Dores durante a relação sexual pode trazer problemas até para a relação do casal. Crédito: Shutterstock
Não é de hoje que ouço algumas mulheres reclamarem de dor na relação sexual, algumas ainda falam em “normalidade”. Mas será mesmo que o prazer envolve dor?
Quando mais jovem (na adolescência), lembro de ouvir uma conversa em que uma se queixava de dor na hora do ato sexual e a colega pediu para ela ter paciência pois a dor ia passar. Na época, procurei em livros e revistas sobre a tal dor e a maioria afirmava existir na primeira vez.
Fiquei com isso em mente e confesso: nas minhas primeiras relações sexuais, eu aguardava a tão comum dor. Foi um misto de frustração e alívio por não sentir dor. Porém, com isso bloqueei o prazer.
Muitas mulheres têm convivido com dor durante a relação sexual por anos sem sequer saber o motivo e levam a tal dor como algo normal e de adaptação do órgão genital. Pois bem, se não tem anomalia física, não deveria ter dor, ainda mais em um ambiente de prazer.
Existe uma disfunção sexual chamada vaginismo, que descreve a dificuldade persistente ou recorrente da mulher com agravante de dor na relação sexual, o que dificulta ou impede a entrada do pênis ou dedo e/ou objeto no canal vaginal, apesar do desejo estar presente.
A mulher com vaginismo tensiona a musculatura íntima na hora da relação sexual - em decorrência da disfunção de origem psicológica - e ela acaba tendo uma contração involuntária no canal vaginal, ocasionando muita ou pouca dor.
Muitas mulheres recorrem ao ginecologista, que é o mais indicado na situação inicial. Quando o possível diagnóstico é o vaginismo, ouvem a resposta: "Não tem nada de errado com você, está tudo normal”.
Realmente não tem nada errado, pois a parte física está tudo normal. Porém, existe um fator psicológico que dispara tal tensão para o corpo e o único vestígio é a dor no momento. A partir de então, o próprio ginecologista pode indicar, ou estas mulheres devem procurar, um especialista em sexualidade humana, que pode ser um psicólogo sexólogo, e um fisioterapeuta pélvico.
A origem do vaginismo é variada e único para cada mulher. Não dá para falar com exatidão o gatilho que desencadeia esse bloqueio, mas muitas tem em comum traumas sexuais, abuso sexual ou uma educação sexual muito rígida. Mulheres que tiveram algum trauma físico na vulva, infecções vaginais recorrentes, questões com sua orientação sexual ou ainda rejeição sexual a um parceiro específico, também podem desencadear a disfunção.
Então, tirando as pessoas (fetichistas) que gostam da dor, sentir dor durante a relação sexual nunca é normal. Procure um ginecologista para fazer um check-up e ver se está tudo bem com a região íntima. Se não houver problemas nem indicações de tratamentos, siga para um profissional especializado em sexologia para se obter um diagnóstico seguro e iniciar a terapia.
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