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Publicado em 10 de outubro de 2022 às 08:00
Estresse e ansiedade. Chamados de “males do século”, eles podem causar dores em todo o corpo que muitas vezes não são resolvidas nem com medicamentos. Aqueles nódulos musculares que se formam comumente no pescoço, no trapézio e na coluna, e que quase todo mundo já sentiu, são as dores miofasciais.
Ao contrário das dores musculares decorrentes de atividades físicas, que deixam toda a musculatura dolorida, as dores miofasciais são caracterizadas pela presença de pontos-gatilho (os nódulos), que irradiam a dor para outras áreas. Embora ela seja mal localizada, quando o nódulo é pressionado, o paciente costuma perceber uma pontada.
O ortopedista Nilo Neto aponta que outra diferença está no acúmulo de ácido lático. De acordo com ele, apesar de ser comum sua presença tanto nas dores miofasciais quanto nas dores por atividades físicas, o acúmulo é maior e mais difuso nas de esforço devido às lesões nos músculos.
Segundo o reumatologista Luiz Fellipe Favoreto Genelhu, da Unimed, o termo correto é síndrome miofascial, pois ela possui outros sintomas além da dor.
Os médicos explicam que essas dores podem ser causadas por microtraumas nos músculos, causados principalmente por atividades repetitivas. Favoretto aponta a obesidade como um fator que também aumenta a predisposição a esse tipo de quadro.
Contudo, ambos concordam que o estresse e a ansiedade estão entre as maiores causas desse tipo de problema. O reumatologista também cita depressão e distúrbios do sono: “Porque você não entra no sono ren, o sono profundo, e você não tem o relaxamento completo da musculatura. Isso pode ser um fator de risco”.
É preciso tomar cuidado com a evolução dessas dores, pois, caso elas se generalizem, podem levar a um quadro mais grave e de difícil tratamento. Segundo Favoretto, as dores miofasciais costumam ser autolimitadas e de curta duração, mas podem ser o gatilho para a fibromialgia, uma condição crônica.
É importante que a pessoa, que estiver sofrendo com dores como essas, não hesite em procurar um médico para fazer o diagnóstico correto e iniciar o tratamento para que a dor não se torne generalizada.
De acordo com Genelhu, há possibilidade de tratamento com remédios ou terapias, que é o mais indicado. “O medicamentoso, na minha opinião, só funciona quando você tem o não medicamentoso trabalhando junto. O medicamentoso sozinho é muito difícil numa dor mais generalizada”, defende o reumatologista.
Alongamento, massagens, massoterapia, compressas, sprays de relaxamento muscular e acupuntura são alguns dos métodos de tratamento não medicamentoso citados pelos médicos. Já os medicamentosos são feitos com remédios desde analgésicos comuns e anti-inflamatórios até antidepressivos e anticonvulsivantes, usados muitas vezes como moduladores da dor.
“Quando a gente usa antidepressivo, às vezes, a pessoa nem tem sintomas de depressão ou ansiedade. O que acontece com esses pacientes é que a longo prazo eles vão tendo uma alteração da sensibilidade por alguma alteração do sistema nervoso central, e você muda esse gatilho para a dor", destaca Luiz Fellipe.
Nilo defende que o principal é mudar os hábitos de vida do paciente, com psicoterapia, atividade física regular e dieta balanceada. “Isso tudo vai compor uma solução para um problema que não é realmente a dor, mas a causa dela”, conclui o ortopedista.
*João Vitor Castro é aluno do 25º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta. Esta matéria teve orientação do editor de HZ, Erik Oakes
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