Elegância está nas pessoas que elogiam mais do que criticam; e nas que ouvem mais do que falam. Crédito: Shutterstock
Dia desses, na saída de um consultório médico, um senhor, que já havia me atropelado na hora de apanhar um copo plástico (na fila do bebedouro), fez o favor de me dar um banho, quando me empurrou para passar primeiro pela pesada porta de vidro (que ele também deixou bater na minha cara). Depois, não satisfeito, saindo do estacionamento, ele abaixou o vidro do carro e jogou, sem cerimônia, o copo plástico no meio do asfalto.
Eu sei, esse caso não é nada comparado às atrocidades que presenciamos diariamente por toda cidade. (Sim, o mundo está infestado – e muito infelizmente, ainda não inventaram um repelente para os mal educados).
Por isso hoje fiquei com vontade de tirar a poeira de um assunto que não raro é tema de colunistas sociais e livros de dicas para “gente fina”. Mas, antes de falar disso (digo, antes que você torça o nariz para mim) farei um pedido: Afaste-se por um momento dos conceitos e regras de etiqueta. Esqueça as coisas "grifadas", caras ou de “marca”. Não pense em taças de cristal, champagne, caviar, nem salto fino. Esqueça também os artistas, as revistas, a primeira classe, aquela sua tia (magérrima, riquíssima, chiquééérrima), esqueça.
- Elegância não tem nada a ver com frescura - e com futilidade, menos ainda.
Agimos corretamente porque na vida logo a gente aprende que somente seguindo as regras (primeiro as de boas maneiras, depois as de trânsito, as da empresa e as do condomínio) evitamos o sonoro e velho “(a)pito”. - Aquele, que a gente escuta desde cedo, quando falamos de boca cheia ou limpamos a mão na toalha da mesa.
- Não faça isso menino!
Não tem jeito, crianças precisam de limites para aprender o que é errado, o que é certo e para a construção do “discernimento”.
Mas, a verdade é que criamos e nos submetemos as nossas próprias regras porque coabitamos este planeta Terra. E assim sendo, a manutenção da convivência depende absolutamente do nosso “bom” comportamento.
Só que elegância não é só o exercício da boa educação. A elegância é desobrigada...
É um complemento natural, uma cortesia, um respeito e uma sabedoria. “Ela é a arte de não se fazer notar, aliada ao cuidado sutil de se deixar distinguir”, Paul Valéry.
Elegância não se compra (mesmo porque não está de fato à venda como sugere o mercado de luxo), ela é uma virtude que um pouco se herda e muito se aprende.
Ela está nas pessoas que falam baixo; que elogiam mais do que criticam; e nas que ouvem mais do que falam. Está nas pessoas que não dão bola para fofoca; nas que olham os garçons nos olhos; nas que seguram a porta do elevador e nas que evitam todo e qualquer assunto constrangedor.
A elegância está nas pessoas pontuais.
Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece; e é quem cumpre o que promete.
Elegante é ser generoso.
É não falar de dinheiro, não contar vantagem, nem ser covarde com os outros. Elegante é a gentileza. É o sorriso. É oferecer ajuda e o lugar para alguém se sentar.
É fazer pelos outros indolores sacrifícios.
A elegância é um charme. Um inescrutável detalhe, que segundo a profética frase de Oscar Wild, traz em si um objetivo secreto e profundo: “Os charmosos dominarão o mundo”.
- Ah Oscar, não precisava isso tudo...
Respeito e um pouco de atitude são suficientes para garantir sossego e boa ventura – (e isso é magnetismo puro!).
Mas, se para muitos, ser elegante parecer dar muito trabalho, então só educação mesmo resolve o caso.
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