Ao surgirem pintas ou feridas que não cicatrizam, é importante procurar um especialista. Crédito: Shutterstock
Manchas que coçam, ardem, descamam ou sangram; pintas que mudam de tamanho, forma ou cor e feridas que não cicatrizam em quatro semanas são alguns dos sintomas do câncer de pele. O tumor é responsável por 33% dos diagnósticos de tumores malignos no país, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Por conta dos altos números de diagnósticos, a campanha Dezembro Laranja surge com o propósito de conscientizar sobre os riscos do câncer de pele e ressaltar a importância da prevenção.
Segundo a oncologista Veridiana Pires de Camargo, da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, a exposição excessiva ao sol e radiação ionizante, bronzeamento artificial, pele clara e histórico familiar são alguns dos fatores de risco. “O câncer de pele pode ser dividido em dois grupos: não melanoma, mais comum e com baixo índice de mortalidade; e melanoma, mais raro e preocupante, já que pode desenvolver metástase e se alastrar para outras regiões do corpo rapidamente”, explica.
O clima tropical brasileiro também contribui para o surgimento da doença, já que a influência solar aumenta a incidência da doença. “O câncer de pele é mais comum em áreas de maior exposição ao sol, como cabeça e pescoço, região nasal, orelhas, testa, braços, ombros e costas”, alerta Veridiana Pires.
DIAGNÓSTICO
Ao surgirem pintas ou feridas que não cicatrizam, é importante procurar um especialista. Normalmente, o diagnóstico é feito pelo dermatologista ou cirurgião após os primeiros sintomas.
Para melhor visualização, o médico pode solicitar um exame de imagem ou biópsia, que consiste na retirada de uma parte ou de toda a ferida para análise. A amostra é encaminhada para avaliação de um patologista, que indicará se a lesão é um tumor maligno ou não.
"O tipo melanoma apresenta várias tonalidades de cor, variando entre marrom, cinza, azul e preto, assim como o diâmetro, que possui cerca de 6 mm, diferentemente das lesões benignas, que são menores e possuem coloração marrom escuro”, explica oncologista Veridiana Pires.
O diagnóstico do tipo não melanoma é relativamente simples, sem necessidade de exames complexos e invasivos no primeiro momento, apenas a análise clínica é suficiente para diagnóstico. “Um olho bem treinado é uma excelente arma para orientar a suspeita de câncer de pele nos pacientes”, aponta a médica Veridiana.
"Pequenas lesões tipo “espinhas”, feridas que não cicatrizam por mais de um mês, manchas avermelhadas rugosas, com sangramento fácil, assim como pequenas feridas sobre cicatrizes de antigas queimaduras, são alguns dos sinais da manifestação da doença"
Veridiana Pires de Camargo, oncologista
A oncologista Virgínia Altoé Sessa diz que o câncer de pele não melanoma apresenta altas chances de cura, principalmente se for detectado no início, mas, se não for tratado adequadamente e em tempo hábil, pode deixar sequelas, inclusive mutilações bem agressivas. "É importante estar atento a alguns sinais. Ao notar qualquer anormalidade, como o surgimento de novas pintas ou manchas que não existiam, mudança na coloração ou sangramentos, é importante procurar um dermatologista para uma avaliação. Quanto antes o câncer de pele for detectado, maiores as chances de cura”.
PREVENÇÃO
Quanto mais rápido for diagnosticado, melhor são as probabilidades de remissão, podendo chegar em 90%. A dermatologista Fernanda Porphirio, da Clínica Vanité, recomenda evitar se expor em horários de maior incidência dos raios ultravioleta. "Para praia e piscina, é mais adequado ficar ao sol antes das 10h ou após às 16h. Além disso, tenha em mente que você deve aplicar o protetor solar 30 minutos antes da exposição e reaplicá-lo durante o dia. Se tiver contato com água, sempre passe o produto em seguida. O filtro precisa de um tempo para aderir à pele”.
A oncologista Veridiana Pires de Camargo lembra da importância de utilizar filtro solar com fator de proteção (FPS) 30 ou maior, reaplicando a cada duas horas ou após se molhar ou suar. Também existem exames anuais para prevenção, como o exame dermatológico, realizado pelo dermatologista, que avalia todos os sinais, como pintas de nascença ou outras áreas pigmentadas, bem como a dermatoscopia, feita no consultório, na qual o especialista usa um dermatoscópio, aparelho que amplia as lesões, separa cores e estruturas, sendo possível identificar suspeitas de câncer de pele de uma forma mais precoce e eficiente.
Outra forma de diagnóstico precoce é o mapeamento corporal total e a dermatoscopia digital. “Para pacientes com alto risco de desenvolver câncer de pele, principalmente aqueles com múltiplas pintas e familiares com melanoma, recomenda-se fotografar todo o corpo e cada uma das pintas usando um dermatoscópio acoplado à uma máquina fotográfica digital, sendo imprescindível para identificação de pintas que mudam de cor e formato”.
TRATAMENTO
A oncologista Camila Beatrice Miranda diz que para tipo não melanoma os médicos optam pelas modalidades cirúrgicas. "A radioterapia, a quimioterapia e as medicações orais e tópicas são outras opções de tratamentos em casos mais avançados".
No caso do melanoma, a médica explicou que o tratamento varia conforme a extensão, a agressividade e a localização do tumor, bem como a idade e o estado geral de saúde do paciente. "Podemos lançar mão de além de cirurgia, outros tratamentos podem ser recomendados, isoladamente ou em combinação, para o tratamento dos melanomas avançados, incluindo a quimioterapia, a radioterapia, a terapia alvo e a imunoterapia", diz Camila Beatrice Miranda.
Este vídeo pode te interessar
Se você notou alguma informação incorreta em nosso conteúdo, clique no botão e nos avise, para que possamos corrigi-la o mais rápido o possível