• Maria Sanz

    É artista e escritora, e como observadora do cotidiano, usa toda sua essência criativa na busca de entender a si mesma e o outro. É usuária das medicinas da palavra, da música, das cores e da dança

Crônica: Do outro nome que dão às ações do coração

Publicado em 17/09/2023 às 09h00
Coração, amor, apaixonado, paixão

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Cada pequeno feito que envolve o coração exige coragem... (Pode ser de ligar; de dizer não; de aceitar; de tentar de novo; de acabar de vez; de ir embora; de voltar atrás; de pedir perdão ou de amar de verdade. – (Sobretudo a si mesmo).

Coragem como uma reação ao que nos pedem, ao que nos propõem, ao que sonhamos, ao que desejamos, ao que sentimos e ao que nos fazem sentir – ela, ele, aqueles, aquelas, você.

Sim, porque aquele que nos provoca a coragem, acaba sempre se inscrevendo sobre a pele, entre as fibras da musculatura. Nomes anticoagulantes.

Quem é você que me pede pra te amar assim desse jeito doce, como um filhote atrapalhado; sacana, como um capoeirista abusado?

Quem é você pra quem dia desses telefonei e desliguei na cara? Depois liguei outra vez e, quando atendeu, por um instante, não disse nada, depois falei tudo – e toda a verdade.

Quem é você que me convida para escrever um texto para constar de um livro? Você, que me chamou para falar em público. Você que me tirou para dançar. Quem é você que me fez roubar um beijo?

Quem foi você que fez acreditar? Que me fez continuar até o fim, que me mostrou que nem traços ou palavras podem ser certas ou erradas – apenas bem ou mal expressadas?

Quem foi você que me fez desistir? Você que no hiato de um olhar me fez compreender que aquele seria um passo precipitado.

Quem é você com quem posso ter sido injusta, com quem me excedi e errei o tom? Depois me calei, me arrependi e telefonei para, do meu irremediável jeito, pedir perdão.

Quem é você que um dia me fez desistir de tudo para não ter que abrir mão de nada?

Quem foi você que, sem querer, me fez ser eu mesma de tanto me fazer tentar ser de outras maneiras?

Aprendi. Aprendemos.

Exercício. Musculação.

Coragem... Ação. Reação. Impulso. Força-potência – nem sempre sonora, brilhante, espalhafatosa. Às vezes, o exato contrário. Profunda e resiliente. Insistente! Num constante soprar sereno que nos faz acordar diariamente decididos: tentar novamente.

Coragem... Quando a força de amor que sentimos por aquilo que genuinamente queremos é maior. Maior que o medo, que a preguiça, maior que a ameaça da decepção. Coragem... Quando a vontade de realizar é maior que o próprio ego.

E coragem: do verbo confiar (no órgão que age no peito).

Tsc, não sei se posso dizer que sou corajosa, nem nada. Mas sei que, sempre que me encontro na presença do amor (aquilo que faz o ser humano arriscar suas verdades), surge em mim a paz necessária para a existência da tal coragem.

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Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.

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