• Luciana Almeida

    É jornalista e tem um olhar atento sobre comportamento, arte, relacionamentos e lifestyle. Compartilha as suas ideias sempre com a intenção de criar ambientes favoráveis ao desenvolvimento das pessoas

Afinal, o que é o ócio criativo?

Publicado em 16/09/2023 às 10h00
Trabalho, ócio criativo, criatividade

Crédito: Shutterstock

A morte do sociólogo italiano Domenico De Masi no último sábado, em Roma, me fez refletir sobre uma de suas obras que mais sacudiu o mundo: o livro Ócio Criativo. Mas, você sabe o que ele quis dizer com esse termo?

Se o seu trabalho é rentável e pode ser conciliado com estudo e lazer, você pratica ócio criativo. Ele não se refere, como muitos pensam, em um ato de não fazer nada. Não é preguiça. O ócio criativo é a plenitude do indivíduo integral, na qual se pode conciliar três coisas em nossas atividades: o trabalho, o estudo e momentos de lazer.

Por quê? Porque devemos respeitar que a razão e emoção andam juntos. Elas se complementam o tempo inteiro. E mais: razão mais emoção resultam em criatividade. A criatividade é a síntese de razão e emoção. Não podemos valorizar demais a razão e esquecer da emoção. Não é somente o “penso, logo existo”. Essa filosofia fica mais completa quando “sinto, logo existo”; ou “danço, logo existo”. Entende? Fantasia e concretude juntas. Essa é a síntese da criatividade.

Temos, hoje, muito mais tempo do que nossos antepassados, temos mais máquinas que poupam o tempo, enriquecem o tempo, armazenam o tempo, e programam o tempo, porém, mesmo assim, estamos sempre com a sensação corrente de que temos menos tempo.

Por que isso acontece? Segundo Domenico, uma das respostas pode estar no consumismo. O consumismo nos traz essa sensação de falta de tempo. Tudo o que temos não é suficiente, precisamos de cada vez mais; continuamente. A publicidade desperta em nós, os desejos. O banco nos empresta dinheiro para que possamos satisfazer os desejos. Devemos trabalhar para pagarmos aos bancos e, para trabalharmos, precisamos correr; caso contrário não conseguimos satisfazer às novas necessidades.

Essa busca contínua cria uma desigualdade, isso é, uma desigualdade entre as necessidades e os recursos. Se nos contentássemos com os nossos recursos, estaríamos bastante satisfeitos. Agradeço a ti, Domenico, por nos fazer pensar em nós mesmos diante de nosso próprio e confuso tempo.

Até a próxima!

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