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Richarlison: as causas sociais defendidas pelo craque da Seleção Brasileira

De racismo à defesa da vacina, centroavante capixaba mostra engajamento forte fora das quatro linhas do gramado.

Felipe Khoury

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Publicado em 25 de novembro de 2022 às 13:52

O atacante Richarlison fez dois gols no jogo de estreia da Copa do Mundo do Catar
O centroavante Richarlison fez dois gols no jogo de estreia da Copa do Mundo do Catar Crédito: Agência Enquadrar/Folhapress

O Brasil vibrou, nesta quinta-feira (24), com a vitória da Seleção Brasileira na partida de estreia da Copa do Mundo do Catar contra a Sérvia. Com direito a dois gols, sendo um deles cotado como um dos melhores do torneio até agora, o capixaba Richarlison foi o destaque no primeiro jogo do Brasil no torneio.

Com o show dado dentro de campo, logo as redes sociais ficaram em polvorosa com o jogador de Nova Venécia e logo fizeram a linha CSI e levantaram a vida do jogador. Além dos memes - claro -, muitos internautas se surpreenderam que o camisa 9 é bem engajado fora das quatro linhas do gramado.

Luta contra o racismo, pautas sobre o meio ambiente, tratamento de câncer, defesa da vacina, além de diversas ajudas financeiras à projetos no Espírito Santo estão nas pautas abordadas por Richarlison. “Isso é parte do que eu sou, de onde eu vim, da minha origem. Não me considero um cara politizado no sentido que alguns tentam colocar, só me conscientizei do que eu posso fazer, até onde a minha voz pode chegar e quem eu quero ajudar”, disse o jogador em uma entrevista ao Ecoa, do Uol, em 2020.

Abaixo, listamos os assuntos que fazem de Richarlison um craque dentro e fora dos campos.

RACISMO E HOMOFOBIA

Um dos principais assuntos comentados da Copa do Mundo de 2022 é o fato do país sede, o Catar, condena a homossexualidade com punições severas. Em protesto, sete Seleções europeias (Inglaterra, País de Gales, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Holanda e Suíça) usariam uma braçadeira da campanha One Live durante os jogos, o que foi proibido pela Fifa. 

“Aqui eu não sei o que eles irão fazer, se vamos usar a faixa LGBT ou contra o racismo. Independentemente de qualquer coisa, eu apoio qualquer situação, o mais importante é isso”, revelou o jogador do Tottenham, da Inglaterra, em coletiva no Catar, antes da Fifa dar seu parecer.

Como dito pelo próprio capixaba, o racismo também é uma causa que ele luta constantemente. Através do Instagram, em maio de 2020, Richarlison fez uma postagem em forma de protesto após os episódios de racismo contra George Floyd, morto por policiais brancos nos Estados Unidos, e também do estudante João Pedro, de 14 anos, que morreu durante uma operação policial no Rio de Janeiro.

"O racismo é um assunto que nós, que viemos da favela, estamos acostumados. Sempre fui tratado de forma diferente. Acompanhei o caso da morte do João Pedro, no qual a polícia deu mais de setenta tiros em sua casa. Poderia ser comigo. Lá atrás, convivi com tiroteios e fui até confundido com traficante”, contou o capixaba em entrevista à revista Placar.

APOIO À CIÊNCIA

Durante a pandemia da Covid-19, Richarlison expôs publicamente seu posicionamento em favor da ciência. Em 2021, o capixaba se tornou embaixador do programa USP Vida, da Universidade de São Paulo, que realiza diversas pesquisas no combate contra o novo coronavírus. Para angariar fundos, o jogador do Tottenham chegou a fazer um leilão.

 Chuteira utilizada por Richarlison em semifinal foi leiloada
Chuteira utilizada por Richarlison em semifinal foi leiloada Crédito: Divulgação

O centro avante da Seleção Brasileira leiloou sua chuteira, customizada com um pombo, usada na vitória do Brasil sobre o Peru, por 1 a 0, na Copa América. Segundo o jornal da USP, o gesto beneficente de Richarlison rendeu quase R$ 7 mil para o programa USP Vida.

Ainda sobre o apoio do camisa 9 em prol da ciência, em 2021, o capixaba de Nova Venécia fez um apelo aos brasileiros com o intuito de incentivar a vacinação. Em uma matéria publicada pelo site "The Players Tribune", o jogador revelou que estava confiante com a vacina contra a Covid-19 e reforçou ainda que era preciso se manifestar sobre o senso de coletividade.

