Repórter do HZ / [email protected]
Publicado em 6 de março de 2023 às 16:50
O câncer de intestino se manifesta com a presença de tumores localizados na região do intestino grosso, chamada cólon, no reto e no ânus. Março é o mês escolhido para a conscientização de prevenção e tratamento da doença.
"É o câncer que acomete todo o intestino, porém a localização mais comum dos tumores está na região do intestino grosso e no reto. É o segundo principal câncer na vida de homens e mulheres, perdendo no homem somente para o câncer de próstata, e para mulheres ara o câncer de mama. E o mais importante: é o terceiro câncer de maior mortalidade. É um dos poucos tipos que surge a partir de uma lesão benigna, ou seja, sem gravidade e que demora cerca de 10 até 15 anos para evoluir para o câncer", diz gastroenterologista Alex Baia, da Sociedade de Endoscopia Digestiva do Espírito Santo.
Nos últimos meses, o câncer colorretal ganhou evidência por acometer pessoas conhecidas, como os jogadores de futebol Pelé e Roberto Dinamite, que vieram a óbito no ano passado, e as cantoras Simony e Preta Gil, que seguem em tratamento oncológico. Estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê o surgimento de 44 mil novos casos entre 2023 e 2025 no Brasil. Ao todo, 610 novos casos desse câncer poderão surgir a cada ano no Espírito Santo no mesmo período. Por isso, é importante estar atento aos sinais.
De acordo com a coloproctologista Mônica Vieira Pacheco, da Rede Meridional, o número de casos de câncer de intestino está crescendo no Brasil e a maioria dos diagnósticos é feita num estágio avançado da doença. “Cerca de 85% dos casos são diagnosticados em fase avançada, quando a chance de cura é menor. Por isso, a relevância de campanhas como o 'Março Azul', para alertar sobre o diagnóstico e tratamento precoce”.
A médica explica que o tumor atinge o intestino grosso (cólon), reto (final do intestino) e o ânus. "É mais comum em homens e mulheres com mais de 45 anos ou em pessoas que tenham casos na família".
Segundo a médica oncologista Virgínia Altoé Sessa, os principais fatores relacionados ao risco de desenvolver câncer colorretal referem-se a hábitos do dia a dia que podem ser evitados. “Consumo exagerado de alimentos processados, alimentação pobre em fibras e tabagismo são hábitos nocivos que favorecem o surgimento desse tipo de tumor. Há outros fatores, como idade maior que 50 anos e histórico familiar. Mas, como esses nós não podemos mudar, é importante focar nas medidas de prevenção”, explicou.
A médica diz que o principal exame capaz de detectar esse tumor, inclusive na fase inicial, é a colonoscopia, que deve ser feita a partir dos 45 anos, mas se houver histórico familiar da doença, o procedimento deve ser realizado 10 anos antes da idade em que esse parente manifestou o câncer.
O câncer de intestino é um dos poucos tipos que permite a prevenção, pois surge a partir de uma lesão benigna: um pólipo ou lesão plana (adenoma ou lesão serrilhada) no cólon ou reto, que demora cerca de 10 até 15 anos para evoluir para o câncer. “Pelo menos três em cada 10 pessoas com idade de 50 anos já apresentam esta lesão. Portanto, o ideal é fazer o exame preventivo, antes dos sintomas aparecerem”, ressalta Roseane Bicalho, gastroenterologista da Unimed Vitória.
Além da colonoscopia, é possível fazer a pesquisa de sangue oculto nas fezes anualmente, que permite diagnosticar o câncer ou uma lesão que esteja sangrando, mais precocemente, antes dos sintomas aparecerem. "Este exame não é recomendado para prevenção em pessoas com histórico familiar de câncer de intestino ou que fizeram colonoscopia a menos de 5 anos. Se positivo, a colonoscopia é recomendada para detectar e retirar a lesão", diz Roseane Bicalho.
O câncer de intestino é uma doença tratável e geralmente curável. A cirurgia é o tratamento inicial, retirando a parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos, estruturas que fazem parte do sistema de defesa do corpo, dentro do abdômen. "Levamos em consideração a localização, tamanho e características do tumor, podendo ser indicada a realização de cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou imunoterapia", diz o gastroenterologista Alex Baia.
A coloproctologista Mônica Vieira Pacheco explica que outras etapas do tratamento incluem a radioterapia, associada ou não à quimioterapia, para diminuir a possibilidade de retorno do tumor. "O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor".
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta