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Publicado em 8 de junho de 2022 às 18:04
Quem sofre de ansiedade sabe: o medo constante, o sono perdido e a preocupação excessiva passam a fazer parte da rotina. E esses sintomas devem preocupar. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, 18,6 milhões de brasileiros, quase 10% da população, conviviam com o transtorno, o maior número de pessoas com a doença em um país no mundo.
O psiquiatra Rafael Riva, da Aube Cuidados com a Mente, conta que geralmente a ansiedade é caracterizada como uma sensação difusa, desagradável e vaga de apreensão, muitas vezes acompanhada por sintomas como cefaleia, palpitações, aperto no peito, leve desconforto estomacal e inquietação. "A ansiedade é um sinal de alerta, indica um perigo iminente e capacita a pessoa a tomar medidas para lidar com a ameaça. Uma resposta a uma ameaça desconhecida, interna, vaga ou conflituosa".
O médico explica que o transtorno é causado por uma série de fatores, desde os genéticos até os ambientais. "Existem teorias psicanalíticas e comportamentais para sua explicação. Entretanto, em termos biológicos, entendemos que os três principais neurotransmissores (substâncias que se localizam entre os neurônios) associados a ansiedade são a norepinefrina, a serotonina e o ácido-aminobutírico".
A psiquiatra Maria Francisca Mauro explica que os sintomas deixam de ser uma sensação comum e passam a se tornar um alerta, quando aquilo passa a fazer parte da vida da pessoa de uma forma constante. "Se a pessoa observa que isto não teve melhoras, mesmo após tentativas de organizações, deve-se manter atenta e perceber que ela não está dando conta de modificar aquilo sozinha e está prejudicando sua rotina como um todo. É muito importante as pessoas perceberem seus níveis de estresse e de tensão para poderem buscar ajuda".
Em especial, o que causa a ansiedade é um desbalanço entre a forma da pessoa processar a realidade e responder a ela. "Fatores externos propiciam a pessoa a ter uma maior desregulação emocional. E eles podem influenciar a forma como a pessoa irá alterar a sua realidade", explica a psiquiatra.
Para saber quanto tempo os sintomas podem durar, é preciso entender qual quadro está sendo analisado. Maria Francisca Mauro conta que em relação a um quadro de ansiedade generalizada, costuma-se durar por volta de seis meses. "Fatores externos da vida do paciente devem ser levados em conta na hora da avaliar isto. Ataques de pânico são episódios agudos que transmitem uma sensação de tempestade e costumam durar por volta de um mês. Deve-se analisar com que frequência está ocorrendo para ser possível classificar se foi apenas um evento isolado ou se é necessária a intervenção medicamentosa", ressalta.
A ansiedade é uma doença que demanda acompanhamento médico e tratamento. O momento de procurar ajuda médica é ao notar sintomas intensos que repercutam na capacidade funcional do indivíduo, de maneira persistente. "Tratamentos farmacológicos geralmente são fundamentais no início. Após o controle, podemos considerar desde exercícios físicos até psicoterapia como uma alternativa complementar. Muitas vezes, a mudança do estilo de vida é fundamental para resultados mais consistentes", diz Rafael Riva.
Para a ansiedade, o psiquiatra pode indicar o uso de medicamentos para o controle dos sintomas. "Também deve-se fazer o manejo da vida daquela pessoa, ou seja, de que maneira pode se organizar para ter menos estresse e manter uma rotina que proporciona maior tranquilidade. Outro ponto é realizar a psicoterapia, ter um processo de trabalho que a auxilia a entender melhor seu posicionamento no trabalho, na família, no ponto de vista acadêmico, ou seja, conseguir mais elementos para poder processar seus pensamentos e emoções de maneira mais tranquila", diz a psiquiatra Maria Francisca Mauro.
Existem técnicas complementares que ajudam a diminuir níveis de estresse, como técnicas de relaxamento, a ioga, e a prática de exercícios físicos que podem auxiliar a pessoa a ter um diferente nível de liberação de substâncias que também ajudam na modulação dos sintomas de ansiedade. "O ponto mais importante que devemos colocar para a sociedade é que temos tratamentos que dependerão dos níveis de sofrimentos que aquela pessoa se encontra e precisamos, no dia a dia, nos colocarmos mais presentes, com maior tranquilidade e darmos mais espaço ao tempo, sem querer atropelar os acontecimentos da vida, como se tudo fosse urgente", diz Maria Francisca Mauro.
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