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Publicado em 17 de março de 2023 às 18:11
Ter uma boa alimentação e se exercitar são atitudes essenciais para a saúde do corpo e da mente. Mas, a cada ano, surgem novas pesquisas destacando a importância de um terceiro elemento nesta “fórmula” do bem-estar: o sono. Dormir bem é essencial e a qualidade do sono é um assunto cada vez mais estudado pela ciência.
Dormir bem é essencial para a saúde física, o desempenho cognitivo e o funcionamento diurno. No entanto, ao longo dos anos, essa tem sido uma tarefa cada vez mais difícil para a população mundial. No Brasil, segundo dados coletados por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e UNIFESP, 65% da população relata problemas para dormir, o que pode ter impactos desastrosos na saúde.
“A qualidade de sono é um dos grandes pilares da medicina do estilo de vida. O ideal é dormir consistentemente de sete a oito horas por dia. Fugir desses valores é colocar a saúde em risco. Irritabilidade, dificuldade de concentração e cansaço durante o dia podem ser sinais de que você não está dormindo o bastante ou seu sono não está sendo reparador, mesmo que você tenha a impressão de que dormiu tempo suficiente”, explica a cirurgiã vascular Aline Lamaita.
A médica Jessica Polese, especialista em Medicina de Sono, diz que o sono contribui para um dos fatores intimamente ligados à preservação da saúde mental. “Os distúrbios de sono podem causar vulnerabilidade a infecções virais, desequilíbrio inflamatório oxidativo/antioxidante, além de doenças metabólicas, cardiovasculares e crônicas como diabetes, obesidade, entre outras”, afirma. Quando dormimos, o cérebro fortalece emoções positivas e enfraquece as negativas. "Os problemas psiquiátricos e do sono afetam diretamente o bem-estar e produtividade, sendo grandes os prejuízos individuais e coletivos. Para combater isso e ter uma boa saúde mental, é ideal manter uma higiene do sono”, destaca.
De acordo com o pneumologista Pedro Genta, do Serviço de Medicina do Sono do Hcor, a má qualidade do sono aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. “O sono é o momento de repouso cardiovascular. Dormir menos de seis ou mais de oito horas ou ter um sono de má qualidade favorece o surgimento de hipertensão, diabetes e obesidade, que culminam em infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs)”, alerta.
Para evitar essas complicações, é fundamental saber reconhecer os sinais. “Sono leve e/ou insuficiente, ronco, movimento excessivo, insônia e sonolência diurna indicam que a pessoa não está dormindo bem. Ao perceber esses sintomas, é preciso procurar um médico. Os diagnósticos são baseados nas queixas e hábitos do sono. Para alguns, a polissonografia deve ser usada, como na apneia do sono e distúrbios comportamentais durante o sono”, explica Pedro Genta.
O tratamento varia de acordo com a causa do problema. “Se for apenas comportamental, mudanças simples na rotina costumam resolver. Já para apneia, há indicação de perda de peso, prática de exercício físico e uso de aparelho CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas) ou intraoral. Já para insônia, eventualmente, pode ser necessária medicação por curto período”, esclarece o especialista.
Além das doenças, a quantidade de horas dormidas e a qualidade do sono podem impactar o bom funcionamento do organismo, desde a beleza da pele até o controle do peso. Por isso, veja 5 motivos para melhorar a qualidade do sono.
Controle de peso
Dormir bem é fundamental para manter o peso sob controle. “O papel do sono na saúde metabólica é objeto de estudo há anos. Para muitas pessoas, a quebra do padrão normal do sono resulta invariavelmente em ganho de peso e problemas fisiológicos. Graves perturbações da ordem temporal, bioquímica, fisiológica e dos ritmos comportamentais mexem também com a expressão de alguns genes que regulam nossas vias metabólicas e nossos hormônios. Muitos pacientes que enfrentam mudanças nesse ciclo não conseguem seguir um plano alimentar, têm maior carga de estresse e impulsos alimentares”, diz a médica nutróloga Marcella Garcez.
Interfere na saúde dos rins
As horas mal dormidas podem interferir no bom funcionamento dos rins. “Pesquisas mostram que dormir poucas horas por noite aumenta o risco de perda da função renal. Mulheres que dormem 5 horas ou menos por noite, por exemplo, têm um aumento de 65% de chances de sofrerem rápido declínio das funções renais se comparadas àquelas que dormem 7 ou 8 horas”, explica a médica nefrologista Caroline Reigada. “As evidências sugerem que os distúrbios do sono afetam o desenvolvimento da doença renal, possivelmente como resultado do meio inflamatório e da ativação simpática que ocorrem no leito vascular renal, o que danifica estruturas como a membrana basal glomerular e o aparelho tubular renal, partes anatômicas importantes para a filtração do sangue”, explica a médica.
Aumenta a predisposição a doenças cardiovasculares
A má qualidade do sono aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. "O sono é o momento de repouso cardiovascular. Dormir menos de seis ou mais de oito horas ou ter um sono de má qualidade favorece o surgimento de hipertensão, diabetes e obesidade, que culminam em infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs)", diz o pneumologista Pedro Genta.
Prejudica a pele
Uma boa noite de sono é fundamental para uma pele saudável e bonita. “Durante o sono ocorre um relaxamento muscular, que evita as rugas de expressão pela mímica facial durante o dia, e a liberação de substâncias como o hormônio do crescimento (GH), que é responsável pelo desenvolvimento e renovação celular, inclusive das células de colágeno, que são fundamentais para a firmeza e viço da pele. Uma noite mal dormida, além de diminuir a produção de colágeno, pode aumentar a liberação de hormônios do estresse, como o cortisol, com consequente aumento de radicais livres, oxidação das células da pele e aceleração do processo de envelhecimento cutâneo”, destaca a dermatologista Paola Pomerantzeff.
Reduz a fertilidade
Dormir mal de maneira contínua pode interferir na fertilidade. “O sono é fundamental para o bom funcionamento da hipófise, glândula presente no cérebro que é responsável pela produção de uma série de hormônios, inclusive daqueles responsáveis pela estimulação dos ovários e dos testículos. Logo, quando o período de repouso é curto ou de pouca qualidade, essa glândula não funciona da maneira como deveria, o que, consequentemente, interfere na fertilidade”, diz Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana.
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