“Não tenho dúvida de que a vacina é confiável. Mas vejo que ainda tem gente com pé atrás, até mesmo alguns atletas. Uma pessoa que não se vacina pode afetar o grupo de jogadores e o clube no geral. E isso vale para qualquer área ou profissão”, disse o centroavante.

No Twitter, Richalison também comentou sobre a crise que o estado do Amazonas viveu por causa da falta de oxigênio na época do ápice da Covid-19. “Oxigênio para Manaus”, escreveu o jogador em sua conta com mais de 1 milhão de seguidores.

MEIO AMBIENTE

O meio ambiente é mais uma das pautas defendidas por Richarlison fora dos campos. Após uma viagem do capixaba ao Pantanal, o atleta utilizou a coluna que tinha no site The Players Tribune para cobrar medidas mais eficazes no combate aos incêndios que atingiram cerca de 30% do local em 2020.

"Quero falar de algo muito importante para mim e que deveria importar para você também. Estou muito triste e preocupado com o que está acontecendo no Pantanal. Olha, não sou político. Não consigo interromper as queimadas sozinho. Mas como jogador da Seleção Brasileira, posso ao menos mostrar às pessoas o que está acontecendo. Por isso, postei algumas fotos nas minhas redes sociais em demonstração de apoio ao Pantanal. Não queria apenas me solidarizar com o problema. Era para chamar a atenção das autoridades", disse o capixaba na coluna.

Ainda em 2020, o camisa 9 da Seleção também comentou sobre o apagão que ocorreu no Amapá, deixando o estado sem luz por 10 dias. "Infelizmente o povo do Amapá não vai poder ver meu gol hoje porque não tem luz há duas semanas. Estão vivendo dias muito difíceis e espero que resolvam isso logo. Queria dedicar o gol e a vitória de hoje a todos os amapaenses", escreveu nas redes sociais.

Por conta da repercussão de seu relato, a Nike e a ONG Onçafari convidaram o craque a retornar ao Pantanal neste ano para conhecer o trabalho da instituição. A organização fundada pelo ex-piloto Mario Haberfeld é focada na preservação da onça-pintada através do ecoturismo e pesquisas científicas. Inclusive, o atleta chegou a adotar simbolicamente uma onça, a quem batizou de Acerola.

“Além de aprender sobre a inspiração da nossa nova camisa da seleção, a experiência foi tão massa que resolvi adotar simbolicamente uma onça que vai se chamar Acerola. O Acerola continuará vivendo lá com outras onças e animais, de forma livre, mas também monitorado pela ONG como parte de um estudo para entender melhor o comportamento da espécie e ajudar a preservá-la”.

APOIO NO ES E AJUDA FINANCEIRA

Além das causas mencionadas nesta matéria até agora, não podemos deixar de abordar o lado social ligado à sua comunidade.  Uma delas foi a doação de 500 cestas básicas para serem distribuídas a moradores de bairros carentes de Nova Venécia. O gesto do centroavante foi uma forma de ajudar as pessoas que estavam passando por dificuldades por causa da pandemia.

Em 2019, Richarlison também contribuiu com R$ 50 mil para uma campanha dos estudantes do Instituto Federal do Espírito Santo, campus de Nova Venécia, que tinham o sonho em disputar a Olimpíada Internacional de Matemática em Taiwan, na Ásia.

O jogador capixaba Richarlison
O jogador capixaba Richarlison Crédito: Lucas Figueiredo / CBF

Fora do Espírito Santo, o capixaba também ajuda na alimentação de pacientes com câncer e seus parentes sem condições financeiras para arcar com tratamentos particulares. Em entrevista à ESPN neste ano, o jogador revelou que 10% do seu salário é destinado à Casa de Apoio Instituto Padre Roberto Lettieri, em Barretos, em São Paulo.

“Muita gente não sabe. No Brasil, eu tenho uma casa, em Barretos, onde tem um hospital de câncer. Tem uma casa lá para ajudar as pessoas que não tem grana para poder ficar lá. Então ali eles têm comida de graça, tem tudo de graça. 10% do meu salário vai para lá para ajudar essas pessoas”, frisou o capixaba.

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