Administrador / [email protected]
Publicado em 28 de setembro de 2022 às 15:31
A dermatite atópica é uma doença inflamatória crônica não contagiosa, em que há um comprometimento importante da barreira cutânea e alterações imunológicas do organismo, afetando principalmente crianças. Setembro é o mês de conscientização dessa condição que atinge 7% da população adulta. "Trata-se de uma condição que envolve ressecamento cutâneo, lesões avermelhadas e coceira na pele, com predileção por áreas de dobras do corpo", diz a dermatologista Pauline Lyrio.
A médica explica que a causa exata da dermatite atópica não é totalmente esclarecida, mas acredita que seja resultante da interação da predisposição genética, deficiência da barreira cutânea e resposta imunológica do indivíduo com o meio ambiente.
A principal característica provocada pela dermatite atópica é o surgimento de uma pele muito ressecada com coceira intensa, que favorece o surgimento de lesões por escoriações pelo ato de coçar. "Além disso, podem-se observar áreas mais avermelhadas, especialmente na região das dobras dos braços e das pernas. Também podem ser observadas, às vezes, áreas de pele mais claras que o tom normal ou com espessamento devido à irritação causada pela inflamação e coceira prolongada. Não é incomum observarmos associação dessa condição com quadros de asma e rinite alérgica", conta a dermatologista.
A alergista e imunologista pediátrica Joseane Chiabai, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI-ES), explica que alguns gatilhos causadores de crises são o clima muito seco, o estresse e o contato com alérgenos, como os ácaros. "É uma doença que compromete muito a qualidade de vida. O aspecto da pele e a intensa coceira podem dificultar o sono, levar o paciente ao isolamento social, além de acarretar um mau aproveitamento escolar ou no trabalho. Irritabilidade, mau-humor, agressividade são algumas alterações comportamentais. A depressão e a ansiedade podem acontecer, principalmente, nos casos mais graves, nos de evolução prolongada ou quando a resposta ao tratamento não é alcançada".
A médica diz que o tratamento da doença requer algumas orientações como hidratação da pele, em evitar possíveis desencadeantes e o uso correto de medicações anti-inflamatórias. "Cremes hidratantes são fundamentais e recomendados em todas as formas da doença. Eles devem ser aplicados diariamente e de forma abundante", diz Joseane Chiabai.
O medicamento RINVOQ, um inibidor oral seletivo e reversível da Janus quinase 1 (JAK 1), é recomendado para o tratamento de dermatite atópica moderada a grave em pacientes adultos e adolescentes a partir de 12 anos candidatos à terapia sistêmica. "No caso da dermatite atópica, ao inibir a ação da JAK 1, o medicamento modula a ação das substâncias envolvidas no processo inflamatório, interrompendo o ciclo da doença desde o início", diz a imunologista. Medicamentos tópicos, cremes, pomadas de corticoide ou imunossupressor, são indicados nas lesões com inflamação.
A dermatologista Pauline Lyrio diz que hidratação da pele com uso de substâncias emolientes e umectantes é fundamental, pois auxiliará na recuperação da barreira cutânea, como também na prevenção de novos surtos. "Recomendam-se hidratantes com característica hipoalaergênica, sem fragrâncias, nem aditivos e conservantes, 2 vez ao dia, sendo uma dessas aplicações imediatamente após o banho, para evitar evaporação e reter água nas camadas mais superficiais da pele, potencializando o efeito de hidratação".
Para prevenção da doença, recomenda-se manter a hidratação contínua com produtos adequados e identificar e evitar possíveis fatores desencadeantes das crises. "Evitar banhos excessivos, com temperaturas elevadas e duração prolongada; evitar uso de sabonetes agressivos e uso de esponjas durante o banho; evitar superagasalhamento, que pode levar à sudorese excessiva; evitar uso de tecidos que provocam coceira como lã e sintéticos; e evitar contato com pó, pelos, perfumes, produtos químicos e ácaros".
A dermatite atópica é uma doença crônica, não é contagiosa e é passível de se controlar com tratamento e medidas comportamentais. "Ela deve ser desmistificada. O paciente deve ser bem esclarecido quanto a mudanças de hábitos e hidratar bastante a pele a fim de melhorar as lesões agudas e evitar que elas cronifiquem, deixando marcas que podem ser estigmatizantes na pele", finaliza a dermatologista.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta