Administrador / [email protected]
Publicado em 22 de agosto de 2022 às 14:35
Principal suspeito de arquitetar o furto a joias do influenciador Carlinhos Maia, Eliabio Custódio Nepomuceno foi preso recentemente em Campina Grande, na Paraíba, e confessou o crime à polícia. Em vídeo do depoimento divulgado pelo Fantástico, da TV Globo, ele revelou inclusive que se valeu de posts da vítima em redes sociais para planejar o furto. Especialista alerta para cuidados com o que se divulga na internet.
Carlinhos Maia foi vítima do crime no fim de maio: após invadirem seu apartamento em Maceió, capital do Alagoas, ladrões roubaram um cofre e levaram joias e um relógio de luxo. À época, o prejuízo foi estimado em R$ 5 milhões. Após meses de investigação, o principal suspeito foi detido e parte dos objetos furtados foram recuperados.
"Fui eu que pratiquei o crime, com mais dois amigos meus", disse Eliabio durante depoimento à polícia. Para executar o furto, os criminosos entraram no prédio em que o influenciador mora, em Maceió, em um dia em que Carlinhos Maia e o marido não estavam em casa. A informação teria se confirmado por postagem nas redes sociais.
"Já vinha dando uma olhada na vida do 'seu' Carlinhos pela rede social dele, pelo que postava, tudo direitinho. E eu vi que ali poderia ter uma oportunidade", afirmou Eliabio durante o depoimento. Conforme a Polícia Civil do Alagoas, que conduziu as investigações, o grupo teria estudado o crime por um período de quase um mês.
Quando encontraram a oportunidade ideal, os criminosos entraram no prédio de Carlinhos Maia, após acessarem um hotel ao lado, e foram até o apartamento do influenciador. Ao ingressarem no local, localizaram um cofre, onde acreditavam estar relógios de luxo expostos nas redes sociais, e o levaram rapidamente para o carro usado na fuga.
Dentro do veículo, que posteriormente seguiu para Campina Grande, o grupo arrombou o cofre e descobriu dezenas de pedras de diamante e um relógio de luxo. O valor estimado era alto: de cerca de R$ 5 milhões. Isso, por sua vez, dificultou a destinação dos objetos furtados para receptadores, informou a polícia.
Carlinhos Maia chegou a mostrar o relógio e o colar, que era formado pelas pedras de diamante, nas redes sociais antes do crime, apontou reportagem também veiculada no Fantástico no mês seguinte ao crime. Ainda assim, o influenciador disse não se arrepender de ter se exposto na internet, já que faz parte de sua profissão.
"Comecei a ganhar meu dinheiro e a ter notoriedade depois que eu comecei a mostrar a minha vida, então como é que você para de mostrar a sua vida?", ponderou durante entrevista. Ele afirmou, porém, que "fica a mensagem de se expor um pouco menos".
Quanto mais visibilidade tem determinado perfil, maior é o risco de um criminoso se utilizar disso, diz especialista
Em linhas gerais, quanto maior é o grau de visibilidade de um perfil em uma rede social, maior também é o risco de alguém se utilizar do que é exposto para práticas danosas. Desse modo, no caso de influenciadores digitais, que, em geral, costumam expor mais detalhes da vida pessoal nas redes, as medidas de segurança no mundo físico devem ser redobradas. Isso é o que diz o diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio), Carlos Affonso Souza.
O especialista explica que, para o público em geral, uma dica inicial é sempre cogitar deixar uma conta de Instagram privada, por exemplo, o que pode evitar uso de informações para aplicação de crimes. "No caso do Carlinhos Maia, porém, isso não se aplica, por ele ser uma celebridade na rede", diz o especialista
Diante disso, uma dica para influenciadores já com muitos seguidores, ou para pessoas que não planejam deixar o perfil privado, é utilizar recursos de segurança embutidos nas plataformas, destaca Souza. "A maioria das postagens pode continuar pública, mas determinadas postagens que levam adiante informações pessoais, que podem ser sensíveis e levar a uma situação de crime ou de violência, podem ser compartilhadas de maneira privada, com um círculo de amigos", disse.
O Instagram, relembra, permite que o usuário faça postagens apenas para um círculo menor de pessoas. "As postagens não precisam ser, necessariamente, públicas. Quanto mais informação carregam, é melhor que sejam feitas para um público que efetivamente precisa receber aquela informação", diz Souza. Ele ressalta que, evidentemente, as vítimas não podem ser culpabilizadas pelos crimes, mas reforça que elas podem diminuir as chances deles ocorrerem.
"Quanto mais pessoas acessam uma informação, maior é o risco de alguém utilizar essa informação para práticas que são ilícitas", diz o especialista. Quando a casa de Carlinhos Maia foi furtada, o influenciador estava passando por uma cirurgia. O marido estava em uma viagem a trabalho.
"Quanto mais os influenciadores fazem do Instagram, e das redes sociais, um canal para levar adiante comunicações de sua vida como um todo, e há uma pressão sobre produção de conteúdos diários, quando o influenciador deixa de fazer publicações (...) a ausência de conteúdo no canal leva a especulações das mais diversas", disse Souza. "Então, é normal que, quando passa por um procedimento de saúde, o influenciador avise que vai passar, que vai se ausentar das redes."
"Mas é importante lembrar que, quando se sabe do local de residência desse influenciador, e se existe uma possibilidade dessa casa não estar habitada, isso abre uma janela para ocorrência de uma prática criminosa", explicou o especialista. Diante desse cenário, é importante que os influenciadores, ou mesmo pessoas que façam muitas postagens sobre a vida pessoal, redobrem as práticas de segurança no mundo físico.
Especialista dá 5 dicas para usar as redes sociais com mais segurança; confira
Para o público geral em especial e que não necessariamente quer uma produção de conteúdo regular na internet, Carlos Affonso Souza dá ainda as seguintes dicas para aumentar a proteção ao usar as redes sociais:
1- Avaliar tornar o perfil nas redes sociais privado, sobretudo quando muitas informações pessoas são expostas nele;
2- Se não for possível, restringir informações mais sensíveis a um grupo específico de pessoas mais próximas;
3- Evitar situações que exponham a rotina, principalmente quando crianças e adolescentes são retratados nas postagens;
4- Não especificar trajetos e/ou situações que possam favorecer uma abordagem de um criminoso ou agente mal intencionado;
5- Antes de postar, refletir sobre o que algum criminoso poderia fazer em posse da informação que está sendo exposta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta