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Publicado em 2 de maio de 2022 às 09:00
Os registros de hepatite em crianças chama a atenção de autoridades de saúde no mundo. Casos de inflamação no fígado foram detectados em mais de 12 países, principalmente europeus, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) notificou mais de 169 casos, com 17 transplantes de fígado e um óbito. A origem dessa grave inflamação permanece uma incógnita.
As crianças afetadas têm entre 1 mês e 16 anos e, embora a real causa do problema não tenha sido identificada, a aposta dos especialistas é que a inflamação hepática seja consequência da infecção do adenovírus humano (HAdv). Em entrevista para a BBC News, a consultora médica Ukhsa, explicou que 77% das crianças examinadas testaram positivo para alguma forma de adenovírus e esse seria o "gatilho provável".
As crianças afetadas estão apresentando hepatite aguda, que significa inflamação do fígado. Em muitos casos foram relatados sintomas gastrointestinais, incluindo dor abdominal, diarreia e vômito. A maioria não apresentou febre. A hepatologista e gastroenterologista Mariana Poltronieri Pacheco explica que o adenovírus é um grupo de vírus de mais de 40 subtipos, de transmissão respiratória ou fecal-oral. "Eles podem provocar doenças respiratórias, como resfriados, conjuntivite e sintomas gastrointestinais, como diarreia e vômitos", conta a médica.
O fígado tem diversas funções no organismo, desde o metabolismo de proteína, carboidratos e lipídeos, produção da bile, eliminação de substâncias tóxicas e produção dos fatores de coagulação. A hepatologista conta que existe a probabilidade de que o vírus tenha sofrido diversas mutações até ganhar a capacidade de causar as inflamações no fígado. "Os vírus têm a capacidade de sofrerem mutações para sobreviverem, e podem, sim, se tornarem tóxicos para o fígado, apesar dessa informação ainda não ser confirmada pela comunidade científica", diz Mariana Poltronieri Pacheco.
Existem diversos tipos de hepatites, as mais conhecidas são dos vírus da hepatite A, hepatite B e hepatite C, mas também pode ser causa pelo álcool, gordura no fígado, medicamentos e doenças autoimunes. A médica explica que os sintomas podem variar desde pessoas assintomáticas, ou com sintomas como dor abdominal, febre, náuseas, icterícia (amarelo no olho), cansaço, sangramentos e confusão mental.
"O tratamento depende da causa da hepatite aguda. Na maioria das vezes, é apenas sintomático, com medicações para febre, dor e vômitos. Em alguns casos, necessita de internação para monitorização mais de perto, e em casos graves, pode necessitar de transplante de fígado", explica Mariana Poltronieri Pacheco.
No caso das hepatites A e B, existem vacinas que ajudam a proteger contra as doenças. Outro cuidados são lavar bem os alimentos, consumir água tratada, relação sexual protegida no caso de adultos, não compartilhar objetos perfuro-cortantes como alicate e gilete e evitar o consumo abusivo de álcool.
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