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Publicado em 21 de janeiro de 2022 às 18:43
Centenas de pessoas passaram pelo foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro nesta sexta para se despedir da cantora Elza Soares, morta aos 91 anos na quinta-feira.
O velório, que começou pela manhã, se encerrou no início da tarde com uma homenagem do elenco do musical sobre a vida da cantora que estreou há quatro anos. Os atores entoaram composições de Chico Buarque que fizeram sucesso na voz rasgada da cantora, "Dura na Queda" e "O Meu Guri". Por fim, cantou "A Mulher do Fim do Mundo", do álbum homônimo, lançado em 2015.
Quando o evento foi aberto ao público, sete coroas de flores adornavam o espaço ao redor do caixão. Cerca de duas horas depois, ali ainda estavam uma escultura de são Jorge em seu cavalo, além de mais quatro coroas de flores - uma delas enviada por Zeca Pagodinho e a outra, pelo Clube de Regatas do Flamengo. Após uma bandeira do time ser estendida sobre o corpo da cantora, o público puxou uma salva de palmas em honra a ela.
As coroas dividiam espaço com integrantes da velha guarda da Mocidade Independente de Padre Miguel, escola de coração da cantora. Elza desfilaria mais uma vez por ela neste ano. Vice-presidente da escola de samba, Luiz Cláudio Ribeiro disse que, quando recebeu a notícia de que o enredo versaria sobre Oxóssi, ela logo quis participar - sua mãe de santo era justamente Stella de Oxóssi.
A cantora fecharia o desfile, no último carro alegórico. "Agora já estamos pensando de que forma, sem a presença física de Elza, fecharemos o desfile. Será uma grande homenagem", diz ele, acrescentando que a história da escola de samba se confunde com a figura de Elza.
Enquanto isso, os fãs, todos de máscara, aguardavam a entrada no teatro em fila indiana, sob sol forte. Para evitar aglomerações, entravam um a um no teatro e logo cediam a vez para o próximo se despedir da cantora. Os portões do Municipal estavam abertos, permitindo a ventilação no local.
O prefeito Eduardo Paes, que anunciou nas redes sociais que decretaria luto de três dias na cidade pela "perda dessa grande carioca", esteve no local pela manhã e destacou a relação da cantora com a cidade. "Todos nós estamos tristes, mas é dia de celebrar a vida dessa mulher, a força que nasce das periferias e da mulher negra", disse.
Seu secretário de Cultura, Marcus Faustini, também passou por ali e destacou o exemplo deixado pela artista. "Elza Soares foi um exemplo do poder do canto brasileiro", afirmou.
Segundo a assessoria de imprensa do Municipal, mais cedo, Vanessa Soares, neta mais velha de Elza, comentou a trajetória da avó, que teve oito filhos, oito netos e seis bisnetos. "Minha avó deixa como legado mulheres fortes. Famílias de mulheres fortes."
Também antes da abertura do velório da artista ao público, Pedro Loureiro, empresário da artista, lembrou que o último desejo de Elza, gravar o derradeiro DVD da carreira, foi cumprido, dias antes de morrer, nos dias 17 e 18 deste mês. "Ela estava muito bem de saúde e teve performances fantásticas", disse. Segundo Loureiro, Elza teve uma morte serena. Pouco tempo antes da chegada da ambulância, a cantora disse a ele "estou indo embora".
Muito emocionados, o casal de atores Lázaro Ramos e Taís Araújo chegaram ao Municipal no fim do velório. "Difícil conseguir definir Elza em uma palavra. Ela era um exemplo no ativismo, na música para todas as gerações", disse Ramos. "Elza preparou o terreno para nossa geração e para outras que virão. Não queríamos que ela tivesse tantas lutas", afirmou Araújo.
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