Felipe Prior. Crédito: Reprodução/Instagram/@felipeprior
A advogada criminalista Maira Pinheiro, que representa uma das mulheres que denunciou o ex-BBB Felipe Prior por estupro, revelou que recebeu ameaças de fãs do influenciador durante o processo.
No dia 8 de julho, ele foi condenado a seis anos de prisão em regime semiaberto pelo crime, que teria acontecido em 2014. O processo segue em sigilo e o participante do BBB 20 pode recorrer na Justiça em liberdade.
Em reportagem divulgada pelo G1 nesta terça-feira, 18, Maira contou que recebeu diversas mensagens de ódio nas redes sociais durante os mais de três anos de processo.
"Os fãs dele são muito virulentos. Minhas redes sociais chegavam a ter mais de 100 mensagens, todas de ataque, de ódio, me xingando com palavras machistas, me atacando no exercício da profissão. A minha imagem foi muito explorada. Mas isso faz parte do jogo né? A gente não tem medo de fanático", disse ao veículo.
"Vagabunda, vadia. Esse tipo de palavra. Porque é isso que nós mulheres somos quando desagradamos o patriarcado.?E como a gente estava indo para cima de um criminoso em série, que tem um padrão de predação de mulheres, a gente desagrada o patriarcado. Mas não é algo que nos intimide", completou.
Em prints de tela compartilhadas pela advogada ao G1, um dos internautas acusa ela e a vítima de "inventarem" o caso por "birra de reality show". "Isso se não for falsa, porque tu é uma advogada de porta de cadeia, que nem de graça eu queria os seus serviços. Só podia ser 'feminazi'. Vai na Paulista mostrar os peitos e o suvaco cabeludo que você ganha mais rata", diz a mensagem.
Em outra ocasião, um usuário enviou: "Sua cracuda, ei Themis, vai pichar bueiro sua rata. Você vai pagar pelas falsas acusações sua vagabunda. Não existe vítima, apenas um inocente, Felipe Antoniazzi Prior". Outros prints também mostram mensagens xingando a advogada de "nojenta", "desgraçada" e "bandida".
Em um dos casos citados por Maira, ela teria recebido mais de 20 ligações de um número anônimo em uma madrugada de julho em 2021. Quando atendeu, um homem desconhecido dizia: "Eu sou uma pessoa muito informada, eu sei onde a Themis mora, onde todas as outras meninas moram".
Themis é o pseudônimo dado à vítima pela defesa com o objetivo de preservar a identidade dela. Outras três mulheres também denunciaram Prior por estupro, e receberam os nomes fictícios de Freya, Ísis e Diana.
Vítima falou sobre o caso
A mulher que acusa o arquiteto também chegou a receber ameaças. Em entrevista ao G1 e ao Fantástico, nas quais teve sua identidade escondida, ela revelou que recebeu "muitas mensagens de ódio, perseguições, pessoas ameaçando não só a mim, mas as outras meninas também, falando que a gente estava atrás de fama. Eu estou em anonimato porque eu não quero ser marcada por essa história".
Themis, que hoje tem 31 anos, afirmou que o caso "sempre vai ser uma ferida aberta" para ela. "E o que eu posso fazer com ela hoje é mostrar para o mundo que nenhuma mulher merece ter uma ferida dessas", disse.
A mulher acusa Prior de tê-la estuprado em 2014, quando ele a deu uma carona de uma festa universitária até a casa dela, na zona norte de São Paulo. Ela conta que, mesmo machucada, ficou com medo que outras pessoas ficassem sabendo do ocorrido na época.
"Eu não queria que as pessoas me vissem, me enxergassem e pensassem nisso", disse ao Fantástico. Ela relatou que foi ao médico com a mãe no dia seguinte, mas não quis fazer a denúncia de imediato. "Fui escondendo isso de mim mesma, achava que ia conseguir apagar isso da minha vida."
No entanto, ela acumulou episódios de crise de pânico e de ansiedade, segundo relatou ao programa. Foi só três anos depois que passou a conversar com as amigas sobre isso. "Foi quando realmente caiu a ficha de que não era minha culpa e de que ele tinha me estuprado". Veja destaques da entrevista aqui.
Entenda o caso
Segundo informações de Maira Pinheiro, o crime teria ocorrido em agosto de 2014 e a denúncia foi feita em 2020, ano em que Felipe Prior participou do Big Brother Brasil. Ele teria oferecido uma carona à vítima e, depois, parado o veículo em uma rua escura e praticado o crime.
Conforme o relato, Prior ainda teria intensificado a violência após pedidos da mulher para que ele parasse. Ele apenas interrompeu o crime depois de causar uma lesão na região genital da vítima. Maira relata que a mulher que acusa o ex-BBB passou por atendimento hospitalar após o caso, mas desenvolveu crises de pânico ao longo dos anos.
Além deste caso de 2014, Felipe Prior ainda responde por mais três processos, em que mulheres também o acusam de estupros que teriam sido cometidos nos anos de 2015, 2016 e 2018.
Em nota enviada ao Estadão, os advogados de defesa informaram que irão recorrer da decisão e declararam que o ex-BBB é inocente. "A sentença será objeto de Apelação, face a irresignação de Felipe Antoniazzi Prior e de sua Defesa, que nele acredita integralmente, depositando-se crédito irrestrito em sua inocência", diz trecho do documento.
"Reafirmando-se a plena inocência de Felipe Antoniazzi Prior, repisa-se ser esse seu status cívico e processual, à luz de presunção de inocência, impondo-se a ele, como aos demais cidadãos em um Estado Democrático de Direito, como o pátrio, respeito, em primazia ao inciso LVII, do artigo 5º, da Constituição Federal brasileira que preconiza que 'ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória', para que não se incorra em injustiças, como muitas já assistidas, infelizmente, em nosso País", acrescentam os advogados.
Quem é Felipe Prior?
Felipe Prior tornou-se conhecido ao ser selecionado para participar do grupo de anônimos que integraram o elenco do BBB 20. Na casa, viu a maior parte de seus amigos saindo nas primeiras semanas, e teve uma forte amizade com o ator Babu Santana.
O paredão no qual foi eliminado foi considerado como a maior votação de um reality show na história até então. A Globo divulgou que houve mais de 1,5 bilhão de votos na disputa, que também envolvia Manu Gavassi (que recebeu 42% dos votos) e Mari (0,75%). Felipe Prior saiu com 56%.
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