Brendo Yan da Silva teve uma reação alérgica ao comer um bolinho de camarão. Crédito: Reprodução @brendo_yan
O influenciador digital Brendo Yan, de 27 anos, morreu na quarta-feira (26) após ter uma reação alérgica ao comer um bolinho de camarão. O rapaz chegou a ser hospitalizado, mas não resistiu e teve a morte encefálica, em Natal, No Rio Grande do Norte.
Victoria Figueiredo, mulher do influenciador, relatou que eles ganharam o alimento de um vizinho no sábado (22), e comeram sem saber qual era o recheio.
De acordo com Departamento Científico de Alergia Alimentar da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), a alergia alimentar é uma resposta anômala do sistema imunológico contra uma proteína de determinado alimento. Existe uma predisposição genética para isso e nos últimos anos se reconhece a influência do meio ambiente neste processo – mudança de estilo de vida e alimentação são alguns dos fatores mais associados. Ao reconhecer a proteína como algo prejudicial, o sistema imunológico deflagra algumas respostas que acabam por se manifestar em forma de sintomas desagradáveis e potencialmente graves.
No Brasil não há estatísticas oficiais, porém, a prevalência parece se assemelhar com a literatura internacional, que mostra cerca de 8% das crianças, com até dois anos, e 2% dos adultos possuem algum tipo de alergia alimentar.
SINTOMAS
Os sintomas são bastante variados e podem se manifestar de vermelhidões locais isoladas a um colapso cardiovascular. Entre as manifestações possíveis, destacam-se:
- Cutâneas: placas vermelhas localizadas ou difusas por todo corpo (urticária), inchaço de olhos, bocas e orelhas, coceira. A dermatite atópica, lesão de pele extremamente pruriginosa (muita coceira), está associada a alimentos apenas nas formas mais graves.
- Gastrointestinais: diarreia e vômitos imediatos; um mecanismo imunológico conhecido por “não mediado por IgE” pode acarretar sintomas gastrintestinais mais tardios, horas ou dias após a ingestão (leite e soja são os alimentos mais comumente relacionados) e incluem um ou mais dos sintomas: diarreia com ou sem sangue, refluxo exacerbado, perda de peso, vômitos prolongados.
- Respiratório: falta de ar e chiado no peito pode ocorrer de forma imediata após a ingestão do alimento. Pacientes com asma não controlada são mais predispostos a este sintoma.
- Cardiovasculares: a queda da pressão arterial, levando a desmaio, tontura, arroxeamento dos lábios caracteriza o choque anafilático e representa a forma mais grave da doença.
Existe uma lista de 8 alimentos mais comumente alergênicos: leite, ovo, soja, trigo, amendoim, castanhas, peixes e frutos do mar. No entanto, vários outros alimentos vêm paulatinamente ocupando espaço na lista dos alérgenos, caso das sementes (destaque para o gergelim) e algumas frutas. A frequência de alergia a amendoim e castanhas aumentou entre a população pediátrica nos últimos anos.
REAÇÃO ALÉRGICA
Associação Brasileira de Alergia e Imunologia informa que para apresentar uma reação alérgica, o indivíduo deverá ter tido algum contato com o alimento previamente, o que leva à sensibilização. Algumas vezes, esse contato não ocorre de maneira óbvia, por meio da ingestão. A sensibilização pode ocorrer por meio de contato com a pele (exemplos: cremes, hidratantes e pomadas que contenham proteínas de alimentos em sua composição, como leite e algumas castanhas) ou até mesmo via leite materno. Alguns alimentos são ingeridos várias vezes antes do paciente apresentar reações, como os frutos do mar. Outros, como o leite e ovo, geralmente não necessitam de um tempo prolongado de exposição antes de desencadear sintomas.
A maior parte das anafilaxias em crianças de até 5 anos ocorre por alimentos, com chance de óbito se não prontamente atendidas. Ainda que a adrenalina intramuscular (medicamentos de emergência) tenha sido administrada adequadamente no momento da reação, o paciente deverá ser observado por algumas horas, uma vez que há chance de apresentar a mesma reação horas depois.
Alimentos como leite, ovo, trigo e soja, tipicamente iniciados na infância, causam alergias mais efêmeras e grande maioria perde a alergia até a segunda década de vida. Amendoim, castanhas, peixes e frutos do mar, passíveis de iniciar em qualquer idade, são tipicamente persistentes por toda a vida do indivíduo. As características das respectivas proteínas parecem estar relacionadas com a história natural da doença.
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