A doença ocorre quando o corpo não produz insulina ou não consegue usá-la adequadamente. Crédito: Shutterstock
O diabetes afeta mais de 13 milhões de pessoas, o que representa 6,9% da população nacional, de acordo com informações da Sociedade Brasileira de Diabetes. A doença ocorre quando o corpo não produz insulina ou não consegue usá-la adequadamente. Este hormônio é responsável por controlar a glicose (açúcar) no sangue — que em excesso acarreta hiperglicemia.
A endocrinologista Flávia Tessarolo explica que o valor normal da glicose no sangue é até 99 mg/dl em jejum. "Quando esses valores de glicemia estão acima de 126 em duas ocasiões diferentes, temos o diagnóstico de diabetes. Existem também outros critérios para diagnóstico da doença, como o que considera a medida da glicemia duas horas após uma sobrecarga de 75 gramas de carboidrato, e a hemoglobina glicada, que avalia a média da glicemia dos últimos três meses".
Os principais sintomas da doença são fome e sede em excesso, produção excessiva de urina, o aumento da frequência urinária a noite, a visão turva, o cansaço, a fraqueza e a perda de peso. "Níveis mais baixos de glicose, muitas vezes não provocam sintomas. Por isso, a maioria das pessoas com diabetes tipo 2 (que ocorre na maioria das vezes em adultos, associado ao envelhecimento, sobrepeso, obesidade, sedentarismo, e em quem tem história familiar de diabetes tipo 2) não apresenta sintomas", conta a médica. Sinais na pele também podem indicar a doença.
O número de casos vem crescendo. A boa notícia é que se a doença for diagnosticada cedo, pode ser controlada. E novos tratamentos chegam nos próximos meses.
"O principal benefício do tratamento é evitar complicações crônicas da doença, que podem levar a cegueira, a falência do rim, com necessidade de hemodiálise e ao transplante renal, as amputações de membros inferiores, o infarto, o derrame e a morte. O tratamento adequado também melhora a qualidade de vida e evita as complicações agudas da doença, que são potencialmente fatais"
Flávia Tessarolo
As novidades do tratamento de diabetes
- Insulina Basal Semanal: A insulina semanal, chamada Icodec, é de ação prolongada, com duração semanal. Temos disponíveis no mercado vários tipos de insulina basal, com aplicação 1 vez e até mesmo 2 vezes ao dia, dependendo da insulina. Com a Icodec, o diabético poderá substituir 1 ou 2 injeções diárias de insulina basal, por 1 injeção por semana. Os estudos apontam benefício para o tratamento do diabetes tipo 2.
- Tirzepatida: é o primeiro medicamento de uma nova classe de medicamentos para o tratamento do diabetes: é o chamado coagonista GLP e GIP. Tem esse nome porque atua mimetizando a ação de dois hormônios intestinais: o GLP1 e o GIP, que são liberados pelo intestino na presença de nutrientes e atuam no controle da glicose e na saciedade. Em conjunto, os dois hormônios são potentes em induzir maior saciedade e melhor ação na resistência à insulina, com potência no controle do diabetes tipo 2 e perda de peso. A administração é feita por uma injeção subcutânea uma vez por semana e é indicado somente para diabéticos tipo 2. Já aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA) para tratamento do diabetes tipo 2.
- Free Style Libre 3: O Free Style Libre é um sensor de glicose que mede a glicose do líquido intersticial, ou seja, o líquido entre as células. O sensor é aplicado na parte posterior do braço, tem o tamanho de uma moeda de 1 real, e um filamento que fica na pele. Com ele, o diabético consegue escanear, ou seja, medir a glicose pelo aplicativo de leitura aberto disponível em celulares compatíveis, ou pelo leitor, quantas vezes quiser. Na nova versão, o Free Style Libre 3, o paciente não precisa escanear para fazer a leitura da glicose, pois as medidas são enviadas diretamente para o aplicativo do celular.
- Comprimido do GLP-1: o comprimido de semaglutida (análogo do GLP1) já é uma realidade no mercado mundial e utilizado desde abril no Brasil. O GLP1 é um hormônio produzido pelo nosso intestino, com ação em dois hormônios produzidos pelo pâncreas, importantes para o controle da glicemia. Os análogos do GLP1 são substâncias produzidas pela indústria farmacêutica, que mimetizam a ação do GLP1 endógeno: semaglutida, liraglutida e dulaglutida. Disponíveis há vários anos no mercado mundial, são administrados na forma de injeções subcutâneas, como são as insulinas. A tecnologia permitiu a produção de um comprimido de semaglutida oral, resistente a digestão das enzimas digestivas.
Flávia Tessarolo conta que já dá para vislumbrar a insulina de ação semanal nos próximos anos. "A Icodec é uma insulina de ação semanal, que está em fase de estudos bem avançados. Acredito que, dentro de dois anos, já estará disponível".
Entre os cuidados que a pessoa têm que ter, estão os hábitos de vida saudável, com alimentação adequada, atividade física regular, não fumar e dormir bem. "E ter cuidado com os pés, secando bem entre os dedos após o banho, usar sapatos apropriados e preferir meias de algodão", diz a médica.
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