Quando estamos conscientes de que o presente é a única realidade existente, a vida se torna mágica. Crédito: Shutterstock
Você já percebeu que de vez em quando perdemos a noção de que temos um corpo? De tão mentais e virtualmente conectados, pouco a pouco esquecemos da matéria viva orgânica que nos compõe.
Como somos capazes de experimentar o tempo em diferentes linguagens que se alternam entre presente, passado e futuro, muitas vezes nos tornamos confusos. Porque, ora, mesmo sabendo que o passado só existe na memória, e que o futuro só existe na imaginação, nos deixamos confundir, nos tornamos ansiosos e sofremos com isso, enfim. Ou seja, apesar de estarmos ancorados num corpo físico de carne-e-osso, no presente feito de aqui-e-agora, a mente propõe realidades-psicológicas.
Ou seja, a mente cria e sustenta invenções... De modo que ser capaz de transcender o volume e a consistência dessas invenções, é ser capaz de experimentar alguma margem de liberdade.
Perceba, o presente não é uma ideia. Na verdade, o presente é a única realidade existente. Todo o resto são objetos do pensamento, produtos do desassossego, ou formas de delírio... Enfim, este momento aqui-agora é tudo que existe, quer você acredite nisso ou não.
E mais, eis o pulo do gato: quando estamos conscientes disso, a vida se torna mágica.
Quando não estamos sendo operados pela gangorra das forças da memória e da imaginação, mas sim se deixando fusionar, mesclar, casar com o aqui-e-agora, então toda experiência se torna a radical escolha de se sentir bem – e fazer o que for preciso para isso. Ou seja, quando estamos presentes abraçamos a natureza da vida, que é a constante transformação.
Assim a paz interior se torna dinâmica, porque tudo o que acontece passa a ser interpretado como uma oportunidade de aprendizagem, aprimoramento, exercício de transformação. Quando nos tornamos um com o todo, ficamos flexíveis como um dançarino num corpo de dança, passando de movimento a movimento, compondo, compondo, compondo... Co-criando.
Isso é experimentar a universalidade. Isso é mágica.
Nota: essa crônica foi motivada pela experiência de ter assistido, e me fundido, ao filme “Pobres criaturas”, do diretor Yorgos Lanthimos e indicado à onze categorias do Oscar, no cinema essa semana.
(Assista!)
A jornada de descoberta da liberdade e a paixão-pela-vida da personagem Bella Bexter, interpretada magistralmente por Emma Stone, primeiro me arrebatou como um feitiço... Depois me fez refletir sobre tudo isso...
Finalmente, fomos todos criados para viver o verbo: viver.
Mas nos deixamos prender nas teias da própria mente e seus incríveis artifícios, na medida em que somos lixados e polidos com o verniz social do cinismo, da lógica do capital, do machismo, do consumo, do domínio...
A Presença ou a Paixão-pela-vida segue sendo o mais elevado dos caminhos para o ser-livre.
É isso.
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