Câncer de boca: lesões e feridas podem levar ao diagnóstico precoce

É importante ficar atento a alterações sensoriais ou no aspecto das estruturas bucais, pois os sintomas da doença, como lesões internas, podem ser percebidos no cotidiano

Vitória
Publicado em 17/05/2022 às 11h46
câncer de boca

O tumor acomete a cavidade oral. Crédito: Freepik

O câncer da boca é um tumor maligno que afeta lábios, estruturas da boca, como gengivas, bochechas, céu da boca, língua (principalmente as bordas) e a região embaixo da língua. É mais comum em homens acima dos 40 anos, e o quarto tumor mais frequente no sexo masculino na região Sudeste, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A maioria dos casos é diagnosticada em estágios avançados e a previsão é que até o fim do ano sejam diagnosticados no Brasil mais de 15 mil novos casos de câncer de boca.

A oncologista Virgínia Altoé Sessa, da Oncoclínicas ES, conta que esse tumor é o que acomete a cavidade oral. "O mais frequente é o aparecimento de lesões na cavidade oral, feridas que não cicatrizam em até 15 dias, elas podem crescer de tamanho e sangrar. Outros sinais são manchas esbranquiçadas e/ou vermelhas que podem aparecer em qualquer região da boca, como língua, gengiva e bochechas. Quando a doença fica mais avançada, o paciente pode começar a apresentar problemas na mastigação, dificuldade para engolir os alimentos e dificuldade de mobilidade da língua. Às vezes, há dificuldade até de abrir a boca, o que a gente chama de trismo".

Muitas vezes a doença pode dar sinais que podem passar despercebidos e que são confundidos com outras feridas. "É exatamente assim que a doença começa, como se fosse uma afta, uma manchinha, uma feridinha que não melhora. Esse é o sinal de alerta, principalmente se não melhorar depois de duas ou três semanas. É um sinal de alerta para começar uma investigação", diz a oncologista.

"O diagnóstico é feito por meio de biópsia, mas a suspeita diagnóstica é pelo exame visual. O dentista, o médico que acompanha o paciente ou o próprio paciente pode observar que tem uma lesão que não tem melhora e buscar ajuda, para, então, fazer uma biópsia. Podem ser feitos outros exames para complementar o diagnóstico, para analisar a extensão da doença, como tomografias, até ressonância e laringoscopia, dependendo da doença"

"O diagnóstico é feito por meio de biópsia, mas a suspeita diagnóstica é pelo exame visual. O dentista, o médico que acompanha o paciente ou o próprio paciente pode observar que tem uma lesão que não tem melhora e buscar ajuda, para, então, fazer uma biópsia. Podem ser feitos outros exames para complementar o diagnóstico, para analisar a extensão da doença, como tomografias, até ressonância e laringoscopia, dependendo da doença"

Virgínia Altoé Sessa

CUIDADOS

O cirurgião de cabeça e pescoço Marco Homero de Sá explica que o grande vilão da doença é o consumo de tabaco. “Além do tabagismo, a ingestão frequente de bebidas alcoólicas, exposição à radiação ultravioleta sem proteção e contágio por papilomavírus humano (HPV) também pesam bastante”.

O médico reforça a importância do autoexame da boca. “O paciente deve olhar e apalpar as regiões da boca em frente ao espelho e em um lugar com boa iluminação. Para facilitar a memorização das estruturas da boca a serem examinadas no autoexame bucal, foi criada a sigla: BLLAP que significa bochecha, lábios, língua, assoalho bucal e palato”. A descoberta tardia de um tumor maligno na boca pode comprometer a fala, a mastigação, a deglutição e a estética da face.

O carcinoma de células escamosas é o principal tipo histológico da doença, presente em 90% dos casos, e tem início nas células que formam o revestimento da boca.

“As lesões podem ser identificadas pelo próprio paciente ou com a avaliação de um médico ou dentista. Manchas brancas ou vermelhas na mucosa da boca, feridas que não cicatrizam em três semanas e, em estágios mais avançados, podemos ter sangramento e dor. Língua, soalho de boca, gengivas e lábios são os locais mais comuns”, detalha o cirurgião de cabeça e pescoço Jeferson Lenzi, da Oncoclínicas ES.

A cirurgia é um dos elementos principais do tratamento do câncer de boca, mas nos estágios mais avançados é complementado com radioterapia e, às vezes, a quimioterapia associada à radioterapia. Uma recomendação importante é que, antes de iniciar o tratamento, o paciente seja avaliado e acompanhado por um dentista. O tratamento odontológico é importante antes e durante o tratamento pode evitar complicações.

PREVENÇÃO

O cirurgião-dentista exerce um papel primordial na prevenção do câncer de boca. A consulta periódica com um dentista, ao menos duas vezes ao ano, é essencial. É durante esse atendimento que o profissional pode realizar uma inspeção mais criteriosa da boca.

Além disso, uma higiene oral adequada reduz o risco de câncer bucal, destaca a odontologista oncológica Beatriz Coutens. “A higiene bucal incorreta aumenta as chances de desenvolvimento de câncer de boca e já temos estudos que mostram isso. Portanto, é muito importante adotar, desde a infância, hábitos de higiene oral, como escovação adequada, uso do fio dental e ir regularmente ao dentista. Algumas lesões cancerígenas na boca podem, inclusive, ser detectadas precocemente durante uma consulta ao dentista”, afirma. 

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