• Maria Sanz

    É artista e escritora, e como observadora do cotidiano, usa toda sua essência criativa na busca de entender a si mesma e o outro. É usuária das medicinas da palavra, da música, das cores e da dança

Crônica: Arquétipo número zero

Publicado em 19/03/2023 às 07h00
Homem olhando pro céu

Como as estrelas na Galáxia, os números brilham com uma eterna realidade que transcendente a língua e a geografia. Crédito: Shutterstock

O ego é feito, a alma é dada.

Antes do número 1, o mago, vem o número zero, o louco.

“O Louco” é um andarilho universal, potente e imortal. Dentre os arquétipos, representa o mais elevado nível de consciência espiritual.

Ele é o mais poderoso dos trunfos do Tarot!

Tem o condão de conduzir a ampliação da visão, fazendo com que os olhos se abram e enxerguem o que está posto e estabelecido de forma obtusa. Por isso ele é conhecido por perturbar a “ordem” com suas travessuras.

Clássico!

O Curinga, deve ser conservado.

Primeiro porque ele é bem recebido em toda parte, depois porque só ele Liga o mundo real ao mundo imaginário através da alegria…

Sim, “O Louco” é o arquétipo que personifica a essência central da psique humana, por isso seu gênio é criar movimento e ação aonde ela faltar. Também confundido com o bobo da corte ou o palhaço, ele usa a sabedoria intuitiva no lugar da lógica convencional.

Ele confia na Natureza, por isso caminha para frente, mas olha para trás. Às vezes tropeça, mas não faz mal porque sua meta é variável... E seu impulso, anarquista.

Uma curiosidade, você sabia que sempre houveram bobos da corte nas casas de famílias nobres do passado da realeza?

Essa prática dramatizava o fato de que precisamos dar espaço ao renegado em nossa corte interior, reconhecê-lo, trazê-lo ao olho.

Porque excluído da consciência ele poderia pregar peças (inconscientes) difíceis de apreciar… Já aceito no nosso conselho interior, nosso “Louco” pode nos trazer vitalidade criativa, ideias e energias novas. Tudo, com uma única condição: aceitar seu jeito não convencional...

Mais uma curiosidade, que é na verdade um fundamento, no Tarot o Louco é o número zero... E os números… Ah, os números! Eles têm caráter e luz própria. Como as estrelas na Galáxia, os números brilham com uma eterna realidade que transcendente a língua e a geografia. Os números são os “ossos do universo”. Estruturais, simbolizam as inter-relações de todas as coisas mortais e imortais. (Pense nisso!)

Está escrito, as palavras expressam as ideias dos homens, já os números expressão as realidades de Deus.

E o zero? Uma invenção genial para potencializar os outros números. O zero não expressa nada, mas contém tudo.

Esse assunto é tão complexo quanto interessante, então vou te deixar com uma reflexão:

“Nós fazemos vasos de barro, mas a verdadeira natureza está no vazio interior”. Lao-Tzu

Como disse no início, a essência é dada. O ego é criação.

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Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.

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