• Maria Sanz

    É artista e escritora, e como observadora do cotidiano, usa toda sua essência criativa na busca de entender a si mesma e o outro. É usuária das medicinas da palavra, da música, das cores e da dança

Crônica: Escola de sedução

Publicado em 10/07/2022 às 02h00
Mulher no pôr do sol

É isso que a força da criação deseja, que encontremos nossa fagulha interna, nosso Dharma, nossa chama magnética. Crédito: Shutterstock

Se existisse um curso para ensinar o humano a ser fascinante, então a lição principal seria sobre como se deixar fascinar...

Se deixar fascinar é um exercício de presença, uma prática de não julgamento, de habilidade para o contentamento, um estado de espírito espontâneo como o da criança, que pode ser encantador, apaixonante! E que a vida não só aprecia, como retribui na mesma medida.

Ora, não duvide! Tudo que a vida quer é ser seduzida. Porque ela existe essencialmente para provocar aprendizagem e crescimento pela via do encantamento... Troca, fluxos, você sabe, ela é mestre nisso.

Assim, ó, cada folha amarelada, e bailarina, que cai da castanheira quer ser notada em sua poesia; cada concha de cor única na beira do mar quer ser vista; toda brisa de tom lilás quer ser sentida; toda onda que quebra perfumando o ar de maresia quer ser ouvida; todo gato cinza, todo cachorro branco, todo homem, toda menina, todo mundo quer ser um canal de conexão da vida.

De modo que oferecer uma palavra amiga, um gesto doce, ou um olhar disponível para a minúscula magia das coisas, são pequenas atenções que ela espera de nós.

Ela deseja ser desejada, ora! E quando isso acontece... Bem, aí ela se entrega, e a gente bem pode começar a namorar com ela.

Talvez seja essa a coisa mais importante que a gente pode receber enquanto aprendizagem: seduzir a vida... Porque quando a gente aprende a praticar essa sedução de que falo, então a gente conquista um estado volátil e valiosíssimo chamado paz de espírito.

Esse jogo de conquista sem objetivos específicos, assim meio distraído, que vai gostando da conversa, do jeito, do sorriso, das coincidências e de repente, pimba, ganha um beijo de língua na boca da vida!

Já disse, a vida quer isso da gente: que a gente se entregue para ela. Confie nela, lute por ela, se encante por ela, faça poesia, arte, música, dança, e filhos para ela!

Em troca, ela nos concede fluxo, bênçãos, harmonia, sincronia, sorte, magnetismo...

Percebe? Seremos fascinantes na medida que nos deixarmos fascinar por ela.

É isso que a força da criação deseja, que encontremos nossa fagulha interna, nosso Dharma, nossa chama magnética, aquilo que nos torna encantados aos olhos dela. Aquilo em nós que não faz conta, que não duvida, que não compara, não julga, não condena, nem serve para dar de comer ao ego.

E esse estado fascinado pela vida é a pura consciência. Ele é pleno da certeza de que o amor existe, aliás, ele é o amor: esse que nos torna mais amplos, e nos faz acessar o radical da sutileza que é estar vivo.

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Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.

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