O tratamento inadequado pode agravar a queda capilar. Crédito: Anastassiya Bezhekeneva | ShutterStock
A alopecia, o nome médico que caracteriza a perda de cabelos, é uma condição com vários motivos e gera um grande impacto emocional nas mulheres e nos homens. O problema, que também pode surgir em jovens, precisa ser sempre investigado por um médico, a fim de evitar piorar a queda ou, até mesmo, afetar a saúde.
"O autodiagnóstico e a automedicação nunca são benéficos. Até mesmo suplementos de vitaminas que parecem inofensivos podem causar problemas", afirma a Dra. Lilian Brasileiro, médica especialista em Dermatologia e em Medicina Capilar.
ESCOLHAS NO TRATAMENTO
Suplementos, medicamentos, loções, laser, LED, microagulhamento, mesoterapia ou, até mesmo, transplante capilar são algumas das opções de tratamento. Todavia, a escolha de uma ou mais delas depende das causas da queda e das preferências do paciente, como explica o Dr. Danilo S. Talarico, médico pós-graduado em Tricologia Médica e Cirurgia Capilar.
No caso dos medicamentos, a Dra. Lilian conta que alguns dos efeitos adversos mais comuns incluem diminuição da libido, disfunção erétil, alterações na ejaculação, sensibilidade mamária e alteração do ciclo menstrual. "Para reduzir a ocorrência deles, os hormônios devem ser dosados antes de iniciá-los e as doses devem ser manejadas pelo médico, reduzindo drasticamente as chances de efeitos colaterais", diz a médica.
PERIGOS DO USO DA BIOTINA
A biotina, por exemplo, costuma ser usada sem orientação médica e em altas doses por quem deseja reduzir a queda dos fios. No entanto, conforme explica o Dr. Danilo, a probabilidade de um indivíduo saudável ter deficiência de biotina e isso causar a queda de cabelo é pequena. "Não há fortes evidências de que a ingestão de altas doses tenha algum impacto no crescimento dos cabelos, principalmente se o paciente não tiver deficiência desse nutriente", afirma o médico.
Além de provavelmente não funcionar para cessar a queda de cabelo, pois não há evidências científicas robustas para o tratamento de tal problema, a biotina pode mascarar problemas cardíacos.
"Tomar biotina sem orientação pode resultar em níveis muito altos de vitamina B7 (biotina) no organismo, o que pode afetar os testes feitos para diagnosticar doenças, como anemia, câncer, doenças cardíacas ou relacionadas aos hormônios. Se há muita biotina livre de flutuação no seu sistema, o resultado do exame pode ser alterado", afirma a Dra. Lilian Brasileiro.
PREJUÍZOS DO USO DE MINOXIDIL TÓPICO
Padrão-ouro no tratamento domiciliar da queda de cabelo, o minoxidil promove o aumento da circulação sanguínea do couro cabelo com consequente melhora da nutrição da região, segundo o Dr. Danilo S. Talarico. "Com isso, ocorre a prolongação da fase anágena, ou seja, a fase de crescimento dos fios, que passam a nascer mais fortes e saudáveis", explica o médico.
Contudo, é importante lembrar que o minoxidil é um medicamento. "Logo, o ideal é que o produto seja utilizado apenas sob indicação médica, pois, em alguns casos, são necessários outros tipos de tratamentos mais específicos para que realmente haja algum resultado. Além disso, o produto não é nenhum elixir milagroso e tem seus efeitos colaterais bem desagradáveis como dermatite de contato por irritante primário", diz o Dr. Danilo.
QUEDA DE CABELO
Além disso, segundo o especialista, este medicamento pode desencadear um efeito que pode causar preocupação, conhecido como 'shedding hair'. Nesse processo, o medicamento acelera a queda de fios que já estavam prestes a cair (na fase catágena).
O avanço desta fase pode resultar no surgimento de novas áreas de afinamento capilar, o que pode desencorajar o uso da medicação. "Mas essa é uma queda perfeitamente esperada, já que o cabelo cai em mosaico, ou seja, caem alguns fios hoje, outros amanhã. E eles crescerão futuramente", diz o Dr. Danilo.
OUTROS EFEITOS COLATERAIS DO MINOXIDIL
Conforme explica o médico, também existem riscos ao usar excessivamente o minoxidil. Isso porque ele pode causar efeitos colaterais como irritação, alergias e hipertricose, com crescimento de pelos em diversas regiões faciais.
