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Comer peixes de água fria pode preservar a saúde do cérebro, diz estudo

Estudo publicado na Neurology no começo de outubro mostra que ingerir salmão, bacalhau, atum, arenque ou sardinha com frequência, aumentando os níveis de ômega-3, pode manter nosso cérebro saudável e nosso pensamento ágil na meia-idade

Publicado em 10 de maio de 2023 às 08:00

Salmão
Já existiam evidências de que os peixes de água fria, como salmão, atum e sardinha são excelentes fontes de ômega 3 Crédito: Shutterstock

Comer peixes de água fria e outras fontes de ácidos graxos ômega-3 pode preservar a saúde do cérebro e melhorar a cognição na meia-idade, indicam novas evidências, publicadas no começo de outubro no periódico científico Neurology. “O trabalho mostra que ter pelo menos alguns ômega-3 nos glóbulos vermelhos foi associado a uma melhor estrutura cerebral e função cognitiva entre voluntários saudáveis entre 40 e 50 anos”, explica a médica nutróloga Marcella Garcez.

A médica conta que já existiam evidências de que os peixes de água fria, como salmão, atum, arenque, cavala, corvina e sardinha são excelentes fontes de ômega 3, portanto importantes para a função neurológica, sensibilidade cognitiva, aprendizado e comportamento. "A nova contribuição do estudo é que, mesmo em idades mais jovens, se você tem uma dieta que inclui alguns ácidos graxos ômega-3, já está protegendo seu cérebro para a maioria dos indicadores de envelhecimento do cérebro que costumam acontecer mais na meia-idade". O estudo foi um dos primeiros a observar esse efeito em uma população mais jovem.

No estudo, a idade média dos voluntários foi de 46 anos. A equipe analisou a relação das concentrações de ácidos graxos ômega-3 nos glóbulos vermelhos com ressonância magnética e marcadores cognitivos do envelhecimento cerebral. Os pesquisadores também estudaram o efeito das concentrações de glóbulos vermelhos ômega-3 em voluntários que carregavam APOE4, uma variação genética ligada ao maior risco de doença de Alzheimer. O estudo de 2.183 participantes livres de demência e derrame descobriu que:

  • Maior índice de ômega-3 foi associado a maiores volumes hipocampais. “O hipocampo, uma estrutura do cérebro, desempenha um papel importante na aprendizagem e na memória”, diz a médica;

  • Consumir mais ômega-3 foi associado a um melhor raciocínio abstrato ou à capacidade de entender conceitos complexos usando o pensamento lógico;

  • Portadores de APOE4 com índice ômega-3 mais alto tiveram menos doença de pequenos vasos. O gene APOE4 está associado a doenças cardiovasculares e demência vascular.

Os pesquisadores usaram uma técnica chamada cromatografia gasosa para medir as concentrações de ácido docosahexaenóico (DHA) e ácido eicosapentaenóico (EPA) dos glóbulos vermelhos. O índice ômega-3 foi calculado como DHA mais EPA. “Os ácidos graxos ômega-3, como EPA e DHA, são micronutrientes essenciais que melhoram e protegem o cérebro”, argumenta Marcella Garcez.

A equipe de pesquisadores descobriu os piores resultados nas pessoas que tiveram o menor consumo de ômega-3. “Embora quanto mais ômega-3, mais benefícios para o cérebro, para ter benefícios cerebrais você só precisará comer algumas dessas fontes para ver os benefícios", diz a médica.

Os pesquisadores não sabem como o DHA e o EPA protegem o cérebro. “Uma teoria é relacionada às propriedades anti-inflamatórias do DHA e EPA. Mas é complexo. O que sabemos é que, se você aumentar um pouco o consumo de ômega-3, estará protegendo seu cérebro", indica Marcella Garcez. “É encorajador, também, que o DHA e o EPA também protejam a saúde cerebral dos portadores de APOE4, modulando a suscetibilidade genética para diminuir o risco de demência e problemas cardiovasculares”, finaliza  Marcella Garcez.

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