Não é sobre ser amado. É sobre ser o amor.
Ao contrário do que nos ensinaram, nosso lar não é o coração de outra pessoa.
Também não é nossa cidade preferida, nem a casa que construímos, nem qualquer outro lugar fora da gente. Nosso verdadeiro lar, com fogo aceso, chaminé e cadeira de balanço na varanda, fica dentro de nós mesmos.
Ainda que haja feridas, cicatrizes e traumas, somos capazes de nos tornarmos o grande amor de nossas vidas.
Esse texto é sobre isso.
O caso é que precisamos compreender a nossa relação com a Vida, essa com “v” maiúsculo.
Ela que é altamente erótica, uma potência que nos atravessa a cada pulsação e a cada inspiração, mas acaba sendo menosprezada pelos afazeres do dia a dia.
Aliás, é este menosprezo o maior dos perigos: acreditar que a vida é uma série de tarefas a serem cumpridas até o fim da linha.
Porque também é neste engodo que a ideia do “grande amor” reside como uma tarefa: “encontrar” alguém que nos ame, de preferência até mais que nós mesmos.
Nessa corrida em busca do outro, atuamos para impressionar, atrair interesse e adquirir valor, mesmo que ao custo de nos perdermos da gente. Perseguir a completude do lado de fora implica necessariamente em perder a bússola de ouro que habilita a navegação para o lado de dentro. E assim, fingindo ser quem não somos, sem querer, vamos nos tornando cada vez mais iletrados de quem poderíamos ser.
E a vida passa.
O grande amor da sua vida é você. Crédito: Shutterstock
A verdade é que o jogo civilizatório nos esculpe “para fora”, e terceiriza nossos corpos e nossa energia para uma “ilusão funcional” que nos faz sentir úteis, adequados ou encaixados, enquanto nos desconecta da nossa alma.
Isso mesmo: alma! Nossa porção infinita, essa que se sabe cósmica… Que compreende que a vida humana é finita, limitada pela morte. E que por isso clama pela vida!
A alma ama.
Por isso, aprender a deixar de desejar ser amado para se tornar o amor é se conectar com a alma que nos habita.
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De novo, o grande amor da sua vida é você (posso repetir quantas vezes for preciso).
O roteiro fixo proposto e comandado pelo jogo diz que para sermos valorosos por aqui é preciso encontrar alguém, casar, ter filhos e viver “feliz para sempre”. E assim aprendemos todo tipo de contorcionismo, malabarismo e sacrifícios para sermos enfim “amados”, aceitos, valorados…
Desse modo, enquanto buscamos a “felicidade prometida”, a relação mais preciosa de todas, que é com a gente mesmo, vai para o buraco.
Falando em felicidade, acho importante lembrar que a felicidade é diferente da alegria. Perceba, a alegria é uma corrente elétrica, erótica, expansiva, corpórea e, ao mesmo tempo, divina! Já a felicidade é uma “ideia” que nos “ensinaram” perseguir.
Enquanto a alegria não engana, porque que atravessa o corpo, faz sentir prazer, expande e vitaliza, a felicidade é uma lógica, uma construção moral, uma promessa que vem junto com o pacote do carro do ano, da roupa nova, do hotel de luxo, do “grande amor”…
Por isso, a alegria é sim uma grande guia!
Aprender os caminhos para conectar-se à ela significa construir uma relação saudável consigo mesmo, que é por sua vez, o que nutre todas a outras formas de amor que desejamos ter em nossas vidas: amizades valiosas, tesão pelo trabalho, paixão pela saúde e o amor romântico.
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Portanto, celebre as pequenas alegrias. Celebre a vida.
Ela é uma obra de cocriação entre a personalidade e a alma, e bem pode ser intima e magnífica.
Perceba de onde vem a sua alegria e cuide para não deixar que te tirem, em troca do favor de ser amado, a conexão preciosa entre você e o que te vitaliza
Seja o amor.
Entregue-se ao amor em todas as suas formas. E nunca se esqueça de que existem inúmeras maneiras de desenhar a vida que queremos, e sobretudo, que nem todos estão aqui para viver o modelo tradicional de relacionamento.
E tudo bem!
Vou repetir: o importante é aprender a escolher o amor, no lugar de escolher ser um objeto de valor.
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