Então, para evitar problemas de uso, muitos apostam no minoxidil oral, que também tem seus riscos: "É importante ressaltar que o minoxidil oral apresenta riscos e efeitos colaterais potenciais, como retenção de líquidos, hipotensão (pressão arterial baixa), crescimento excessivo de pelos em outras partes do corpo e reações alérgicas", completa a Dra. Lilian.
Ingerir medicação inapropriada pode gerar diversos efeitos na pele e no corpo. Crédito: Shutterstock
EFEITOS COLATERAIS DO USO DE FINASTERIDA
A finasterida, segundo a Dra. Lilian, age reduzindo a conversão da testosterona em di-hidrotestosterona (DHT), dificultando a oferta e o acoplamento desse hormônio no folículo capilar, reduzindo assim a miniaturização dos folículos capilares e prolongando o ciclo de crescimento do cabelo. Apesar de ser um medicamento, pode ser adquirido sem prescrição médica.
"Mas esse não é definitivamente um bom negócio, uma vez que a queda capilar pode ser causada por outros fatores, como disfunção da tireoide ou anemia ferropriva. Além disso, existe uma extensa lista de efeitos adversos, que devem ser discutidos na relação médico-paciente", diz. Entre os efeitos colaterais desse medicamento, citados pela médica, estão: diminuição da libido, disfunção erétil, diminuição do volume do líquido ejaculado, entre outros.
Conforme o Dr. Danilo, é possível solicitar exames como uma medida preventiva para reduzir o risco de efeitos colaterais. Além disso, é importante destacar que as mulheres em idade fértil não devem conceber enquanto estão em tratamento com a medicação finasterida, uma vez que existe o perigo de causar malformações fetais e ambiguidade genital.
"Em casos selecionados, o uso da medicação por mulheres deve ser conversado com o médico e um contraceptivo eficaz ser associado", acrescenta o médico.
DIAGNÓSTICO DA QUEDA DE CABELO
Medicamentos, estresse, deficiência nutricional, excesso de Vitamina A, maus hábitos, desequilíbrio hormonal e genética, são várias as causas da queda capilar e o tratamento varia de acordo com a causa. Mas como os médicos fazem para diagnosticar a perda de cabelo?
"O médico age como um verdadeiro detetive, fazendo perguntas e uma investigação aprofundada, sendo que o paciente deve ser fiel à realidade. Ele vai querer saber se a queda de cabelo aconteceu repentina ou gradualmente; quais medicamentos você toma; quais alergias você tem; e se está fazendo dieta. As mulheres podem ser questionadas sobre seus períodos menstruais, gestações e menopausa", diz o Dr. Danilo.
Além disso, nesse processo, a investigação médica não cessa nas perguntas. "O médico também fará um exame cuidadoso do couro cabeludo e do cabelo, podendo puxar o fio e, às vezes, tirá-lo para obter as provas necessárias. O diagnóstico pode ser feito após a averiguação clínica desse paciente com dosagens laboratoriais, com exame tricológico para saber em que fase os fios estão (anágena, telógena, catagena ou quenógena), e fazendo, ao mesmo tempo, a biópsia do couro cabeludo para confirmar se esse paciente é portador da calvície de padrão familiar e hereditário", diz o médico.
TRATAMENTO PARA QUEDA CAPILAR
Segundo a Dra. Lilian, a partir do momento no qual o paciente recebe um diagnóstico de queda crônica de cabelos, o tratamento geralmente é para toda vida e o seu alvo é engrossar os cabelos finos, impedir que os fios que continuam saudáveis também se afinem e, principalmente, manter os folículos vivos, já que nenhum tratamento é capaz de criar um folículo capilar, nem mesmo o implante.
O Dr. Danilo explica que o tratamento pode ser feito em consultório com lasers, LEDS, microagulhamento, mesoterapia ou, até mesmo, transplante capilar. Em muitos casos, segundo a Dra. Lilian, é importante atuar de forma complementar, melhorando a limpeza e a saúde do couro cabeludo.
Este vídeo pode te interessar
Se você notou alguma informação incorreta em nosso conteúdo, clique no botão e nos avise, para que possamos corrigi-la o mais rápido o possível