Dificuldade para engolir pode indicar câncer de cabeça e pescoço; entenda

No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 76% dos casos são identificados em estágio avançado, dificultando o tratamento e aumentando o risco de mortes

Vitória
Publicado em 13/07/2022 às 10h10
câncer de cabeça e pescoço

Sensação de algo preso na garganta pode ser um dos sintomas do câncer de cabeça e pescoço. Crédito: Shutterstock

Feridas na boca, no rosto ou no couro cabeludo que não cicatrizam, dificuldade para engolir, sensação de algo preso na garganta. Esses podem ser sintomas de um câncer de cabeça e pescoço, um conjunto de doenças que pode ter até 90% de chances de cura, se forem detectadas precocemente. Porém, no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 76% dos casos são identificados em estágio avançado, dificultando o tratamento e aumentando o risco de mortes. Julho é o mês de conscientização do tumor. 

O cirurgião de cabeça e pescoço Marco Homero de Sá explica que a doença é um grupo de neoplasias que podem se apresentar nessa região do corpo: "Elas se distinguem por não afetarem diretamente o sistema nervoso central, mas uma variedade de tecidos como pele, mucosas e alguns órgãos, como a tireoide". 

São exemplos de tumores de cabeça e pescoço: os da cavidade oral e nasal, da faringe, da laringe, alguns tipos de câncer de pele na região da cabeça e pescoço e os cânceres de tireoide. Esses tipos de cânceres podem ter características e sintomas muito variáveis.

"As (características) gerais incluem o surgimento de nódulos, feridas que não cicatrizam, dor de garganta persistente (que não melhora após algumas semanas e sintomas como alteração na voz), rouquidão ou sensação de algo preso na garganta", diz o médico.

Veja outros sintomas do câncer de cabeça e pescoço

  • Ínguas aumentadas no pescoço também podem ser o sinal de um tumor de cabeça e pescoço em desenvolvimento;

  • Ferimentos na pele, áreas de coceira que não melhoram, pintas que mudam de característica, principalmente pintas pretas;

  • No câncer de boca, o ferimento na região deve cicatrizar num período de três semanas;

  • Alterações na voz ou rouquidão por mais de 15 dias;

  • Os da cavidade nasal podem se manifestar na forma de obstrução dos seios paranasais, infecções crônicas que não respondem ao uso de antibióticos, sangramentos, dor de cabeça, inchaço nos olhos e dores nos dentes superiores.

  • Os tumores de faringe podem apresentar como sinais distintivos dores de ouvido, além de distúrbios como zumbido, no caso do câncer de faringe.

  • As neoplasias das glândulas salivares podem se apresentar com inchaço na parte de baixo da boca, dormência ou paralisia dos músculos da face.

  • Os tumores de tireoide podem apresentar sintoma específico: a presença de nódulo na glândula - que se localiza na região do pescoço.
"O etilismo e o tabagismo são fatores de risco universais para o desenvolvimento de tumores nessa região.
 
O fumo aumenta em até 10 vezes o risco de desenvolvimento de um câncer de laringe, segundo dados do Inca"

"O etilismo e o tabagismo são fatores de risco universais para o desenvolvimento de tumores nessa região. O fumo aumenta em até 10 vezes o risco de desenvolvimento de um câncer de laringe, segundo dados do Inca"

Marco Homero de Sá

TRATAMENTO

O cirurgião de cabeça e pescoço Jeferson Lenzi, da Oncoclínicas ES, também diz que os cânceres que acometem a boca, a cavidade oral, a faringe e a laringe são causados principalmente pelo consumo de tabaco e álcool. E lembra que na faringe, representado principalmente pelas amídalas, a infecção pelo vírus do HPV também é um importante fator de risco. "Má higiene oral, dentes em mal estado de conservação, alimentação inadequada também estão relacionados ao desenvolvimento do câncer de cabeça e pescoço". 

O diagnóstico é realizado a partir dos sintomas, o exame do paciente e uma biópsia, que muitas vezes pode ser realizada com anestesia local no consultório. Exames com ultrassonografia e tomografia podem ser necessários para uma melhor avaliação da extensão da doença.

A base do tratamento desses cânceres é a cirurgia. Nas fases iniciais, somente a cirurgia é suficiente em muitos casos. Já nas fases mais avançadas a cirurgia é associada com radioterapia e quimioterapia

O profissional ressalta que  o tratamento envolve a integração do cirurgião de cabeça e pescoço com outras equipes como dentistas, fonoaudiólogos, psicólogos e nutricionistas. "É importante entender que estamos tratando um indivíduo e não uma doença isoladamente", diz Jeferson Lenzi. 

O diagnóstico precoce é fundamental no tratamento desses tumores. "Por mais que tenha se desenvolvido novas tecnologias,  técnicas cirúrgicas e medicamentos, nenhum desses fatores consegue superar o resultado, em termos de cura, quando ele é comparado com o diagnóstico precoce. A melhor chance de cura de um tumor de cabeça e pescoço, é quando o câncer é detectado precocemente", diz o cirurgião. 

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