O estudo apontou apenas uma relação entre a iluminação noturna e a prevalência das doenças analisadas. Crédito: Shutterstock
Você tem o hábito de dormir com a luz acesa? Saiba que esse hábito está associado a um aumento significativo na incidência de obesidade, pressão alta e diabetes. Segundo um estudo de pesquisadores do departamento de Neurologia da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, publicado na revista científica SLEEP, dormir exposto à luz de qualquer intensidade é suficiente para desencadear esses problemas de saúde.
O trabalho acompanhou 552 idosos, entre 63 e 84 anos. Para medir a iluminação, os participantes utilizaram dispositivos que detectavam a presença de luz no ambiente. Foram consideradas não apenas luzes de lâmpadas, mas também de outras fontes, como aparelhos eletrônicos. Após um período de sete dias, foi observado que pouco menos da metade (255) dormia completamente no escuro, o indicado pelos especialistas.
“Seja do smartphone, deixando a TV ligada durante a noite ou da poluição luminosa em uma grande cidade, vivemos em meio a um número abundante de fontes artificiais de luz que estão disponíveis 24 horas. Os adultos mais velhos já correm maior risco de diabetes e doenças cardiovasculares, então queríamos ver se havia uma diferença nas frequências dessas doenças relacionadas à exposição à luz à noite”, explicou a autora principal da pesquisa e professora da universidade, Minjee Kim, em comunicado.
Os cientistas constataram que a incidência de doenças metabólicas era consideravelmente mais alta entre esse grupo que dormia com alguma luz acesa no quarto, na comparação com os demais. O estudo é observacional, ou seja, apontou apenas uma relação entre a iluminação noturna e a prevalência das doenças analisadas, e não uma causa direta entre os fatores. No entanto, os pesquisadores acreditam que há, sim, alguns motivos biológicos que podem justificar essa ligação.
RELÓGIO CIRCADIANO
A pneumologista Jessica Polese, mestre em Medicina e Biologia do Sono pelo Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal da São Paulo (Unifesp), explica que a luz à noite pode piorar a saúde ao desregular o relógio circadiano, o período de 24 horas em que o relógio biológico interno mantém as atividades e os processos biológicos do corpo como metabolismo, sono e vigília, influenciado pela exposição aos diferentes tipos de luminosidade ao longo do dia.
"A gente entende que a luz é feita para ficarmos acordados e à noite, quando não tem luz, é para dormir. Então, o nosso ritmo circadiano tem essa definição. Toda vez que rompemos ele, quebramos uma parte fisiológica do nosso organismo feita para trabalhar desse jeito, surgindo os distúrbios, os problemas e outras consequências".
A médica conta que a luminosidade pode causar dificuldade em adormecer ou em retomar o sono, já que a pessoa não dorme por conta da luz acesa. "Esses despertares durante a noite podem causar várias consequências, principalmente da parte cardíaca e metabólica. E em relação à pressão alta, é comum para pessoas com muito despertares durante a noite ou que dormem mal".
"Sabemos que os indivíduos que dormem durante o dia e ficam acordados a noite, têm maior tendência de câncer, de doenças cardiovasculares e de obesidade. Esta quebra do ritmo circadiano pode provocar todas estas doenças"
Jessica Polese
RECOMENDAÇÕES
O recomendado é posicionar a cama longe das janelas ou usar persianas que bloqueiem a luz para ter uma boa noite de sono. A médica recomenda diminuir a luminosidade do ambiente desde o anoitecer. "Começou a anoitecer, é hora de você diminuir a luz da casa inteira, colocar focos de luz aonde precisa, afinal é noite e o corpo precisa sentir que está sendo preparado para dormir".
Para o sono, o melhor é que o ambiente esteja 100% escuro. Muita luz no quarto vai atrapalhar. "Televisão, tela de computador, celulares que emitem luminosidade, ou mesmo a luz acesa do parceiro que estiver fazendo uma leitura, podem atrapalhar. É preciso avaliar se as pessoas ficam confortáveis completamente no escuro, porque, às vezes o estresse e o pânico vai ser muito maior do que deixar um foco de luz, mas longe do olho ou do indivíduo", diz Jessica Polese.
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