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Publicado em 14 de abril de 2023 às 12:45
A eliminação de Thayssa Florindo, Miss Iúna 2022, desclassificada do Miss Universo Espírito Santo 2023 após aparecer em um vídeo de uma briga que foi parar na internet, levantou uma questão: o que pode levar uma candidata à desclassificação em um concurso de beleza?
Cada certame, obviamente, tem suas diretrizes e cláusulas contratuais que definem o que é permitido ou não, especialmente em relação à conduta de comportamento das candidatas. No caso do Miss Universo ES - que segue as regeras do Miss Universo Brasil - conversamos com o coordenador da competição capixaba, Charles Souza, para tentar responder à pergunta inicial do texto.
"Todas as finalistas representantes dos municípios assinam um contrato. Nele, está contido o direito de uso de imagem, como também os termos de participação. Nesses termos, entram as cláusulas que podem gerar expulsão e desclassificação do Miss Universo Espírito Santo", explica o gestor.
Violência
Uma das principais cláusulas desse contrato, de acordo com Charles, está relacionado a não exposição à situação de violência. "Uma candidata poderá ser expulsa, ou ter seu título cancelado, caso cometa qualquer situação que gere ou incentive violência (como ocorrido com Thayssa e podendo ser conferido no vídeo abaixo), descumpra a ética do concurso e fira o padrão de relacionamento interpessoal entre as concorrentes", adianta.
Nudez pública
Uma miss participante de um concurso de beleza não pode aparecer em ensaios sem roupa, por exemplo. Abrir uma conta no badalado Onlyfans, nem pensar. "O envolvimento da candidata durante o reinado em casos, publicações ou situações classificadas como obscenas, especialmente em relação à nudez, sexo ou vulgaridade, levam à desclassificação", enfatiza Souza. Em tempo: ela não pode posar nua - ou aparecer em tapes sexualmente sugestivos - enquanto não coroar a sua sucessora.
Cargo público ou político
Outro fator que leva à desclassificação, conforme regras do concurso, é se a candidata ocupar algum cargo público. A candidata precisa estar licenciada de qualquer posto em órgãos públicos para concorrer ou reinar, assim como não pode aceitar qualquer nomeação ou mesmo participar de qualquer processo eleitoral enquanto ocupar o posto de miss.
Não participar de outro concurso
Outra cláusula deixa claro que uma miss participante do Miss Universo Espírito Santo, ou Miss Universo Brasil, não poderá competir em nenhum outro concurso ou competição a partir do momento em que vencer até o término de seu contrato. Resumindo: a Miss Espírito Santo, por exemplo, não pode participar de qualquer outro certame até passar a faixa para sua sucessora.
Elegância e postura
Outra cláusula essencial é comportar-se conforme os mais altos padrões de moralidade e elegância, de tal sorte que qualquer comportamento que, a critério exclusivo da organização, não atenda a estes padrões, importará na sua desqualificação. "Uma miss não pode aparecer embriagada em ambientes públicos e participar de discussões e confusões", exalta o organizador
Identidade
No caso do Miss Universo Brasil, a candidata precisa ter residido no país de forma permanente pelo período de, pelo menos, seis meses consecutivos antes da realização do concurso. Ela também não pode renunciar a cidadania brasileira até a extinção de todas as suas obrigações caso seja vencedora do certame. No Espírito Santo, de acordo com Charles Souza, a participante não precisa ter nascido no Estado, mas é necessário morar aqui e ter um vínculo forte com a cultura e a sociedade capixaba.
Compromissos oficiais
Souza também garante que uma candidata pode ser desclassificada se faltar - sem justificativa - a compromissos oficiais do concurso, especialmente os pré-confinamentos e o confinamento final
Não é proibido, portanto, não leva à eliminação, qualquer manifestação política e religiosa, por exemplo, mas, de acordo com Charles Souza, tais atitudes não são aconselháveis. "Uma miss representa toda uma sociedade plural e democrática. É interessante manter-se próxima de todos, respeitando todas as opiniões".
O Miss Universo Espírito Santo acontece em 12 de maio, no Sesc Glória, em Vitória. Antes da final, as candidatas entram em confinamento, uma espécie de preparação onde são avaliadas pela organização e pelo corpo de jurados. O mau comportamento das concorrentes nessa etapa também pode levar à desclassificação.
"O relacionamento interpessoal é monitorado pela coordenação no sentido de analisar o comportamento das finalistas, principalmente durante o confinamento (que, este ano, vai acontecer de 8 a 12 de maio) e encontros de pré-confinamento", explica Charles Souza.
Souza explica que todas as participantes são orientadas - e treinadas - pela organização dos concursos de beleza para não cometerem situações que possam desclassificá-la.
"Em relação ao caso ocorrido com a Miss Iúna, como coordenador, lamento a situação, mas tenho certeza sobre sua eliminação. Todas as candidatas são devidamente orientadas desde quando assinam o contrato de participação com o Miss Universo Espírito Santo", aponta.
"O propósito do concurso é defender a sororidade e o empoderamento feminino. O certame repudia situações de incitação à violência, uma das cláusulas mais importantes do contrato. Aliás, isso ultrapassa qualquer barreira contratual".
Para participar do Miss Universo Espírito Santo, a candidata precisa ter entre 18 e 27 anos. Uma mudança nas regras do jogo aconteceu em 2022. Antes proibido, mulheres casadas e com filhos agora podem concorrer à coroa. Mulheres trans também podem se candidatar. Em tempo: Esther Lima Peixoto, Miss Cariacica, será a primeira mãe da história a participar do certame estadual.
Ainda na questão maternidade, Charles Souza afirma não haver proibições de participação de grávidas. "Mas uma gestante não terá como participar da agenda de preparação para outros concursos, compromissos, viagens e eventos. Não poderá estar 100% presente no projeto, pois seu maior objetivo nesse momento é ser mãe. Por isso, a participação de mulheres grávidas não é indicado", explica.
Em anos anteriores, a situação era bem diferente. O fato de uma miss ser casada, por exemplo, causou uma eliminação histórica no Miss Universo Brasil. Joseane Oliveira, coroada em 2002, chegou a disputar o Miss Universo em Porto Rico no mesmo ano. Meses depois, entrou para o "Big Brother Brasil", ganhou notoriedade, e teve seu estado civil investigado e revelado pela imprensa do Rio Grande do Sul, seu estado natal.
Joseane perdeu a coroa após ser provado que se casou em 1998, quando tinha 21 anos. No fim do reinado, e logo que saiu do reality da Rede Globo, a beldade precisou ceder a faixa para a catarinense Taíza Thomsen, então segunda colocada do concurso.
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