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Publicado em 4 de fevereiro de 2022 às 13:28
A descoberta de um câncer no olho de Lua, de um ano e três meses, filha dos jornalistas Tiago Leifert e Daiana Garbin, foi um dos assuntos mais comentados na última semana no Brasil.
O diagnóstico de retinoblastoma ocorreu após um estranhamento do pai da criança, responsável por observar que a filha não direcionava o olhar como de costume, semelhante ao estrabismo. Após exames, foi constatado que Lua estava com retinoblastoma, um câncer ocular que tem início na parte de trás dos olhos (em um ou nos dois), com a maior parte dos casos entre crianças de até três anos.
A dificuldade de identificar sintomas reforça a necessidade de os pais e responsáveis procurarem exames de rotina para as crianças, segundo alerta uma médica ouvida por "HZ". Assim como em outras doenças, o diagnóstico precoce é a melhor estratégia para tratar bem e de forma segura o retinoblastoma. Quanto mais cedo for descoberto, menor o risco para a saúde dos pequenos.
Um movimento diferente dos olhos motivou a busca por resposta no caso de Lua, filha do ex-apresentador do "BBB". Mas como saber se o seu filho, sobrinho ou neto apresenta algum sintoma que possa indicar retinoblastoma? O que fazer caso tenha alguma suspeita? Há alguma forma de prevenir a doença? Em casos de doença, como deve ser o tratamento? A criança pode perder a visão em casos como esse?
"HZ" fez uma série de perguntas à oftalmologista Dra. Iara Tavares, que tem formação clínica e cirúrgica, responsável pelos setores de Estrabismo e Oftalmopediatria do Centro Capixaba de Olhos. A especialista detalhou os riscos, a prevenção e o tratamento da doença.
Na avaliação da médica Iara Tavares, casos como o de Lua, filha de pessoas famosas e conhecidas nacionalmente, costumam servir de alerta aos adultos. A divulgação dessas informações incentiva o contato com um médico. A oftalmologista aponta a necessidade de exames nos primeiros 30 dias de vida do bebê.
A médica explica que a maioria dos casos da doença surge de forma "aleatória", sem que haja uma indicação genética. A mutação surpreende os pais e responsáveis. A especialista detalha que ainda não foi apontada uma causa para o surgimento da doença em crianças, mas garante que não há qualquer interferência do fator "ambiente". Ou seja: é possível afirmar que hábitos durante a gravidez da mulher, por exemplo, não estejam ligados ao retinoblastoma.
"Na maioria dos casos, cerca de 70% deles, o retinoblastoma é aleatório. A criança teve uma mutação e o tumor apareceu. Em poucos casos, o surgimento é hereditário, ou do pai ou da mãe, mesmo que eles não tenham manifestado doença. Não se sabe o que causa o retinoblastoma, mas não há interferência do ambiente", afirma.
Essa aleatoriedade pode deixar os pais e responsáveis ainda mais preocupados. Mas o caminho recomendado é o acompanhamento médico durante o crescimento da criança.
A médica explica que, com o passar do tempo, seja natural que o tumor apresente um crescimento, deixando a pupila de um ou dos dois olhos mais esbranquiçada. A melhor forma de identificar se a criança está com retinoblastoma é com exames no período indicado pela médica, mas a observação no cotidiano também pode fazer a diferença.
Foi o caso de Tiago Leifert. Após voltar do Rio de Janeiro, onde ficou por dez dias para gravações na TV Globo, o apresentador reparou diferenças no olho direito de Lua. A filha não fixava o olhar e tinha uma cor diferente na pupila. O casal detalhou o diagnóstico em entrevista ao "Fantástico".
"Peguei a Lua do berço para brincar e vi que ela não olhou no meu olho, ela olhou meio de lado. Ela estava olhando pra mim, mas meio pra lá. comentei com a Dai (esposa do jornalista) que a Lua estava olhando de lado. Imediatamente, a coloquei em frente do espelho e vi seu olhinho direto com um movimento irregular. Dentro da pupila via um reflexo claro, via que tinha algo errado", relatou.
