Lisa Kristine fez uma coleção que documenta horror e angústia. Crédito: Divulgação Lisa Kristine
Assisti, na semana passada, ao Filme Pureza. Uma produção nacional, que trata do tema do trabalho escravo, com a brilhante atuação de Dira Paes, no papel principal. Baseado em uma história real - na vida de Pureza Loyola - o filme emociona ao mesmo tempo em que desperta a consciência para uma das causas mais importantes no Brasil e no mundo: o trabalho escravo contemporâneo. Pureza recebeu 28 prêmios, entre eles o de melhor filme no festival Rencontres Du Cinéma Sud-américain em Marseille na França.
Recentemente, assisti ao filme 7 prisioneiros, uma produção do Netflix, com Rodrigo Santoro, no papel principal. Filme que também aborda o trabalho análogo à escravidão, no meio urbano.
A famosa frase de Nietzsche, "a arte existe para que a realidade não nos destrua", faz todo sentido aqui. Essas duas produções artísticas mostram a realidade cruel que existe no mundo, bem perto de nós. E nos alerta para não aceitarmos essa realidade.
Lembrei do maravilhoso trabalho da fotógrafa Lisa Kristine. Em 2010, Kristine e a ONG Free the Slaves co-publicaram Slavery, uma coleção que documenta horror e angústia. Sua câmera aponta para escravos presos em fornos, minas e bordéis – imagens palpáveis que testemunham a escravidão moderna. Homens, mulheres, idosos, crianças de diferentes etnias e nacionalidades são submetidos ainda hoje a regimes de trabalho como escravos.
O objetivo desses trabalhos é despertar, por meio da arte, as pessoas para essa monstruosidade que atinge atualmente milhões de pessoas. Vamos aos dados alarmantes, divulgados no site.
- Existem dezenas de milhões de pessoas presas em várias formas de escravidão em todo o mundo hoje.
- Pesquisadores estimam que 40 milhões são escravizados em todo o mundo, gerando US$ 150 bilhões a cada ano em lucros ilícitos para os traficantes.
- Cerca de 12,5 por cento (4 milhões) estão presos na escravidão sexual da prostituição forçada.
- Cerca de 37,5 por cento (15 milhões) estão presos em casamentos forçados.
- Cerca de 25% dos escravos de hoje são crianças.
“O maravilhoso da fotografia é que ela transcende a linguagem”, diz Kristine. Os espectadores sentem uma conexão visceral com as pessoas em suas fotos. Seu trabalho evoca uma inquietação persistente sobre o estado da escravidão moderna, mas também é um motivador para fazer algo a respeito.
Ela registrou o menino Kofi, que foi libertado. Kofi foi escravizado muito jovem e resgatado aos quatro ou cinco anos. Ela o conheceu em um abrigo onde ele estava sendo reabilitado da escravidão.
Lisa Kristine fez uma palestra no TED apresentando as fotos e mostrando a realidade cruel que ela registrou.
Esse projeto, que começou em 2009, tem como objetivo colocar uma luz nessa situação. Por isso, ela fotografou várias pessoas com velas na mão. As fotos estão disponíveis no site da fotógrafa, para venda. Comprando as fotos, os livros, você contribuirá para o projeto, pois parte da renda é revertida para a ONG Free the Slaves.
Encante-se com as belas imagens. Indigne-se com a realidade que elas revelam.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.
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