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Publicado em 6 de julho de 2023 às 10:40
Feridas na boca, no rosto ou no couro cabeludo que não cicatrizam, dificuldade para engolir, sensação de algo preso na garganta. Esses podem ser sintomas de um câncer de cabeça e pescoço, um conjunto de doenças que pode ter até 90% de chances de cura, se forem detectadas precocemente.
Conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce é o objetivo da campanha Julho Verde, da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP). O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que, para cada ano do triênio 2023 – 2025, 39.550 novos casos aparecerão. Se somarmos o câncer de pele melanoma, que também atinge a região da cabeça e pescoço, o número ultrapassa os 48 mil casos.
O cirurgião de cabeça e pescoço Marco Homero de Sá explica que a doença é um grupo de neoplasias que podem se apresentar nessa região do corpo: "Elas se distinguem por não afetarem diretamente o sistema nervoso central, mas uma variedade de tecidos como pele, mucosas e alguns órgãos, como a tireoide".
São exemplos de tumores de cabeça e pescoço: os da cavidade oral e nasal, da faringe, da laringe, alguns tipos de câncer de pele na região da cabeça e pescoço e os cânceres de tireoide. Esses tipos de cânceres podem ter características e sintomas muito variáveis.
A médica oncologista Virgínia Altoé Sessa ressalta que é fundamental ficar atento aos sinais de alerta da doença, pois a falta de informação e atenção aos sintomas podem levar ao diagnóstico tardio. Ela explicou que os sintomas podem variar de acordo com o órgão afetado, a localização e o aspecto do tumor.
A médica conta que o tumor pode ocorrer de forma silenciosa e manifestar só quando começa a incomodar. "Às vezes, tem um carocinho na boca, mas não incomoda e quando ele começa a atrapalhar é que a doença começa a se manifestar. Por isso, é muito importante ficar atento aos sinais e sintomas, como feridas que não cicatrizam, caroços, emagrecimento sem causa aparente. Tudo isso é sinal de alerta para que seja feita uma investigação médica", diz Virgínia Altoé Sessa.
Esses tumores são mais comuns em homens, mas podem atingir pessoas de ambos os sexos, principalmente se fizerem parte do grupo de risco. As condições mais associadas ao surgimento de câncer de cabeça e pescoço são tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, a infecção por alguns vírus, como HPV e EBV, e a falta de higiene bucal.
O cirurgião de cabeça e pescoço Jeferson Lenzi lembra que, na faringe, representado principalmente pelas amídalas, a infecção pelo vírus do HPV também é um importante fator de risco. "Má higiene oral, dentes em mal estado de conservação, alimentação inadequada também estão relacionados ao desenvolvimento do câncer de cabeça e pescoço".
O diagnóstico é realizado a partir dos sintomas, o exame do paciente e uma biópsia, que muitas vezes pode ser realizada com anestesia local no consultório. Exames com ultrassonografia e tomografia podem ser necessários para uma melhor avaliação da extensão da doença.
O profissional ressalta que o tratamento envolve a integração do cirurgião de cabeça e pescoço com outras equipes como dentistas, fonoaudiólogos, psicólogos e nutricionistas. "É importante entender que estamos tratando um indivíduo e não uma doença isoladamente", diz Jeferson Lenzi.
Por ser uma doença que acomete diversos órgãos, os tratamentos para os tumores de cabeça e pescoço podem variar. "A cirurgia é uma alternativa terapêutica frequentemente utilizada para remoção dos tumores, mas outros recursos, como radioterapia, quimioterapia e imunoterapia podem ser usados, dependendo do quadro", diz Marco Homero de Sá.
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