Afinal, quem é diabético pode tomar bebida alcoólica?

É preciso ter cuidados quanto à quantidade e ao tipo de bebida, evitando complicações relacionadas ao consumo de álcool como hipoglicemia e ganho de peso por exemplo

Vitória
Publicado em 04/05/2022 às 15h41
Homem bebendo vinho

O recomendado para os homens diabéticos é consumir duas taças de 150ml de vinho . Crédito: Shutterstock

Pessoas com diabetes podem consumir bebidas alcoólicas, mas é preciso cuidado redobrado. A endocrinologista Sabrina Ribeiro França Machado explica que ao contrário do que muitos pensam, os portadores de diabetes podem consumir bebidas alcoólicas. Mas é preciso ter cuidados quanto à quantidade e ao tipo de bebida, evitando complicações relacionadas ao consumo de álcool como hipoglicemia e ganho de peso.

Hipoglicemia é quando a quantidade de açúcar no sangue cai a níveis inferiores a 70mg/dl, e a glicose, por ser a principal fonte de energia para as células. Quando a glicose está muito baixa no sangue, pode levar a ter de sintomas leves, como tonteiras, sudorese, tremores e taquicardia, até os mais graves, como confusão mental, perda da consciência, convulsões e até mesmo a morte - se a hipoglicemia for muito grave.

"Alguns estudos, inclusive, já demonstraram que o consumo leve a moderado melhora a sensibilidade a insulina, reduzindo o risco de desenvolver diabetes, assim como redução da mortalidade nos pacientes diabéticos", diz a médica.

A endocrinologista conta que quando o diabético ingere álcool com frequência, além da dependência ao álcool, pode causar alteração dos níveis de glicose - tanto para mais quanto para menos, dependendo da frequência e da quantidade consumida -, pois o controle da glicemia pelo fígado pode ficar prejudicado.

"O fígado é sobrecarregado e o mecanismo de regulação da glicemia fica prejudicado. O fígado deixa de liberar glicose dos seus estoques (glicogenólise) para o sangue, ou, quando em jejum, deixa de produzir glicose através do mecanismo da gliconeogênese".

"O consumo excessivo de álcool no diabético está associado ao aumento dos triglicerídeos, da pressão arterial, pode interferir nos efeitos das medicações orais e injetáveis para o controle da glicose. O álcool pode causar vermelhidão, náusea, aumento da frequência cardíaca e fala arrastada. Quem bebe muitas vezes acaba se alimentando de forma inadequada, contribuindo ainda mais para o descontrole da doença"

"O consumo excessivo de álcool no diabético está associado ao aumento dos triglicerídeos, da pressão arterial, pode interferir nos efeitos das medicações orais e injetáveis para o controle da glicose. O álcool pode causar vermelhidão, náusea, aumento da frequência cardíaca e fala arrastada. Quem bebe muitas vezes acaba se alimentando de forma inadequada, contribuindo ainda mais para o descontrole da doença"

Sabrina Ribeiro França Machado

QUANTIDADE IDEAL

De acordo com a Associação Americana de Diabetes (ADA) e recomendação da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) a quantidade recomendada é não ultrapassar uma dose por dia para mulheres e duas doses por dia para homens, sendo uma dose definida como 360ml de cerveja, uma taça de 150ml de vinho ou 45 ml de bebida destilada.

Além do controle com a bebida, o recomendado é que o diabético cumpra uma dieta adequada e tenha os níveis de açúcar controlados. "Pois a glicemia aumentada pode causar consequências a curto e longo prazo, levando ao risco de complicações micro e macrovasculares e aumento do risco cardiovascular", diz a endocrinologista. 

Entre as dicas da médica, estão evitar beber em jejum, sempre consumir a bebida alcoólica com uma refeição; evitar consumir bebidas alcoólicas caso esteja em hipoglicemia; não ultrapassar a dose recomendada para diabéticos. "Beba devagar, tome bastante água enquanto ingerir o álcool", indica. 

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