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'Me reconheço como mulher preta', diz Mell Muzzillo sobre bronca de atriz com sua escalação

Isabel Fillardis interpretou Ritinha na primeira versão de 'Renascer' e afirma que não se sente representada agora por Mell: 'Trocaram uma preta por uma indígena'

Publicado em 17 de fevereiro de 2024 às 10:46

 Mell Muzzillo: 'Sou afro-indígena e desde muito nova tenho letramento racial. Me reconheço com uma mulher preta'
Mell Muzzillo: 'Sou afro-indígena e desde muito nova tenho letramento racial. Me reconheço com uma mulher preta' Crédito: Reprodução/Instagram

O triângulo amoroso envolvendo Damião (Xamã), José Bento (Marcello Melo Jr) e Ritinha, uma das tramas paralelas da primeira versão de "Renascer", será mantido no remake de Bruno Luperi. Mas a direção da novela optou por uma mudança no perfil da personagem, agora filha de Inácia (Edvana Carvalho).

Ritinha, que em 1993 foi interpretada por Isabel Fillardis, será vivida por uma atriz afro-indígena. Fillardis disse não se sentir representada pela escolha de Mell Muzzillo para o papel. "Como eu me sentiria representada? Tiraram uma negra a botaram uma indígena".

A jovem atriz ficou chateada quando soube do comentário da colega de profissão. "Sou afro-indígena e desde muito nova tenho letramento racial. Me reconheço com uma mulher preta. Os meus traços são indígenas e por ter um cabelo liso, muitas vezes acontece isso, ser invalidada como preta", diz Mell, 18.

A atriz entra na trama neste sábado (17). Ela diz que seu objetivo é dar continuidade a um trabalho. "A representatividade agora é sobre outros rostos que quase não aparecem. O Brasil não é composto por brancos e pretos apenas. Estamos aqui, e na verdade fomos os primeiros!", diz. "Para mim é importante estar chegando no horário nobre juntamente com Adanilo, Xamã e Mac Suara", afirma, citando outros atores com ascendência indígena.

Nascida em Nilópolis, na Baixada Fluminense, Mell conta que a personagem chegou num momento difícil de sua carreira. "Sempre batia na trave nos testes por causa do meu perfil. Me diziam que eu era indígena, preta, japonesa, e que não tinham onde me encaixar", lembra ela, que foi avaliada primeiro por videochamada e depois de forma presencial.

"Chorei quando disseram que a Ritinha era minha". Ela lembra que tentou pedir a bênção de Fillardis -e sua tentativa de aproximação não teria sido recebida com, vá lá, muito carinho "Mandei mensagens e cheguei ir a uma peça. Ela só respondeu 'Oi. Precisamos nos ver'... e até hoje, nada".

Sobre a construção da personagem, a atriz afirma que foi feita de forma mais autoral, sem se inspirar na Ritinha do passado, até porque os tempos são outros. Bem diferentes. "Ela vai vir dúbia. É uma mulher ingênua, mas quis fazer ela uma pessoa esperta, atenta. Até porque a segunda fase já vem nos tempos atuais. Por mais que seja no interior, tudo mudou muito, as coisas têm outro timing", diz.

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