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Temos que normalizar falar sobre sexo, diz Priscila Fantin

Em cartaz com a peça 'Precisamos Falar de Amor Sem Dizer Eu te Amo', atriz conversa sobre casamento, traição, depressão e sensacionalismo envolvendo seu nome

Publicado em 17 de fevereiro de 2024 às 09:18

 Priscila Fantin e o marido, Bruno Lopes: 'Muitos casais traem por não se conhecerem e não se permitirem, sexualmente falando'
Priscila Fantin e o marido, Bruno Lopes: 'Muitos casais traem por não se conhecerem e não se permitirem, sexualmente falando' Crédito: Reprodução

Prestes a completar 41 anos (no próximo domingo, 18), a atriz Priscila Fantin conta que está vivendo uma de suas melhores fases, tanto profissional quanto pessoalmente. Casada com o ator Bruno Lopes, encara com ele o desafio de dirigir e atuar em uma peça teatral cujo tema é o amor.

Segundo ela, estar no mesmo palco ajuda a fortalecer os laços afetivos e de confiança entre os dois. A vida sexual anda ótima também -e este é um assunto sobre o qual ela gosta de falar e acha importante debater, seja com seus fãs, pelas redes sociais, seja com jornalistas. "Temos que normalizar falar sobre sexo, até para instruir melhor quem precisa entender alguns riscos. E os benefícios também", diz.

Em entrevista à reportagem, a atriz, com projetos futuros que incluem série e filme, fala sobre seus 25 anos de TV, a fase em que descobriu ter depressão e mania de perseguição, e também sobre a realização de um "sonho de menina": trabalhar em outro país. Leia abaixo.

PERGUNTA - Você está comemorando 25 anos de TV. Como foi sua estreia em Malhação, em 1999?

PRISCILA FANTIN - Eu morava em outra cidade e queria ser nutricionista. Da noite para o dia, aos 16 anos e de comportamento reservado, estava me entregando a uma profissão inimaginável, sustentando a família e sendo reconhecida na rua. Profissionalmente falando, foi a minha escola.

P - Você e seu marido estão juntos na peça 'Precisamos Falar de Amor Sem Dizer Eu te Amo'. Que tal a experiência?

PF - O espetáculo existe desde 2018, então já estamos bem azeitados na convivência profissional. Discussões saudáveis fazem parte de um processo construtivo, afinal cada um tem que trazer seu olhar para o todo, concorda?

P - O tema da peça também ajuda no relacionamento de vocês?

PF - A peça fala sobre diferentes linguagens de amor e acho que essa é a maior dificuldade nos relacionamentos, não só os conjugais. Entender que cada um tem a sua forma de expressar o amor e também de como se sentir amado.

P - Como assim?

PF - Romantizar o sofrimento em nome do amor é um desserviço. Acreditar que somos incompletos e precisamos encontrar nossa metade é um erro. O amor é saudável, positivo, ele impulsiona, aplaude e torce pelo voo de quem se ama.

P - Você e o Bruno Lopes falam abertamente sobre sexo. Não há tabus?

PF - A gente tenta derrubar alguns tabus porque nós vemos que muitos casais caem na traição por não se conhecerem e não se permitirem, sexualmente falando. Temos que normalizar falar sobre sexo, até para instruir melhor quem precisa entender os riscos que isso pode trazer. E os benefícios também.

P - Pode falar mais sobre isso?

PF - Crescemos aprendendo que sexo é sujo, é vulgar e isso não é culpa do sexo em si, mas de como as pessoas se escusam dele. Esperamos que casais encontrem o prazer entre si e não caiam na armadilha de aceitar que qualquer aventura fora do casamento possa servir para aliviar e conviver melhor em casa. Acreditem ou não, a maioria é assim, infelizmente.

P - Fale um pouco sobre seus planos pós-peça.

PF - Vou estrear o longa 'Partiu América', com Matheus Ceará, e entrar na segunda temporada da série 'Luz'. A segunda parte do espetáculo já está ficando pronta e relançaremos o podcast assim que o estúdio que estamos construindo ficar pronto. Também pretendemos tirar nossos projetos audiovisuais do papel: o filme e a série de 'Precisamos Falar de Amor Sem Dizer Eu te Amo'.

P - Você foi mesmo sondada para entrar no BBB 24?

PF - Não rolou sondagem. Eu realmente não sei como podem jornalistas, entre aspas, criarem histórias e fazerem as pessoas acreditarem nelas. Quando estudei jornalismo, isso era proibido (risos), afinal, não se deve enganar os leitores. Aliás, com o avanço e a rapidez das redes sociais, as pessoas têm cada vez mais preguiça de ler uma matéria completa, se apegando somente às manchetes sensacionalistas.

P - Você foi vítima de uma dessas manchetes, não?

PF - Sim, no caso da 'garçonete em Paris'. Fizeram as pessoas acharem que desisti da minha carreira para ser garçonete ou que fiz isso para tentar curar uma depressão ou que estou fazendo isso exatamente nesse momento da minha vida. Soltam uma frase sem contexto e sem se importar com o entendimento das pessoas em relação ao que está sendo dito. É falta de responsabilidade e de ética profissional.

P - Pode contar o que aconteceu de verdade nessa história de Paris?

PF - Trabalhar como garçonete era uma vontade desde adolescente. Queria estudar, fazer intercâmbio e me sustentar onde quer que fosse. A independência/liberdade financeira foi uma vontade que brotou cedo em mim. Aproveitei uma entressafra das novelas e fui realizar esse sonho de menina. O trabalho em si não tem nada a ver com o período emocional e de questionamentos em que estava inserida. Mas ter ido para outro país, sim. A convergência dos fatos é que eu havia ganhado essa passagem [para Paris] havia quase um ano e logo ela expiraria.

P - Você trabalhava na época?

PF - Eu estava em cartaz e comecei a ter mania de perseguição. Então aproveitei o ensejo para verificar se aquilo que eu vivenciava tinha alguma base concreta ou se era parte de alguma doença. Por fim, concluí que não tinha embasamento concreto. Assim que voltei de viagem, me consultei e recebi o diagnóstico de depressão. Só então comecei a me cuidar e a entender sobre o que eu tinha.

P - Como foi esse momento com depressão?

PF - Eu não sabia direito o que era, só sabia que eu não sentia nada e era isso que me deixava aflita, sem saber no que pensar ou como agir. Não tinha nenhuma trilha que indicasse como me cuidar, como voltar a sentir emoções ou viver experiências. Como já faz quase 15 anos, entendi como lidar e do que preciso para não me deixar levar pela doença novamente.

P - Qual é o caminho?

PF - O caminho é o autoconhecimento profundo. Aquele que você enxerga suas falhas e as assume, aquele que você não quer vivenciar porque dói, aquele que faz você querer fugir da realidade quando sai para o rolê. Aquele que te incomoda e que você faz de tudo para evitar encarar. Só passando por isso você se conhece o suficiente para não se deixar desviar do que precisa.

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