Publicado em 26 de dezembro de 2024 às 12:00
Ney Latorraca, que morreu na manhã desta quinta-feira (26), aos 80 anos, era chamado por muitos fãs de "Seu Neyla".
Ele contou a confusão dos fãs no Programa do Jô em 2014. "Meu nome não é 'Neyla' não. Já falei 500 vezes, viu?".
"Como é que te chamam na rua?" "questionou Jô. "Eu gosto muito do seu trabalho, Seu 'Neyla'", respondo Ney, arrancando risos da plateia.
A confusão virou nome da peça "Seu Neyla", escrita por Heloísa Perissé e lançada em 2022, para celebrar os 60 anos de carreira do ator. A peça contava a história de quatro atores e um diretor, que ensaiam um espetáculo sobre a carreira de um dos maiores ícones da dramaturgia brasileira. Ney, protagonista, atuou por chamada de vídeo ao vivo, direto de sua casa.
A causa da morte foi uma sepse pulmonar após o agravamento do câncer de próstata, com o qual foi diagnosticado em 2019. Ney estava internado na Clínica São Vicente da Gávea, no Rio de Janeiro, há seis dias.
Ao receber o primeiro diagnóstico, Ney passou por uma cirurgia de remoção da próstata. A doença voltou em agosto deste ano, já com metástase. Houve o tratamento inicial, porém sem sucesso.
Antonio Ney Latorraca nasceu em Santos, São Paulo, no dia 25 de julho de 1944. Era filho de artistas, Alfredo, cantor e crooner de boates, e Tomaza, corista.
Com apenas 6 anos, fez participações na Rádio Record. Aos 19, passou em seu primeiro teste e fez "Pluft, o Fantasminha", de Maria Clara Machado.
Durante a década de 1970, atuou em vários espetáculos, entre eles: "Hair" (1970), "Jesus Cristo Superstar" (1972), "Bodas de Sangue" (1973) e "A Mandrágora" (1975).
Paralelo à carreira de ator, trabalhou em loja de roupa feminina, foi vendedor de pedras semipreciosas e funcionário de um banco.
Ney Latorraca passou pela TV Tupi, TV Cultura, depois pela TV Record, onde trabalhou por cinco anos.
Sua estreia na TV Globo aconteceu em 1975 na novela "Escalada", onde interpretou Felipe, que não falava. "Ele só balançava a cabeça. E o que aconteceu? Um mês depois que a novela estreou, o personagem fazia tanto sucesso que todo mundo queria saber quem era aquela pessoa jogada pelos cantos, muda", disse Ney ao Memória Globo.
Depois do sucesso como Felipe, Ney assinou um contrato de dois anos com a emissora. Emendou com "Estúpido Cupido" (1976), como Mederiquis. Aos 33 anos, Ney viveu um adolescente de 17, que só se vestia de preto e pilotava a lambreta Brigite.
Em 1984, atuou em "Anarquistas, Graças a Deus", uma de suas minisséries preferidas. "Eu fiz um baita sucesso, fui capa de todas as revistas. Todo mundo amava", disse ele.
Além das diversas novelas, minisséries e também filmes no cinema, experimentou um exercício diferente com "TV Pirata", em que encarnava Barbosa.
"Era um velho tarado, de cabeça branca, com um pouco de bico. Mas eu comecei a aumentar o bico, tanto que, meses depois, só dava Barbosa e todo mundo imitava. Foi um baita sucesso", disse Ney Latorraca ao Memória Globo.
Em 1986 estreou, com Marco Nanini, o maior sucesso do teatro brasileiro, "O Mistério de Irma Vap" que permaneceu mais de 11 anos em cartaz.
Em 1990, Ney foi para o SBT, onde atuou na novela "Brasileiras e Brasileiros". Já em 1991, ele retornou para a Globo e fez sucesso em "Vamp" - novela que só aceitou atuar porque, inicialmente, faria apenas nove capítulos.
A última novela na Globo foi "Negócio da China" (2008). Depois, fez uma participação especial de "Meu Pedacinho de Chão" (2014).
Seu último trabalho foi em "Cine Holliúde" (2019), cinco anos após anunciar que se aposentaria. "Está na hora de eu parar. Não quero mostrar minha decrepitude. Quero ficar em casa, descansar, viajar", disse em coletiva de imprensa.
Ney Latorraca deixa o marido, o ator Edi Botelho, com quem era casado há 30 anos. Discreto, o casal chegou a trabalhar junto em algumas peças.
O local, horário do velório e cremação do corpo ainda não estão definidos.
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