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Publicado em 20 de março de 2023 às 17:38
As doenças bucais atingem a população mundial em todas as idades. Dados mostram que 3,5 bilhões de pessoas (45% da população mundial) sofrem de doenças bucais. Esse foi o resultado de um relatório feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A cárie lidera o ranking e afeta 2,5 bilhões de pessoas no planeta. Em segundo lugar está a doença periodontal, com cerca de um bilhão de casos (responsável pela maioria das perdas de dentes) e, com 380 mil novos casos a cada ano, está o câncer bucal em terceiro lugar.
Para conscientizar a população sobre a importância da prevenção, hoje (20) é celebrado o Dia Mundial da Saúde Bucal. Estudos científicos tornam cada vez mais evidentes a relação entre a má higiene oral e o risco de enfermidades graves, como doenças cardiovasculares e até tumores malignos.
"Além da escovação diária e a limpeza correta dos dentes e da boca, a saúde bucal inclui escolhas e atitudes que precisam ser priorizadas. Entre elas, a ida regular ao dentista, que cuida dos dentes e ainda é capaz de identificar lesões suspeitas na cavidade oral e, assim, encaminhar o paciente para uma investigação mais detalhada", diz a dentista oncológica Beatriz Coutens.
Segundo a cirurgiã dentista Talita Dantas, qualquer tipo de infecção ou contaminação presente na boca pode estar relacionado às doenças periodontais, que podem também causar riscos à saúde do paciente como um todo, como doenças cardíacas e até diabetes. O grande problema é que as doenças periodontais e o câncer são doenças silenciosas, ao contrário da cárie, cuja dor é um sinal comum.
"Quando o paciente relata sintomas, muitas vezes, o problema já está avançado, o que dificulta o tratamento. Quando negligenciadas, já temos comprovação de problemas cardíacos associados a infecções bucais, como a endocardite bacteriana, que ocorre quando as bactérias da boca entram na via sistêmica cardíaca e agrava a saúde do paciente”, explica.
A maioria das doenças bucais pode ser evitada por meio de prevenção e mudanças de hábitos diários. "As principais doenças em boca são a cárie e as periodontais, que envolvem gengiva e osso, e ambas são desencadeadas por processos inflamatórios e infecciosos, a partir da presença de bactérias na boca, e isso se previne com higiene. Portanto, quanto maior e mais periódica a higiene bucal, menor a incidência dessas doenças", diz Beatriz Coutens.
Os principais cuidados são a higiene com uso de escovas de dentes adequadas, com cerdas macias, e periodicidade na escovação; uso do fio dental, que precisa ser diário. E tem a higienização da língua, que vai influenciar na saúde dos dentes porque ela está no contexto da cavidade oral, em contato com os dentes e também acumula placa bacteriana.
Tártaro
É o acúmulo da placa bacteriana, que é uma estrutura mais amolecida, e a presença de sais minerais na saliva provocam o endurecimento dessa placa. Quando ocorre o endurecimento dessa placa, a remoção só é possível ser feita no consultório do dentista. Como prevenir: o recomendado é por meio da higiene adequada dos dentes. Se não há acúmulo de placa bacteriana, não tem tártaro. Como em alguns locais é difícil manter a higienização perfeita, é fundamental que sejam feitas visitas periódicas ao dentista para que seja avaliada a saúde geral dos dentes e da boca. A higiene oral deve ser, inclusive, orientada pelo dentista porque existem situações que necessitam de mecanismos específicos para cada paciente, levando em conta algumas individualidades.
Halitose
A halitose é o mau hálito, que normalmente acontece devido à presença de bactérias que liberam gases com odores, o que se consegue prevenir com higiene. Essas bactérias são anaeróbias, ou seja, não gostam de oxigênio, e se acumulam em locais onde são mais difíceis de serem removidas, como amídalas, entre gengiva e dente. O mau hálito também pode estar associado à alteração na produção de saliva porque a própria faz um movimento de autolimpeza, que auxilia na higiene natural. E quando há uma saliva muito espessa, que ocorre com quem bebe pouca água, pode ocorrer um acúmulo de sais minerais que podem promover maior produção de tártaro, causando o mau hálito. Como prevenir: o uso do fio dental, a higienização da língua e o gargarejo ajudam a evitar o problema.
Gengivite
A principal causa da gengivite é a formação da placa bacteriana ao redor dos dentes. Essas bactérias irritam a gengiva e caso sejam mantidas de forma contínua, podem causar a inflamação do tecido gengival. "Uma outra causa muito comum é a gengivite em gestantes, isto porque as alterações hormonais somadas a uma deficiência na higiene oral, também contribui para o desenvolvimento da doença", diz a cirurgiã-dentista Nicoly Dalmasio. A progressão da gengivite leva a periodontite, que é a perda óssea ao redor dos dentes, com consequente perda dentária. Como prevenir: é recomendado manter uma boa higiene oral, hábitos alimentares saudáveis (com baixo consumo de açúcares e carboidratos) e frequentar o seu cirurgião-dentista no mínimo a cada seis meses.
Cárie
A cárie é uma doença infecto-contagiosa multifatorial, isto é, depende de vários fatores para se instalar. "A cárie inicia com uma mancha branca e pouco a pouco vai destruindo a estrutura dentária até atingir a polpa (nervo do dente) e necrosar o dente, sendo necessário o tratamento endodôntico (canal). Muitas vezes ela é silenciosa, por isso é tão importante a consulta preventiva no dentista, pois só o profissional conseguiria diagnosticar uma cárie em estágio inicial. É possível sentir dor apenas quando a cárie está chegando próximo ao nervo do dente", explica Nicoly Dalmasio. Como prevenir: manter uma boa higiene oral, hábitos alimentares saudáveis e frequentar o seu cirurgião-dentista a cada seis meses.
Periodontite
A periodontite é uma evolução da gengivite que não foi tratada. E diferente da gengivite, a periodontite não tem cura. O paciente vai precisar controlar a doença com visitas mais frequentes ao dentista. "Os sintomas mais comuns da doença periodontal avançada são a halitose, as gengivas retraídas ou sensíveis, o desconforto na mastigação, o sangramento das gengivas e a mobilidade dentária, com consequente perda do elemento", explica Nicoly Dalmasio. O tratamento: deve ser feito de acordo com as causas e o estágio da doença. Uma vez tratada a tempo, ela pode se estabilizar, evitando a perda óssea e o acúmulo de tártaro na raiz do dente. Mas, se isso não ocorrer, ela pode evoluir para consequências mais graves, como a perda dos dentes.
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