingressos. Na B1, a formação era de 45 pessoas.

Para ir ao banheiro, o esquema é de rodízio. Um só pode ir quando outro estiver ali para segurar o lugar. Os toaletes usados pelos swifters ficam no Bourbon Shopping, colado ao Allianz, em uma pizzaria nas proximidades (que cobrava R$ 2 por uso); e uma filial do McDonald's.

Lanchinhos trazidos de casa ou verdadeiros farnéis ajudaram a segurar a onda na hora da fome, mas os estabelecimentos ao redor também faturaram. O revezamento salvou todos.

O maior perrengue para os fãs, no entanto, tem a ver com a segurança. Durante a noite, segundo alguns entrevistados, cambistas passavam ameaçando algumas barracas. "Eles foram tomando os lugares de pessoas que estavam há dias aqui e pagavam moradores de rua, dando R$ 100 por dia e alimentação", conta Laura Guimarães, uma das fãs que estava ali desde sexta-feira (10), 14h.

Enquanto a reportagem esteve no Allianz Parque, foi possível comprovar o que a fã de Taylor havia denunciado. Cambistas espalhados entre os swifters, à espera de um lapso para tentar pegar frestas da fila, organizada com grades de metal. Alguns, inclusive, pulavam por debaixo das estruturas, e os seguranças -que estavam na ponta da fila- não viam. Mesmo com os gritos dos fãs ("Olha aqui! Tá furando a fila!!"), pouco era feito.

Segundo relatos colhidos na fila pelo F5, a madrugada reservou momentos de maior tensão para quem estava ali em busca do sonhado bilhete para o paraíso -no caso, para o show da diva-mor Taylor Swift. A estudante Larissa Pereira Dias, 21, e a vendedora Yara de Freitas Costa, contam que houve casos de celulares furtados altas horas da noite, num ambiente de grande hostilidade. "É a TheTretasTour", define Yara, brincando com o nome "The Eras Tour", turnê da cantora.

No meio da tarde, por volta das 15h, os fãs foram organizados para avançarem na fila. Seguranças deram 250 senhas aos primeiros e informaram que os compradores, de fato, precisavam estar ali até às 18h. Depois, mudaram o comunicado dizendo que o tempo máximo era de 10 minutos. Questionada sobre as mudanças, uma das líderes da segurança disse apenas que "segue ordens". Após colocar as 250 senhas diante das bilheterias, a previsão é de que os fãs seriam mantidos naquela logística até a segunda-feira.

As apresentações de Taylor Swift, em São Paulo, estão marcadas para os dias 25 e 26 de novembro, no Allianz Parque.

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