A médica Iara Tavares chama atenção para o estrabismo, que consiste em um olhar desalinhado. Os olhos estão direcionados para locais diferentes ou fora do foco que deveria ser a atenção da criança. Alerta ainda para a cor da pupila.
Um exemplo fácil de notar, segundo a oftalmologista, é a cor vermelha nos olhos após uma fotografia com flash:
O diagnóstico precoce é a melhor estratégia para tratamento da doença. E a forma como o retinoblastoma é tratado depende do tamanho do tumor e do momento em que ele é identificado. Menor o risco para a saúde infantil se os exames forem feitos no período indicado.
O tratamento pode ser feito por uma espécie de terapia, com laser ou até quimioterapia. Há caso ainda em que o olho da criança deva ser retirado.
"O tratamento adequado depende do estágio do tumor. Quando é pequeno, pode ser feito uma terapia, um tratamento com laser ou quimioterapia. Há casos ainda em que é preciso retirar o olho para que não piore a situação, o que infelizmente ainda é muito comum. Tudo depende do diagnóstico", diz.
O risco para a saúde infantil está ligado ao momento do diagnóstico. Um diagnóstico precoce facilita o tratamento e reduz os riscos para a criança. De acordo com Iara Tavares, o retinoblastoma pode causar uma diminuição da visão, mas não é comum que a criança fique sem enxergar, com perda total.
Há possibilidade de a doença, se em estágio avançado, causar metástase, com a formação de um novo tumor em outro órgão. O risco de morte de crianças com retinoblastoma não é descartado, mas a especialista avalia que é pouco comum devido aos avanços da ciência.
Lua é mais uma pequena com retinoblastoma no Brasil. A doença é muito comum entre as crianças menores de cinco anos. Como explicado por Iara Tavares, a mutação provoca o surgimento da doença ainda nos primeiros anos da infância. Casos podem atingir um ou os dois olhos.
Segundo a médica oftalmologista, o tumor é considerado raro. É ainda menos frequente em pessoas acima dos cinco anos de idade. Iara Tavares afirma que a doença não afeta os adultos.
"HZ" procurou a Secretaria de Estado da Saúde para saber se há registros de casos e mortes em decorrência do retinoblastoma entre crianças no Espírito Santo. As perguntas buscavam entender como é o acompanhamento da doença no Estado.
A Sesa não informou a faixa etária das pessoas que morreram, tampouco a doença específica. Veja abaixo os registros, de acordo com os dados preliminares do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM):
A Secretaria da Saúde informou que o Sistema Único de Saúde (SUS) garante a realização do rastreamento visual para detecção de possíveis doenças em todos recém-nascidos das maternidades públicas do Estado. Não há necessidade de solicitação prévia do responsável. O exame é feito por meio de inspeção externa e teste do reflexo vermelho (TRV), sendo registrado o resultado na Caderneta de Saúde da criança.
Caso seja detectada alguma alteração na visão, o paciente deve ser encaminhado ao serviço de referência para esclarecimento do diagnóstico e direcionamento ao tratamento precoce. Já as crianças que apresentam resultados normais no teste do olhinho, é recomendado o acompanhamento e realização do TRV pelo menos duas vezes ao ano nos primeiros três anos de vida.
Os atendimentos oftalmológicos pediátricos ofertados pelo SUS podem ser acessados por meio da Atenção Primária à Saúde, onde o paciente realizará o acompanhamento de rotina e, caso necessário, encaminhado aos serviços especializados por meio de inserção na Autorregulação Formativa Territorial.
Saiba onde são disponibilizadas as consultas no Espírito Santo:
Caso seja necessário intervenção cirúrgica na especialidade de córnea, catarata congênita e glaucoma congênito, o procedimento é feito no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (HUCAM), em Vitória. A Sesa destaca que caso seja identificado a presença de tumores intraoculares, o paciente será encaminhado para tratamento em unidades parceiras e de referência em outros estados.
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