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Publicado em 19 de outubro de 2022 às 09:48
O câncer de mama é o tipo de tumor mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo e é um dos principais objetos de estudo na busca pela cura da doença. Para o ano de 2022, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), foram estimados 66.280 novos casos de câncer de mama no país, ou seja, uma incidência de 43,74 ocorrências para cada 100 mil mulheres.
O mastologista Roberto Lima, da Oncoclínicas Espírito Santo, explica que o câncer de mama é uma doença em que a multiplicação desordenada de células da mama gera células anormais, formando um tumor. "Essas células estão presentes nos ductos e lóbulos mamários, que são as unidades funcionais da mama. Ambos os sexos podem ser acometidos pelo câncer de mama, mas a incidência em homens é muito baixa, cerca de 1% do total de casos".
Os sintomas mais comuns são o caroço na mama ou na axila, inchaço, a vermelhidão na pele da mama, a saída de qualquer líquido do mamilo, as alterações na mama como retrações ou inversão. Qualquer alteração deve ser investigada, independentemente da idade.
A mamografia é fundamental no diagnóstico do câncer de mama e o principal exame para o diagnóstico precoce desse tipo de câncer. A recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) é que as mulheres iniciem a realização do exame a partir dos 40 anos. O diagnóstico precoce, associado ao tratamento adequado, aumenta a chance de cura.
Além da mamografia, a adoção de hábitos saudáveis é uma das iniciativas mais importantes que pode prevenir o câncer de mama e outras doenças. "Em qualquer idade, as mulheres devem incluir em sua rotina a prática regular de atividades físicas e a alimentação balanceada, ações que auxiliam na manutenção do peso corporal. É importante também evitar o consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo", conta o mastologista.
Na maioria dos casos, as alterações nas mamas podem ser percebidas no autoexame realizado pela própria mulher. "A mulher deve identificar um momento no cotidiano em que se sinta confortável para fazer o autoexame. Quanto antes qualquer alteração for identificada e investigada, maior a chance de sucesso no tratamento", diz Roberto Lima.
Normalmente, os tratamentos disponíveis são cirúrgicos, radioterápicos e sistêmicos, e podem ser injetáveis e oral. “A cirurgia ainda é o tratamento padrão curativo para câncer de mama localizado. A quimioterapia também faz parte deste tratamento e pode ser feita antes e depois da cirurgia. Já a radioterapia é um tratamento complementar para pacientes que retiraram uma parte da mama ou tem uma axila positiva (com doença linfonodal)”, afirma Haila Bockis Mutti, oncologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Estudos recentes apontam um medicamento que pode potencializar o tratamento a partir de anticorpos conjugados. Uma pesquisa publicada no The New England Journal of Medicine mostra que um remédio chamado trastuzumab deruxtecan colaborou com uma redução significativa da doença.
“Essa é uma medicação usada para pacientes com câncer de mama que expressam a proteína HER2 e estão num cenário de doença metastática, que já foram submetidas a um tratamento com bloqueadores de HER. É um estudo positivo porque mostrou uma taxa de resposta alta no controle da doença e redução do tumor. Ele também aponta uma diminuição no risco de morte em 45%”, destaca a médica.
O remédio já é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil para ser utilizado especificamente nestes casos. Os impactos da medicação mostram-se positivos para as pacientes quando se trata de sobrevida global, livre de progressão e em taxa de resposta para o controle da doença.
Outra novidade que visa ajudar pessoas com câncer de mama é a introdução da imunoterapia no tratamento de quimioterapia pré-cirúrgica. “Agora foi introduzida a imunoterapia com a quimioterapia para pacientes com câncer de mama triplo negativo. Então, para pacientes com doença localizada e indicação de quimioterapia prévia, é possível associar a imunoterapia com o tratamento”, complementa a oncologista.
Estudos desenvolvidos pelo Hospital Johns Hopkins, nos Estados Unidos, também indicam inovações nos tratamentos. Pesquisadores constataram a possibilidade de analisar um DNA “oculto”, através da avaliação do sangue do paciente com câncer. A pesquisa implica não só no tratamento do câncer de mama, mas também em tratamento de tumores em geral. No Brasil, esse método ainda não é utilizado, mas segue em estudos clínicos.
“Imagina que o paciente fez uma sessão de quimioterapia e, em seguida, o sangue dele será analisado, para saber se tem o DNA da célula tumoral. Isso é muito interessante para avaliar a eficácia do tratamento e se há doença residual. Para pacientes que fizeram cirurgia, será possível avaliar se elas devem receber quimioterapia adjuvante, por exemplo”, explica Haila.
Tanto a evolução das técnicas para o cuidado dos pacientes quanto a inovação dos remédios possibilitam a busca por melhor qualidade de vida, além de reduzir riscos de óbito entre a população.
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